O Banco de Portugal deu um prazo até ao final de Junho para Tomás Correia abandonar a presidência do Montepio Geral, Numa situação negociada entre as partes, depois de conhecidos os resultados preliminares de duas auditorias externas efectuadas por iniciativa do banco central, o governador Carlos Costa aceitou que o ainda presidente possa manter-se na presidência da Associação Mutualista que controla a maioria do capital da Caixa Económica, mas recusou-se a aceitar a permanência no Conselho de Administração do banco.
A Caixa Económica Montepio Geral tema supervisão do Banco de Portugal, mas a associação Mutualista está sob a alçada do Instituto de Seguros de Portugal. O Banco de Portugal libertar-se-ia assim de Tomás Correia, num solução semelhante á encontrada para o Banco Finantia, em que os administradores foram forçados a abandonar a administração executiva, mas puderam manter-se no Conselho Superior
O banco de Portugal recusará também qualquer solução para a administração que lhe seja proposta por Tomás Correia, preferindo gestores independentes e que lhe garantam a correcção dos problemas detectados no Montepio. Essa foi a razão que levou Tomás Correia a recuar com a proposta do nome de Teixeira dos Santos para ocupar a presidência. Embora publicamente, Tomás Correia tenha anunciado que o nome do ex-ministro das Finanças não reuniu o consenso na associação mutualista, o Confidencial sabe que a hipótese Teixeira dos santos foi recusada pelo banco central, pela sua proximidade a Tomás Correia. No Banco de Portugal comentou-se que Teixeira dos Santos estaria para Tomás Correia, no Montepio, como Amílcar Moreia Pires para Ricardo Salgado, no antigo BES.
Certo é que Tomás Correia não estará na disposição de abrir mão do controlo do Montepio, sobretudo numa altura em que os resultados das duas auditorias são já do conhecimento do banco central e em que alguns dos problemas detectados poderão mesmo seguir para os tribunais. O ainda presidente está a jogar com os prazos, e esteve por detrás do adiamento da Assembleia-geral da associação mutualista, que estava agendada para 30 de Abril, mas que se realizará a 26 de Maio, a um mês e quatro dias do final do mandato do governador.
Correia apostaria assim que um novo governador pudesse baixar o grau de intransigência, permitindo-lhe manter o controlo das operações na Caixa Económica, através de alguém da sua confiança.
O resultado das auditorias ao Montepio esteve aliás para ser divulgado a seguir ao Verão do ano passado, mas o rebentar do caso BES levou as autoridades a adiar o problema, evitando minar a confiança no sistema bancário. A decisão de adiar o problema do Montepio foi tomada pelo governador Carlos Costa, mas foi comunicada e teve o beneplácito da ministra das Finanças. Daremos mais pormenores das auditorias na próxima semana.