A ofensiva de Isabel dos Santos na imprensa económica

A empresária angolana Isabel dos Santos vai investir no sector dos media, reforçando a área de conteúdos, em complemento aos seus investimento na área das telecomunicações e da televisão por cabo. Isabel dos Santos controla 70% da operadora de cabo angolana ZAP, onde tem como sócia a NOS, a empresa de telecomunicações portuguesa de que é também accionista de referência, em parceria com o grupo Sonae.

Os projectos de Isabel dos Santos incluem o lançamento das edições da revista Forbes em Portugal, Angola e Moçambique, numa operação que ficará baseada em Lisboa, na sede da ZAP, no Parque das Nações. António Costa, ex-director e administrador do Económico, foi o nome escolhido para liderar a ofensiva de media de Isabel dos Santos, que poderá alargar-se ainda ao lançamento de uma revista mensal, sob licença da Bloomberg/Busines Week, e à compra do Diário Económico e da ETV.

Em paralelo, António Costa mantém em aberto a sua parceria com a TVI, onde vai passar a ser comentador residente de assuntos económicos e liderar uma nova área de eventos e conferências.

Sapo vendido à Impresa

A Altice tem praticamente fechado o acordo para a venda do portal Sapo ao Grupo Impresa, de Francisco Pinto Balsemão, num negócio que além de um pagamento em dinheiro envolve ainda o fornecimento de conteúdos à Portugal Telecom. Com o Sapo, que lidera o mercado online em Portugal, a Impresa passa a ser o número um do digital, batendo a rival Cofina, dona do Correio da Manhã e do Record, e que também era dada como interessada no Sapo.

O Sapo já tinha uma ligação ao Grupo Impresa, que tinha todos os seus títulos, entre os quais os jornais Expresso e as revistas Visão e Caras,  alojados no portal da PT.

Jerónimo Martins compra Clínica de Santo António

A saúde é a nova área de interesse do Grupo Jerónimo Martins, que adquiriu a Clínica de Santo António, na Reboleira. Esta unidade hospitalar esteve praticamente vendida, há dois anos, ao Grupo Espirito Santo Saúde, mas divergências na altura entre os herdeiros do fundador desta unidade hospitalar levaram à não concretização do negócio

Guerra aberta entre os testa-de-ferro de Kopelipa

O novo homem forte dos interesses em Portugal do general angolano Manuel Hélder Vieira Dias Júnior “Kopelipa”, é Bernardo Bairrão, o ex-administrador delegado da Media Capital que chegou a ser dado como Secretário de Estado da Administração Interna, do Governo de Passos Coelho, em Junho de 2011, cargo que nunca chegou a assumir.

A ascensão de Bairrão criou problemas com o antigo testa de ferro português do general, Fiipe Barreiros Cardoso, que reclama como seus alguns dos investimentos realizados em Portugal e Espanha com fundos de Kopelipa.

Bairrão é administrador da gestora de fundos Global Mind e do grupo angolano Zwela, presidido por Álvaro Torre, um fiel de Kopelipa e que lidera um dos maiores grupos de comunicação angolanos, com interesses nas agências Publivision, GoMedia e StreetMedia e na Editora Visão, que edita as revistas Chocolate, People, Carga e nos jornais A Bola Angola e Jornal Popular. Torre e Bairrão estão também na portuguesa Activism/Desafio Global, onde estão em guerra aberta com os sócios portugueses. Na próxima semana detalharemos este tema.

BPI reduz no BFA Angola

O BPI está a negociar a venda de parte da sua posição no BFA Angola à sua accionista e parceira local, a empresária Isabel dos Santos, como forma de reduzir a sua exposição a Angola. O banco liderado por Fernando Ulrich foi directamente afectado pela nova disposição da Comissão Europeia, criada no âmbito do mecanismo único de supervisão bancária, que deixou reconhecer Angola como país com um padrão de supervisão equivalente ao europeu.

Em consequência, o BCE passou a exigir que as instituições que supervisiona, como é o caso do BPI, contabilizem a 10o% o impacto da sua exposição a grandes riscos de unidades a operar nos mercados classificados com fiscalizações distintas da europeia. Até agora, a exposição era contabilizada entre 0 e 20%.

Na avaliação do BPI, para efeitos da nova ponderação de riscos (que afectam directamente os rácios de capital), os activos atribuíveis ao Estado angolano subiram para 3616 milhões de euros e os associados ao Banco Nacional de Angola (BNA) , por efeito de dívida pública angolana, passaram a ser de 1297 milhões de euros.

O regresso de Abílio Martins

Muito comentado o excelente desempenho de Abílio Martins, o ex-homem forte da comunicação da Portugal Telecom, na promoção da proposta de David Neeleman, da companhia brasileira Azul, pela portuguesa TAP. O também antigo quadro da consultora de comunicação JLM, de João Líbano Monteiro (pela mão do qual chegou à PT), teve dois tiros certeiros e seguidos no muito influente Expresso. Primeiro, na semana passada, um perfil laudatório de Neeleman, a toda uma página do caderno de Economia (e com chamada de primeira), co-assinado pelo próprio director executivo do jornal, Pedro Santos Guerreiro; Agora, na edição do último sábado, mais uma página sobre a privatização da TAP, desta vez explicando que os aviões novos que a proposta rival de Gérman Efromovich promete para a transportadora portuguesa, são afinal de um modelo que a Airbus vai deixar de produzir e que estão parados estão a apanhar pó em Espanha.

Maria de Belém Roseira e União das Misericórdias podem ser solução

A Associação Mutualista Montepio Geral está descapitalizada e poderá não ter os 200 milhões de euros necessários para ocorrer ao anunciado aumento de capital da Caixa Económica, de que é o principal accionista. As notícias sobre os problemas do Montepio levaram a uma corrida dos associados, que levantaram os seus fundos e deixaram a Associação Mutualista com liquidez muito abaixo dos níveis normais. O Banco de Portugal não veria com maus olhos uma eventual entrada da União das Misericórdias na Associação Mutualista. Mas também a União das Misericórdias tem neste momento problemas de financiamento, o que poderá inviabilizar a operação.

A entrada em jogo da União das Misericórdias numa solução para o Montepio Geral teve o condão de despertar o interesse de Maria de Belém Roseira. A presidente da União das Misericórdias está a ser empurrada para promover uma lista para a presidência da Associação Mutualista, com força suficiente para travar o actual presidente Tomás Correia. Nesta solução poderia ainda caber Álvaro Dâmaso, que até meados do ano passado foi administrador da Caixa Económica, de onde saiu em ruptura não assumida com Tomás Correia. O antigo presidente da Bolsa de Valores e da CMVM estará na disposição de abdicar de uma candidatura própria, em favor de uma lista forte e de consenso, capaz de derrotar Tomás Correia.

Mexia de pedra e cal

António Mexia está de pedra e cal como CEO da EDP e não tenciona sair antes de terminar o mandato para o qual acaba de ser nomeado, dentro de três anos. Mexia não exclui mesmo a hipótese de fazer ainda mais um mandato, mantendo-se à frente dos destinos do grupo até 2021.

Esta semana circulou o rumor de que António Mexia poderia vir a trocar o seu lugar na EDP pela presidência de um banco privado, apontando-se o BCP e o Santander Totta como destinos mais prováveis. O rastilho que despoletou o rumor foi a entrevista ao Diário Económico, em que Mexia comentava e dava o seu aval a uma possível fusão do BCP com o BPI. A EDP é um dos accionistas de referência do Millennium bcp e terá sempre uma palavra a dizer no destino do banco.

O futuro do Económico

O futuro do Económico mantém-se em aberto. Os problemas de tesouraria estão a criar problemas junto de fornecedores e colaboradores externos e a situação é considerada insustentável. Os bancos credores, com o Novo Banco à cabeça, querem apressar uma solução, evitando uma situação de pré-falência que se agrava todos os dias. Eduardo Stock da Cunha, CEO do Novo Banco, gostaria de ter o dossier Económico resolvido antes da venda do banco a privados e não excluí a hipótese de executar a editora, para depois a vender a potenciais interessados. E há pelo menos duas propostas na mesa.

Para já, Novo Banco e Montepio Geral, outro dos bancos credores, preferem que seja a Ongoing, que detém o Económico, a propor-lhes uma solução. Mas esta tarda em conhecer.

Raul Vaz, que estava de saída do canal de televisão ETV, é agora o novo homem-forte do Económico, acumulando a direcção do jornal e da estação. Vaz segurou o lugar devido à saída de António Costa, ex-administrador e ex-director do jornal, que é agora consultor para os projectos de media da empresária angolana Isabel dos Santos.

A hipótese de integração do Económico no grupo Global Media (ex-Controlinveste) mantém-se, com a bênção do Novo Banco e do Millennium bcp, os dois principais bancos credores da própria Global Media e da Ongoing, a holding através da qual Nuno Vasconcelos controla o universo Económico.

Ao grupo Controlinveste, que detém o Diário de Notícias, o Jornal de Notícias, o diário desportivo O Jogo e a estação rádio TSF, o Económico acrescentaria um jornal diário, um site de economia e negócios e um canal de televisão por cabo.

O CONFIDENCIAL sabe que além de um pagamento em dinheiro, Nuno Vasconcelos ficaria com uma posição accionista no grupo Controlinveste. O problema tem sido o cálculo do valor dos dois grupos, com a Ongoing a avançar com um número para o Económico que a Global Media considera bastante sobrevalorizado. No capital do grupo resultante da fusão, nenhum dos actuais accionistas da Global Media aceitaria ser ultrapassado pela Ongoing, o que limitará a posição desta última a um máximo de 15% do capital.

Millennium e o agora Novo Banco (ex-BES) são também accionistas da Global Media, depois da conversão de parte do passivo, numa operação, fechada no início do ano passado, que abriu o capital a dois novos sócios: o empresário angolano António Mosquito investiu 10,4 milhões de euros para garantir 27,5% do capital, uma posição igual à de Joaquim Oliveira, dono dos canais desportivos de televisão por cabo Sport TV, e até aí o único accionista do grupo; e Luís Montez, o dono de um grupo de estações de rádio e da Música do Coração, uma das maiores promotoras de espectáculos e festivais de música do País, que pagou 5,69 milhões por 15% do capital. Depois da operação, os dois bancos credores ficaram, em partes iguais, com os restantes 30% do capital, reduzindo substancialmente a exposição da sua carteira de crédito à Controlinveste.

A integração do Económico na Controlinveste teria o mesmo efeito, permitindo reduzir a exposição e o risco dos bancos face à Ongoing.

Uma segunda solução para o Económico poderia ser a venda, pura e simples, a um comprador interessado. O CONFIDENCIAL sabe que a empresária angolana Isabel dos Santos fez uma oferta por um valor entre os 5 os 10 milhões de euros, que foi considerada muito baixa pela Ongoing. O interesse de Isabel dos Santos poderia justificar a contratação de António Costa como consultor.

Saraiva abandona direcção do Sol depois das legislativas

Confirmada a saída em do director do semanário Sol, José António Saraiva, que se reforma. Falta apenas decidir o momento, sendo certo que nunca será antes das eleições legislativas de Outubro, nem do anúncio formal do canal de televisão do Sol.

A saída do director e fundador está já a mexer com o equilíbrio de poderes dentro do grupo angolano Newshold, que além do Sol também controla o diário i. Afastada está a hipótese do substituto de Saraiva ser o ex-director do i, Eduardo Oliveira e Silva, entretanto promovido à administração da Newshold, onde passou a fazer de contrapeso a Mário Ramirez, um fiel de José António Saraiva e também ele um dos elementos do núcleo de fundadores do Sol.

A possibilidade de contratação de Luís Delgado, próximo de Pedro Santana Lopes, terá sido posta de parte, por não agradar nem a Miguel Relvas, nem ao próprio primeiro-ministro Pedro Passos Coelho. Embora mantendo o jornal na esfera de influência do PSD, a deriva santanista de Delgado poderia por em causa o alinhamento editorial com o actual governo, no seio do qual o jornal é referido por “Sol Livre”, associando-o ao nome do jornal oficial do PSD (“Povo Livre”).

Luís Osório, director-interino do i, seria outra hipótese, neste caso realinhando politicamente o semanário da esfera do PSD para o PS. Mas tudo dependerá do resultado das próximas legislativas. Em caso de vitória do PS, Osório poderá avançar, mantendo o jornal na órbita do poder. Em caso de vitória da coligação PS/CDS, a solução poderá passar pela contratação de alguém externo. O CONFIDENCIAL sabe que já houve contactos para esse efeito, ainda no final do ano passado, que poderão ser retomados em breve.