Primeiro-ministro chinês em ronda sul americana

O primeiro-ministro chinês Li Keqiang está esta semana no Brasil para negociar projectos na área da energia, alimentação e matérias primas. Recorde-se que na última década a China tornou-se o primeiro parceiro económico da América do Sul.

O Presidente Li vai assinar um contrato de compra de 60 aviões da Embraer no valor de 3 mil milhões de dólares. A China firmará também o acordo para construção da Ferrovia Transoceânica, que ligará Santos ao litoral do Peru, assinado esta semana. Os investimentos totais nas várias áreas no Brasil assinados esta semana somam 53 mil milhões de dólares.

“Essa cooperação trilateral [Brasil, China, Peru] para a construção de uma ferrovia transoceânica é um exemplo emblemático e permitirá que se crie um corredor de exportação para os grãos do Centro-Oeste e também para a proteína animal”, disse o subsecretário-geral político do Ministério das Relações Exteriores, embaixador José Alfredo Graça Lima.

A proposta de conectar os oceanos Atlântico e Pacífico por meio de uma linha férrea gera polémica devido ao elevado custo da construção, que passará pela Cordilheira dos Andes, e pelos prejuízos ambientais. Os defensores, no entanto, alegam que o novo trajecto encurtará distâncias, reduzindo o tempo e os gastos com o transporte dos produtos. Segundo Graça Lima, o “complexo” esquema deverá levar de três a quatro anos para ficar pronto.

Entre os anúncios esperados durante a visita está ainda a abertura do mercado da China à carne bovina brasileira, restrito desde o final de 2012, quando foi registado no Brasil um caso atípico do chamado “mal da vaca louca”.

Antes de seguir para o Rio de Janeiro, onde cumprirá agenda até quinta-feira, o primeiro-ministro chinês fará uma visita aos presidentes da Câmara, Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros.

A China é o principal parceiro comercial do Brasil desde 2009. No ano passado, o comércio bilateral alcançou 77,9 mil milhões de dólares, com um excedente de 3,3 mil milhões para o Brasil, segundo números do governo brasileiro.

A visita ao Brasil faz parte de um giro pela América do Sul, que inclui ainda Colômbia, Peru e Chile. O objectivo é firmar o carácter estratégico da América Latina para o país asiático, que pretende elevar seus investimentos na região para 250 mil milhões de dólares (o equivalente ao PIB português) nos próximos dez anos.

 

Índia e China aproximam-se

Na passada segunda-feira o primeiro-ministro indiano Modi foi recebido em Pequim com grande afabilidade e assinou acordos comercias de mais de 20 mil milhões de dólares. A China poderá fornecer energia, tecnologia de auto-estradas e alta velocidade e capital à Índia.

Segundo fontes de Nova Deli, trata-se da primeira aproximação entre as duas mais populosas nações do mundo, desde 1962, quando da guerra sino-indiana pelo controlo de uma região dos Himalaias, em Arunachal Pradesh, conhecida na China como Tibete do Sul. Esta visita enterra o distanciamento entre as duas nações asiáticas.

 

 

CGD reduz quadro de efectivos

A CGD vai avançar com um plano de rescisões voluntárias que abrangerá até 2000 dos seus trabalhadores, soube o CONFIDENCIAL. No ano passado a Caixa tinha 9700 trabalhadores pelo que o plano de rescisões envolverá mais de 20% do quadro de trabalhadores.

Sagres compensa Angola com Iraque

A Sociedade Central de Cervejas e Bebidas (SCC) vai começar a exportar cerveja Sagres para o Iraque, compensando a quebra do mercado angolano, que no ano passado representou 10% do das vendas da empresa. Embora ainda não tenham entrado em vigor, as quotas angolanas aos produtos agroalimentares, incluindo bebidas, deverão limitar as importações anuais de cerveja a 25% dos volumes do ano passado.

Em Angola, a SCC mantém o acordo de licenciamento assinado há dois anos com a Sodiba, empresa de Isabel dos Santos e do seu marido Sindika Dokolo, para a produção local de cerveja Sagres. O projecto, já foi aprovado pela Agência Nacional para o Investimento Privado (ANIP) e implicará a construção de uma nova fábrica que ficará no Bom Jesus, junto a Luanda, num investimento de 149,6 milhões de dólares.

O Plano de Downsizing da Altice para salvar a PT

O plano dos franceses da Altice para a reestruturação da Portugal Telecom passará por uma redução substancial das operações, com a venda da PT Inovação e da PT Sistemas de Inovação, o encerramento das lojas próprias e a contratação, em regime de outsourcing, de alguns serviços. O Confidencial sabe que os franceses estão a negociar com a Reditus e a Accenture o outsourcing dos seus call centers (em substituição da Randstad) e de serviços de BPO (Business Process Outsourcing).

A Altice quer focar o negócio na área das telecomunicações e tem prevista a venda de activos não core, como a PT Sistemas de Informação, a PT Inovação e o Centro de Dados da Covilhã. No retalho, manter-se-ão em operação os agentes e as redes de distirbuição independente, como a da Phone House, mas as lojas próprias serão quase todas encerradas. A rede será reforçada com as agências dos CTT, com quem a Altice fechou uma parceria para o retalho, ainda antes de ter garantido a compra da Portugal Telecom.

Na área dos media, o activo que desperta maior interesse é o portal Sapo, líder destacado da tabela dos sites com maior número de visualizações em Portugal e com presença forte no online em Angola, Cabo Verde, Moçambique e Timor-Leste. O Confidencial sabe que a Cofina já manifestou aos franceses o seu interesse na aquisição do portal, numa operação que terá a oposição do grupo Impresa, de Francisco Pinto Balsemão, que é o maior fornecedor externo de conteúdos para o Sapo. É no portal da PT que estão alojados todos os títulos da Impresa, como o Expresso e as revistas Visão, Caras, Activa e Exame, entre outras.

A compra do Sapo pela Cofina resultaria num mega-grupo digital, combinando os actuais número 1 e 2 do sector, pelo que a operação teria de ser validada pelas autoridades da concorrência, obrigando o grupo que detém os diários Correio da Manhã, Jornal de Negócios, Record e a revista Sábado, entre outras, a ceder ou desactivar alguns dos seus sites actuais.

Ao contrário dos rumores postos a circular, o actual presidente da PT, Armando Almeida, não está ainda afastado da empresa, podendo manter-se numa posição não executiva ou como consultor especial dos novos donos, abrindo o lugar de CEO a alguém com um perfil mais operacional. O Jornal Expresso avançou este fim-de-semana os nomes de três candidatos: o administrador da PT, Pedro Leitão, o ex-administrador da angolana Unitel, Miguel Martins que chegou a ser dado como possível na presidência da NOS, e Manuel Lancastre, que já foi administrador da PT e presidiu á PT Multimedia, entre 2002 e 2003.

Galp e Continente fundem cartões de clientes

A Galp e o Continente estarão a planear fundir os seus cartões de clientes, criando aquele que passará a ser o maior programa de fidelização em Portugal. Os dois cartões já concedem benefícios cruzados aos seus detentores, dando descontos no abastecimento de gasolina aos clientes Continente e vice-versa. No ano assado, Galp e Continente reforçaram a sua parceira com o Plano3, que passou também a englobar descontos nas tarifas de electricidade e gás.

O Confidencial apurou que a Galp descontinuará os seus cartões (Fast Galp, Womens, etc) e que o Cartão Continente passará a gerir toda a fidelização da empresa.

As contas orçamentais do PS

Paulo Trigo Pereira, um dos economistas do ISEG da equipa que preparou o programa macro-económico do PS, garante que o défice de 2015 ficará seguramente acima dos 2,7% anunciados pelo governo no Orçamento de Estado para 2015 e inscrito como valor de referência no cenário do Programa de Estabilidade e Crescimento. O economista fez a contas e garante que o défice ultrapassará mesmo o limite dos 3,0%, mantendo Portugal em procedimento por défices excessivos.

Desvios desfavoráveis de quase 650 milhões de euros nas despesas com pessoal, de 470 milhões com as receitas de impostos e de mais de 570 milhões nas contribuições para a Segurança Social, implicarão um desvio total de 962 milhões no défice, equivalentes a 0,54% do PIB. Assim sendo, o défice de 2015 ficaria nos 3,24%. Isto, apesar da almofada de 217 milhões com a sobre orçamentação dos custos com pessoal dos Fundos e Serviços Autónomos, dos 156 milhões de despesas a menos com pensões e dos 340 milhões com subsídios de desemprego

Miguel Pais do Amaral oferece 325 milhões em cash e pagos à cabeça

 

A proposta de Miguel Pais do Amaral pelos 61% do capital da TAP que vão ser privatizados prevê o pagamento de 325 milhões de euros em cash e num único pagamento à cabeça, batendo do ponto de vista financeiro as propostas concorrentes apresentadas por David Neeleman e por German Efromovich.

O empresário português conta com o apoio de três grandes fundos norte-americanos, com activos sob gestão acima dos 50 mil milhões de dólares, e com a assessoria financeira do JP Morgan. Embora não tenham sido confirmando os nomes dos fundos, o Confidencial sabe que os fundos americanos Apollo Managment, Cerberus e Greybull, assinaram ao cordo de confidencialidade para acesso aos dados que constam do dossier de privatização, o que faz alimentar os rumores de que poderão ser estes os três parceiros de Pais do Amaral.

Frank Lorenzo, o hispano-americano que liderou a Continenal Airlines e que chegou a ser adiantado como principal parceiro de Miguel Pais do Amaral na corrida à TAP, na privatização falhada de há um ano, mantém-se como consultor do projecto, embora com uma posição marginal. Lorenzo sempre defendeu que a TAP seria mais interessante se privatizada a 100% e daí ter reduzido a sua posição como accionista.

A proposta do consórcio Sinergy, liderado pelo colombiano German Efromovch, dono da companhia colombo-brasileira Avianca,, propõe uma injecção de 250 milhões de euros na transportadora portuguesa, dos quais entre 150 a 180 milhões em cash, e o restante realizado através da cedência à TAP de 12 avisões que a Avianca tem disponíveis: seis Airbus A330 para voos de longo curso e seis A320 de médio curso. Os aviões, já foram encomendados serão entregues à Avianca antes do Verão, podendo começar a operar com a TAP até ao final do ano. O consórcio propõe ainda que o quase inactivo aeroporto de Beja passe a funcionar como centro logístico de carga do grupo, em articulação directa com o porto de Sines, transformando-a na sua plataforma de distribuição de mercadorias, de e para a Europa. Se ganhar, Efromovich promete repartir entre 10% e 20% dos dividendos da TAP pelos trabalhadores. Mas, para isso, é necessário que a TAP regresse ao lucros

A proposta de David Neeleman, fundador e antigo dono da companhia americana Jetblue e actual líder da transportadora brasileira Azul, integra ainda o grupo português Barraqueiro, de Humberto Pedrosa e vários fundos e veículos de investimento brasileiros. Avança com um valor total de 350 milhões de euros em cash para a compra de 53 aviões. A renovação e o alargamento da frota permitirão reforçar as ligações entre Portugal, o Brasil e os EUA, que Neeleman quer posicionar como mercado estratégico para a ATP, sobretudo nas rotas para cidades onde a emigração portuguesa é muito forte, como Boston ou Newark. Neeleman reserva para os trabalhadores 10% dos dividendos.

O facto de David Neleman não ter passaporte europeu limitará a sua participação a 49% da TAP, por virtude das limitações impostas pela União Europeia, ficando os restantes 12% nas mãos do parceiro português.

O primeiro-ministro já confirmou que o encaixe financeiro não será a primeira opção na escolha de um comprador para a TAP, dando prioridade à proposta que apresentar a melhor solução de reestruturação financeira e de viabilidade futura da companhia. Na sequência do efeito mediático provocado pela última greve dos pilotos, que o Governo, com a competente ajuda da agência de comunicação de António Cunha Vaz, capitalizou a seu favor, Passos Coelho quer apresentar-se agora como o salvador da transportadora e evitar a bancarrota.

Neste cenário, o principal aspecto a considerar será a capitalização da empresa, até porque o Estado, devido às contingências das autoridades europeias de concorrência, está impedido de fazer qualquer injecção de capital na empresa. O Confidencial sabe que os capitais próprios da TAP são neste momento negativos num valor superior a 500 milhões de euros, o que coloca a empresa em situação de falência técnica. No Fundo de Pensões há um buraco adicional de 200 milhões.

A venda da TAP está entretanto dependente da aceitação, pelos bancos, de que os seus créditos sobre a TAP sejam transferidos para os novos donos. Os principais bancos credores são o Deutsche Bank, BCP, CGD e o angolano BIC.

O passivo, que segundos os documentos apresentados aos candidatos é de 1047 milhões de euros, deverá ser na realidade superior em cerca de 400 milhões. Cerca de metade deste valor é dívida bancária, sendo o restante dívidas a fornecedores e financiamentos em leasing de aviões. O problema é a dívida de curto prazo, que ascende a mais de 500 milhões de euros, o que poderá sufocar qualquer plano de restruturação e relançamento da TAP

O Governo pediu ao presidente da companhia, o brasileiro Fernando Pinto, para reestruturar a dívida e renegociar os prazos de amortização, ainda antes da privatização, fazendo o rollover de uma parte importante dos débitos para prazos superiores a um ano. A transferência da dívida de uma companhia estatal para os novos donos privados fará aumentar o risco, estando neste momento a ser discutida a formatação jurídica para fechar a operação e aumentar os prazos de pagamento, sendo certo que estará excluída à partida a hipótese de uma garantia do Estado.

 

Guerra de lobbies

David Neeleman está a ser assessorado pelo Barclays Bank e pela sociedade de advogados Cuatrecasas Gonçalves Pereira. Na comunicação está Abílio Martins, o ex-homem forte da comunicação da Portugal Telecom, e antigo quadro da agência de comunicação JLM, de João Líbano Monteiro, que assim regressa ao activo.

German Efromovich está a ser apoiado pela Caixa Banco de Investimento, pela consultora 3angle capital e pela Abreu Advogados. Na comunicação está a agência de Paulo Fidalgo, o ex-director de comunicação e marketing do Millennkum bcp, onde chegou pelas mãos de António Cunha Vaz, dono a CVA, uma das maiores agências de comunicação do país, e ele próprio um antigo director de comunicação do BCP.

Miguel Pais do Amaral conta com o JP Morgan e com a agência de comunicação Lift, de Salvador da Cunha

Emirates é o novo sponsor

A Emirates vai passar a ser, a partir de amanhã, o patrocinador principal do Benfica, substituindo a Meo e alargando à equipa principal o acordo assinado por três épocas, no final de Julho do ano passado, com as equipas de formação do clube. O patrocínio da transportadora aérea dos Emiratos Árabes, com sede no Dubai, será publicamente anunciado amanhã. Os valores do contrato, que prevê também que a Emirates passe a dar nome a uma das alas do Estádio da Luz, substituindo a Meo, rondarão os 10 milhões de euros por ano, segundo estimativas de alguns analistas do mercado.

A Emirates tem vindo a apostar no futebol como veículo global de comunicação, Foi patrocinadora do último campeonato do mundo de futebol, que decorreu no Brasil e é o principal sponsor de alguns dos mais importantes clubes europeus, como o Real Madrid, o Paris Saint Germain e o Arsenal.

A Emirates é parceira da companhia aérea angolana TAAG e com o patrocínio ao Benfica capitalizará a sua imagem, não apenas em Portugal, mas também em Angola e nos restantes países lusófonos, onde a Liga portuguesa é atentamente seguida, bem como junto da comunidade emigrante portuguesa espalhada pela Europa, pela América do Norte e Brasil.

Lisboa e Madrid relançam “Corredor Atlântico”

O governo quer relançar o plano de ligação ferroviária dos portos portugueses de Sines, Lisboa, Setúbal, Aveiro e Leixões, à fronteira espanhola, um dossier que estava na gaveta desde a chegada da troika, por falta de financiamento. Lisboa tem tido contactos ao mais alto nível com os governos espanhol e francês para uma candidatura conjunta do chamado Corredor Atlântico aos financiamentos da União Europeia, previstos no Plano Juncker no âmbito do mecanismo “Interligar a Europa”.

Até ao final do mês, Portugal e Espanha vão trabalhar na actualização do projecto, que envolve e Refer, pelo lado português, e as suas homólogas espanholas Adif e francesa RFF. O anúncio formal do relançamento do Corredor Atlântico deverá ocorrer à margem da próxima cimeira luso-espanhola, agendada para Junho

O Corredor Atlântico, originalmente denominado como Corredor de Mercadorias n.º 4, é constituído pelos troços ferroviários, já existentes os a construir, que ligarão, através de Vilar Formoso e Elvas, os portos de Sines, Setúbal, Lisboa, Aveiro e Leixões, e os portos espanhóis de Algeciras e Bilbao, a Irún, na fonteira luso-francesa, via Madrid e Valladolid. Atravessados os Pirinéus, o corredor continuará por Bordéus, Paris, Le Havre e Metz, estando prevista a sua posterior extensão para leste, em direcção à Alemanha,