Governo admite suspender privatização da TAP

O Ministério da Economia deu 48 horas de prazo aos dois candidatos à compra da TAP para melhorarem as suas propostas, que considera fracas e sem estofo financeiro para resolver os problemas de capital da transportadora portuguesa. No governo, o Plano B passará por adiar mais uma vez a operação, justificando o atraso com providência cautelar hoje conhecida, e avançar com um plano de reestruturação mais agressivo do que o preparado pelo actual presidente Fernando Pinto. Além do cancelamento das encomendas de novos aviões, o plano prevê a redução de rotas e de efectivos.

As propostas lideradas por David Neeleman e Gérman Efromovich ficam abaixo dos 250 milhões em cash, o que manterá a companhia em situação de falência técnica e de grande aperto de tesouraria.

Para já, e até sexta-feira, o governo travou a proposta da actual administração para adiar, por um ano, as entregas dos 12 novos Airbus A350, previstas para 2017 e 2019. O adiamento permitiria a interrupção dos pagamentos à Airbus, aliviando a apertada situação de tesouraria da transportadora, até à entrada dos novos sócios.

O parecer negativo do governo foi justificado com a necessidade de não alterar o plano de negócios da TAP, aprovado no início do ano e entregue aos candidatos à compra da companhia..

Na corrida à compra de 61% do capital a transportadora, e para evitar entraves da União Europeia, Humberto Pedrosa assumiu entretanto 50,1% do consórcio Gateway, onde tem como parceiro o americano David Neeleman. Fica assim salvaguardado que a maioria do consórcio e dos futuros administradores da TAP serão indicados por um sócio europeu, se a Gateway vencer. Os dois candidatos têm até sexta-feira para apresentar as suas propostas finais.

Oi paga factura com rescisões na PT

Uma das razões que tornaram difícil a escolha de um novo presidente executivo para a Portugal Telecom foi o baixo salário oferecido. O CONFIDENCIAL sabe que os 12.500 euros mensais líquidos, durante um período experimental de seis meses, que a Altice, nova dona da PT, está disposta a pagar, é um valor considerado muito baixo para a bitola do mercado. Pedro Leitão, o ex-administrador que terá sido convidado para CEO, optou pelo pacote de rescisão, financeiramente mais interessante.

As rescisões com ex-directores e administradores da PT serão assumidas pelos brasileiros da Oi. A factura poderá chegar aos 1,3 mil milhões de euros, que abaterão ao valor superior a 7 mil milhões que a Altice se comprometeu a pagar pela operadora portuguesa.

Altice já pagou 5,8 mil milhões de euros à Oi concluindo assim o processo de venda. Segundo a Oi, a Altice avançou com 4,9 mil milhões de euros, enquanto os restantes 869 milhões de euros foram direccionados para o pagamento de dívidas da PT Portugal.

Os franceses já passaram à fase II com a implementação do plano de redução de custos, para já, a PT Inovação poderá ser vendida e os centros de dados como o da Covilhã poderão ser concessionados. Em termos efectivos a Altice terá que lidar com o problema dos 12 mil trabalhadores, dos quais 6 mil estão na PT Contact. Nesta linha, essa estrutura é considerada sobre dimensionada para o modelo de negócio que Patrick Drahi quer implementar. Por outro lado, a marca Meo continua a ser líder de mercado obtendo receitas operacionais a rondar os 2,4 mil milhões de euros, menos 4% do que no ano passado.

 

Chineses reforçam linha de financiamento a Angola

Angola está a negociar com Pequim o reforço da linha de financiamento chinês para a reconstrução do País, o que deverá implicar um aumento dos fornecimento de petróleo angolano à China. Neste momento, a China, que mantém uma parceria estratégica com Angola desde 2010, já é o destino de metade da produção petrolífera de Angola.

O presidente angolano José Eduardo dos Santos deverá visitar a China em breve, a convite do homólogo chinês, Xi Jinping, num sinal claro do reforço das relações entre os dois países. Depois das obras públicas, os chineses estão agora interessados em investir nas áreas da agricultura, energia, indústria, minas e na formação de quadros

O financiamento e o investimento em projectos estruturastes nas áreas da e energia, águas e agricultura vão tornar-se prioritários no quadro da parceria estratégica existente entre angolanos e chineses.

Na V Comissão Mista de Cooperação Bilateral, que decorreu na semana passada, em Pequim, ficou decidido que no sector da agricultura, os chineses apoiarão projectos de irrigação, mecanização, produção e a transformação de bens, tendo como meta a aceleração da industrialização do país. A delegação da China manifestou o interesse em instalar, a curto prazo, em Angola, sucursais de alguns bancos de direito chinês. A Comissão concordou também que para dar sustentabilidade aos futuros Pólos de Desenvolvimento Industriais, nas diferentes regiões de Angola, será necessária uma maior aposta nas infra-estruturas, fundamentalmente nas estradas e caminhos-de-ferro, tendo em vista a criação de uma base logística.

Na formação de quadros, uma das apostas da nova etapa de cooperação, estão disponíveis 231 bolsas para angolanos estudarem em universidades do país asiático, número que ultrapassa em 71 vagas a anterior cifra anual. Outro ponto da agenda será a facilitação de vistos.

A Comissão Mista foi criada na sequência da primeira sessão da Comissão Orientadora da Cooperação Económica e Comercial entre Angola e a China que decorreu em Pequim, em Abril.

Em 2014, o comércio entre os dois países alcançou 37,07 mil milhões de dólares norte-americanos, sendo Angola o segundo maior parceiro comercial da China em África, depois da África do Sul.

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Quanto vale Isabel dos Santos?

A empresária angolana Isabel dos santos é a 7.ª maior fortuna de África, com um património total líquido avaliado em 3,8 mil milhões de dólares, segundo o último New World Wealth (http://www.nw-wealth.com), que elabora o ranking dos bilionários globais. A filha do presidente José Eduardo dos Santos é a mulher mais rica do continente e está na lista das 500 maiores fortunas do planeta.

Isabel dos Santos tem interesses diversificados, através de uma intricada rede de holdings, nos sectores da banca, energia, hotelaria, telecomunicações, indústria, imobiliário e media.

Em Portugal, é accionista de referência dos bancos BPI (20%) e BIC, da petrolífera Galp Energia, da empresa de telecomunicações NOS, onde tem como parceiro Belmiro de Azevedo, e acaba de acordar a compra da maioria do grupo industrial e energético Efacec, por um valor que fontes do mercado estimam entre os 200 e os 300 milhões de dólares.

Em Angola, Isabel dos Santos está presente na hotelaria, petróleo, diamantes, bancos e telecomunicações. A Unitel é um dos maiores operadores privados de telecomunicações móveis de África, com presença em Angola, Cabo Verde e São Tomé, através da holding de controlo Africatel, uma joint-venture entre a portuguesa PT (com 75%) e a Samba Luxco, que detém os restantes 25% da Africatel. Deverá em breve tornar-se um player com oferta global, integrando ao negócio de televisão por cabo, depois da absorção da ZAP, uma joint-venture com a portuguesa ZON. A integração das duas operações só será possível, no entanto, depois dos brasileiros da Oi venderem a posição de 25% que a Portugal Telecom, principal rival da NOS, ainda tem na Unitel. Isabel dos Santos é ainda uma das accionistas da Ciminvest, juntamente com o seu marido Sindika Dokolo, que controla a cimenteira Nova Cimangola .  Detém ainda a licença de produção local da marca de cervejas Sagres, ao abrigo de um acordo de licenciamento com a portuguesa Sociedade Central de Cervejas e Bebidas (grupo Heineken), que deverá arrancar em breve numa nova unidade construída de raiz. E prepara o lançamento de uma rede de hipermercados com insígnia própria, depois de fracassada a parceria com a rede Continente, do grupo Sonae.

A estratégia da empresária angolana passa assim pelo investimento em sectores directamente impactados pelo desenvolvimento económico de Angola e pelo aparecimento de uma nova classe média com elevado poder de compra. Sempre em sectores regulados e de bens não transaccionáveis e, portanto, não sujeitos à concorrência exterior.

No final de 2013, segundo a NNM, Angola tinha cerca de 6400 bilionários com patrimónios superiores a 1 milhão de dólares, com uma riqueza combinada de 20 mil milhões, o correspondente a 45% da riqueza individual total do país. Angola é um dos mercados onde a riqueza mais cresce, em todos o mundo, com o número de bilionários a aumentar 68% desde 2007 e a quase quadruplicar desde o início do século.

 

As dez maiores fortunas africanas de acordo com a NWW:

  1. Akio Dangote (Nigéria), cimentos e refinarias de petróleo, $23,8 biliões (26º no ranking mundial)
  2. Johann Rupert e família (África do Sul), artigos de luxo, $7,0 bis, (173)
  3. Nick Oppenheimer e família (África do Sul), minas e venda de diamantes, $6,7 bis (205)
  4. Nassef Sawiris (Egipto), construção, $6,1 bis (240)
  5. Mike Adenuga (Nigéria), telecomunicações e petróleo, $5,3 bis (285)
  6. Christo Wiese (África do Sul), grande distribuição, $3,8 bis (421)
  7. Isabel dos Santos (Angola), telecom, banca. indústria, energia, imobiliário, 3,7 bis (449)
  8. Mohamed Mansour (Egipto), máquinas e equipamentos de construção, 3,1 bis (560)
  9. Isaac Rebrab (Argélia), alimentação,$2,8 bis (649)
  10. Patrice Motsepe (África do Sul), minas, $2,7 bis (746)

Portugal e Angola retomam cooperação militar

A marinha portuguesa apresentou uma proposta de 180 milhões de euros para a construção e reparação de navios para a armada angolana. O Arsenal do Alfeite propôs a construção de 4 lanchas de fiscalização costeira, de dois navios de patrulha costeira e de uma doca flutuante de manutenção, num prazo de seis anos.

O ministro angolano da Defesa, João Lourenço, entende que a conjuntura regional leva as autoridades angolanas a prestar uma atenção especial à segurança marítima no patrulhamento das suas águas territoriais e da sua Zona Económica Exclusiva, no combate à pirataria, emigração ilegal e ao terrorismo. A segurança do Atlântico Sul, nomeadamente do Golfo da Guiné, importante rota marítima internacional, está igualmente na agenda das prioridades das autoridades angolanas.

Esta semana, o ministro português da Defesa, Aguiar Branco, foi a Luanda negociar com o seu homólogo angolano, o novo quadro das relações bilaterais no domínio da Defesa, onde a formação de militares e marinheiros angolanos pelas forças armadas portuguesas vai voltar a assumir um papel especial.

Regeneração via confronto Cavaco-Sócrates derrotado na Magistratura e na Inteligence

A linha que, no seio dos serviços de informação e da Magistratura do Ministério Público e Judicial, defendia que, através do confronto entre Cavaco Silva e José Sócrates, era possível regenerar o Regime e evitar uma deriva populista e nacionalista em Portugal, e que tinha, de algum modo, sido protagonizada pela nova Procuradora Geral da República, Joana Marques Vidal, parece definitivamente ter perdido força e terá sido completamente afastada.

Este confronto basicamente traduziu-se no acentuar da pressão sobre o Partido Socialista e sobre a ala cavaquista do PSD e consubstanciou–se nas investigações do Ministério Público a José Sócrates e outros socialistas, que levaram à prisão de algumas figuras ligadas ao antigo primeiro-ministro e ao carreamento de provas no sentido de o responsabilizar por um alegado enriquecimento ilegítimo.

Esta investigação, a ser continuada, poderia evoluir para ex-governantes beneficiários da ajudas de José Sócrates, como Pedro Silva Pereira ou Luís Amado, a par do envolvimento alegado de ex-responsáveis pelas Obras Públicas e pelas Parcerias Público-Privadas no último governo socialista, ou para a área do financiamento do Partido Socialista, incomodando eventualmente antigos responsáveis da Galp, ou as cooperativas da zona de Santarém e conhecidos homens do aparelho, como Jorge Coelho.

Do lado cavaquista, a pressão seria exercida sobretudo sobre o caso BPN, acelerando alguns julgamentos, mas sobretudo, envolvendo figuras protegidas por grupos de interesses, como Dias Loureiro ou ligados à inteligence. A evolução na área do SEF e nos Registos fez parte dessa ofensiva que deveria evoluir no sentido de atacar directamente o Presidente da República, com a venda das acções ao BPN, e o primeiro-ministro Passos Coelho relativamente ao seu percurso profissional nos anos antes de assumir a liderança do PSD. O ataque a Passos Coelho era instrumental nesta briga e visaria sobretudo desgastar o Presidente da República.

Mas esta estratégia parece agora definitivamente afastada. Os processos iniciados seguirão o seu curso dentro da normalidade sem outro envolvimento político, podendo mesmo virem a prescrever ou serem arquivados.

A razão do abandono desta tese tem que ver principalmente com três factos:

(1) O ataque a José Sócrates efectivamente não destruiu o Partido Socialista, como aconteceu no resto da Europa, repetindo em Portugal, com o PS, o mesmo que aconteceu com o PCP; isto demonstra a resiliência do nosso sistema partidário e, por outro lado, o conservadorismo do voto fiel dos partidos políticos;

(2) O neo-populismo, pilotado por alguns sectores militares, de Marinho Pinto, não vingou e pode mesmo vir a ter um resultado miserável nas legislativas; e

(3) O descrédito acentuado do Presidente da República, que se tornou irrelevante em qualquer solução futura.

Como é que as coisas evoluirão agora do ponto de vista dos processos? Vamos ter provavelmente um Verão ainda quente, pois a conflitualidade judicial não pode acabar de um momento para o outro, mas os visados serão sobretudo figuras menores, como por exemplo Marco António Costa (vice-presidente do PSD, envolvido no alegado caso dos favores na Câmara Municipal de Gaia), ou José Luís Arnaut e António Pires de Lima (eventualmente no alegado caso de inside trading no caso BES), ou ainda João Rebelo (no alegado caso das contrapartidas na compra dos carros de combate Pandur), Duarte Lima (com a extradição para o Brasil) ou os casos financeiros sem envolvente política (como o BPP e BPN).

Casos como estes (que indicamos a título de exemplo) agitarão por exemplo alguns sectores e interesses tradicionais em Lisboa ou do Norte, ligados a Rui Rio, ou áreas do PSD, e do barrosismo, mas dificilmente terão efeito na vida político-partidária e económica do País.

Na banca, em particular, espera-se um Verão quente, com figuras com nenhuma relevância política, como os ex-administradores do BPN ou da Finantia. Quanto a Ricardo Salgado e à restante administração do BES, o processo fica a depender da privatização e das suas dificuldades, mas também da evolução que o processo tiver no Luxemburgo e na Suíça.

Na área do PS, ainda que se admita que José Sócrates possa sair da prisão ainda antes do Verão (prejudicando António Costa), já ninguém é peremptório a afirmar que o antigo primeiro-ministro ficará 20 anos na cadeia e não sairá mais, embora aparentemente um moroso processo judicial o afaste de qualquer possibilidade de regresso à política na próxima década.

 

Luanda acolhe Conferência sobre segurança marítima e energética

Luanda vai acolher, em Outubro, a Conferência Internacional sobre segurança marítima e energética no Golfo da Guiné, proposta pelos EUA para analisar actual situação da região e as perspectivas da sua inserção na economia global. Angola é a segunda maior produtora de petróleo da região e já presidiu à Comissão do Golfo da Guiné (CGG), organização que vela pela promoção da paz, segurança e bem-estar económico, social e ambiental do bloco de países situados na reentrância da costa ocidental de África banhada pelo oceano Atlântico.

Pedro Guerreiro troca Expresso por Global Media?

Pedro Santos Guerreiro, director-executivo do Expresso, está cada vez mais isolado na redacção do semanário de Pinto Balsemão. Contratado ao Jornal de Negócios, onde era director, para lançar o projecto do Expresso Diário, PSG não terá conseguido mobilizar a redacção para o projecto. Os maus resultados obtidos, com uma taxa de conversão de leitores do papel para o online de apenas 1 para 5, não terão ajudado, face ao enorme sucesso do Observador. O Expresso Diário copiou entretanto a receita do rival, assumindo-se como gratuito e passando enviar aos seus leitores uma newsletter matinal, que até no estilo gráfico é igual à do Observador. O desalento de Pedro Santos Guerreiro, que com a passagem do Jornal de Negócios para o Expresso ganhou em poder o que perdeu em protagonismo mediático, poderá acabar em breve. O director executivo do jornal é muito apreciado no mercado e tem sido falado para engrossar as fileiras da Global Media, onde poderia liderar os novos projectos ou dirigir o Diário Económico e a ETV, caso Proença de Carvalho, o presidente do grupo e um admirador confesso de PSG, consiga fechar a compra ao grupo Ongoing.

Pedro Reis administrador do BCP

Pedro Reis, que no início do ano passado trocou a presidência da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), pelo cargo de assessor de administração do Millennium bcp, deverá subir a administrador do banco, dentro de dois anos, quando o actual Conselho terminar o seu mandato. Apesar da sua vasta experiência política e empresarial, Reis não tinha currículo no sector bancário, não cumprindo portanto os requisitos para entrar directamente da administração. Os três anos como assessor do Conselho garantirão a subida, já em 2016.

Balsemão ameaça Sapo

A Impresa pode retirar todos os seus títulos do SAPO, se a Altice vender o portal de notícias a um grupo concorrente. A hipótese de venda do SAPO ao grupo que detém a SIC, o Expresso, Caras, Visão e, Exame, entre outros títulos, era dada como certa, na semana passada, mas parece ter perdido gás desde o fim-de-semana