Altice não despede até às legislativas

A Altice tem um compromisso com o Governo para não fazer despedimentos na Portugal Telecom, até às eleições legislativas, soube o CONFIDENCIAL. O acordo confidencial exclui as rescisões amigáveis, a não renovação de contratados e estagiários e os colaboradores em regime de outsourcing.

Caso a coligação não vença as eleições, a Altice ficará automaticamente liberta do compromisso, podendo avançar com o emagrecimento da PT.

Entretanto, a Altice já começou a enviar cartas aos seus fornecedores, a suspender pagamentos pelo prazo de 60 dias, durante os quais o grupo francês pretende analisar e renegociar as condições e os preços. A PT está a propor cortes de até 30%, com o objectivo de conseguir uma redução média da ordem dos 20 a 25%. Entre os principais afectados estão os grupo de media, e em particular a Impresa, que tem oito canais de cabo no Meo e todos os seus títulos alojados no portal Sapo.

O que o “Relatório dos Cinco Presidentes” significa para o futuro do euro?

O chamado “Relatório dos Cinco Presidentes”, de autoria de Jean-Claude Juncker, Donald Tusk, Jeroen Dijsselbloem, Mario Draghi, e Martin Schulz, foi publicado em 22 de junho, delineando planos para o fortalecimento da União Económica e Monetária (UEM). Embora algumas das propostas combinem ambição com realismo, outras são demasiado vagas, e existem áreas, tais como o futuro papel do BCE, que merecem melhor atenção. Existe ainda o risco de alguns países da UE não terem apetite por mais mudanças na governança europeia e das propostas poderem ser entendidas como um desafio ao Reino Unido.

Desde que a crise grega entrou em erupção pela primeira vez, no Outono de 2009, a UE pôs em marcha uma série de novos mecanismos de governação, destinados a tornar a UEM mais eficaz e mais resiliente. No entanto, de comum acordo, nada mais foi feito. As últimas propostas vêm agora na forma do chamado “Relatório dos Cinco Presidentes”, divulgado a 22 de Junho.

O relatório contém planos actualizados para completar a UEM da Europa em três etapas, até 2025, e tem por objectivo lidar com muitas das falhas expostas pela crise no projecto original da UEM. Segue o “Relatório dos Quatro Presidentes” sobre a realização da UEM, publicado em 2012. Os quatro presidentes eram os do Conselho Europeu, da Comissão Europeia, do Banco Central Europeu e do Eurogrupo –  órgão que reúne os ministros das Finanças dos países da Zona Euro. Desta vez, Martin Schulz, presidente do Parlamento Europeu, aparece também no rosto do documento.

Embora tais planos tenham sido, de um modo geral, bem recebidos pelo Reino Unido, que deseja ver a restauração da estabilidade através do Canal da Mancha, as propostas também são uma fonte de alguma ansiedade. Um dos temas na agenda da renegociação do Reino Unido é ter a certeza de que as novas medidas acordadas pelo Zona Euro não colocam o país em desvantagem. Algumas delas podem não ter a visibilidade dos debates em torno da imigração e dos seus benefícios, mas poderiam ser potencialmente mais perturbadoras, e talvez até mesmo mais ameaçadoras, para os interesses do Reino Unido, como é o caso da perspectiva de regulamentações financeiras hostil para a cidade de Londres (e o seu estatuto de offshore).

O Relatório de 2012, dos quatro presidentes, propôs uma maior integração em quatro áreas principais:

(1) União bancária;

(2) Integração mais estreita das políticas orçamentais, incluindo uma possível capacidade orçamental adicional a nível da Zona Euro e a criação de um instrumento de dívida comum (uma forma limitada de Eurobond, os chamados Eurobills);

(3) Uma melhor coordenação da política fiscal em alternativa a outras políticas económicas;

(4) Um reforço da legitimação e da responsabilidade democrática – potencialmente provocando pelo menos mais um grau de união política (recorde-se que para haver mais federalismo fiscal é necessário, de acordo com o Tribunal Constitucional alemão, um aprofundamento democrático da União Europeia).

No final, apenas houve progresso na dimensão da união bancária, com a criação de uma nova estrutura para a supervisão prudencial dos bancos (o mecanismo único de supervisão, com o Banco Central Europeu no cimo de uma rede de supervisores nacionais), e com uma abordagem comum à resolução de bancos falidos (o mecanismo único de resolução, ensaiado pela primeira vez no BES). Alguns dos Estados-membros fora da Zona Euro concordaram em participar voluntariamente nestas iniciativas, embora não seja nenhuma surpresa que o Reino Unido não tenha entrado.

As mesmas grandes propostas aparecem no novo relatório, mas algumas das componentes mais controversas foram retiradas ou esbatidas. Não há qualquer menção de novas capacidades fiscais (federalismo fiscal), nem a mutualização da dívida. Em vez disso, há uma proposta vaga para criar uma “função de estabilização fiscal”, cujos detalhes serão trabalhados por um grupo de peritos, a ser criado no tempo devido. Os princípios para a estabilização fiscal incluirão um quadro fiscal que penaliza as transferências transfronteiriças permanentes – claramente destinado a acalmar as preocupações dos países credores –, bem como assegurar o cumprimento das regras orçamentais da UE e comum (NB: não só Zona Euro). A discussão também deixa claro que as novas disposições não devem ser utilizadas para a gestão de crises.

Duas das novas propostas destinam-se a completar União Bancária. O primeiro desenvolvimento propõe estabelecer um esquema de seguro de depósito comum para complementar as protecções oferecidas aos depositantes por agências nacionais. Esta foi uma das ideias originais para a União Bancária, que não conseguiu reunir apoio suficiente depois de 2012, em razão do risco moral de alguns países devedores se aproveitarem dos países com excedentes. A nova proposta sugere fazer um regime comum na forma de um resseguro para o seguro nacional dos depósitos, fornecendo financiamento quando o sistema nacional estiver com problemas, ao contrário da criação de uma estrutura supranacional abrangente, vindo os contributos do sector bancário, em vez do sector Estado, o que é uma solução de compromisso razoável e que deve tornar mais fácil a sua aprovação.

O segundo desenvolvimento será o que é chamado de “mecanismo de financiamento ponte” para ultrapassar as barreiras do fundo de resolução único, já acordado no final de 2013. Os críticos queixaram-se que o fundo de resolução é muito arriscado, por ser muito pequeno e muito lento na sua construção final (levaria dez anos e, portanto, não estaria plenamente operacional antes de 2025). Há uma lógica clara para disponibilizar o mais rapidamente possível o dinheiro, dada a precariedade contínua de muitos bancos europeus.

Se ambas as propostas avançarem, o resultado será um sistema bancário da Zona Euro mais integrado e flexível e seria o percorrer um longo caminho no sentido de quebrar o “doom-loop” que os problemas no sector bancário causam às finanças públicas (pense-se na Irlanda, Espanha e Chipre), ou problemas que as finanças públicas causaram na fragilidade bancária (Grécia). Mas o acordo será difícil de alcançar, pelas mesmas razões anteriores, ou seja, os países credores terão medo de serem colocados em risco, mesmo que o plano seja, em última análise, financiado pelo sector financeiro, em vez de o ser pelos contribuintes. Normalizar o mercado de empréstimos bancários é, no entanto, vital para o crescimento económico e para reduzir os níveis perigosamente elevados de desemprego em muitos Estados-membros.

O relatório também enfatiza a importância do Mercado de Capitais da União, que está no topo da agenda do comissário europeu do Reino Unido, Lord Hill. Noutras áreas monetárias integradas, como na do dólar norte-americano, os fluxos financeiros privados mitigam muitas das consequências de um choque assimétrico, que afecta apenas certas regiões, mas os fluxos transfronteiriços deste tipo têm sido mais limitados na Zona Euro, inibindo um importante mecanismo de ajuste. Não sendo varinha mágica, um desenvolvimento dos mercados de capitais europeus deverá, a prazo, complementar outros mecanismos.

Em matéria de política fiscal, os cinco presidentes são mais prudentes do que o relatório de 2012. Reiteram a importância da disciplina orçamental – referindo-se a «políticas orçamentais responsáveis». Além da nova abordagem sugerida para a estabilização fiscal, propõem a criação de um Conselho Fiscal Europeu, que actuará como uma verificação independente sobre a condução da política orçamental. Muitos países, como Portugal, já criaram os seus próprios Conselhos das Finanças Públicas (equivalente do Reino Unido é o Instituto de Responsabilidade do Orçamento – OBR), duplicando as funções do Tribunal de Contas, de tradição francesa, mas eles diferem no seu alcance e influência. Ao OBR inglês ou ao CFP português, por exemplo, foi dada a responsabilidade de verificar as previsões oficiais, bem como a de analisar os planos orçamentais do governo.

Os cinco presidentes advogam que este novo Conselho se justifica, pois irá “levar a um melhor cumprimento das regras orçamentais comuns e resultará numa coordenação mais forte das políticas orçamentais nacionais”, já enquadradas no semestre europeu. Porém, não chega dizer que ele facilitaria a definição de uma política orçamental comum da Zona Euro; um estímulo fiscal colectivo pode ser necessário, hoje, para impulsionar o crescimento económico. E isso, argumentam alguns, não pode ser alcançado enquanto as decisões sobre as posições fiscais estiverem a cargo das autoridades nacionais. O consequente perigo é que as ideias dos cinco presidentes sejam vistas (justamente ou não, mas é muitas vezes a percepção que importa e não tanto a intenção) como uma proposta fora da narrativa de austeridade em vigor. Aliás, quando recentemente estivemos em Bruxelas, um assessor do vice-presidente indicou exactamente esse sinal de flexibilidade.

Há também um indício de que o novo Conselho Fiscal da UE deveria contribuir para um “debate público informado”. Isso seria bem-vindo, mas a nova direcção terá de demonstrar a sua independência, nomeadamente, em relação à Comissão Europeia, se quiser tornar-se uma voz distinta e credível.

Duas outras inovações institucionais discutidas são um movimento em direcção à representação da Zona Euro comum nas instâncias externas, como no Fundo Monetário Internacional, e, mais uma vez, a tentativa de concretização de um Tesouro da Zona Euro. Este último objectivo, altamente controverso, apesar de os cinco presidentes afirmarem firmemente que as decisões fiscais e sobre os encargos iriam continuar a ser tomadas a nível do Estado-membro. Uma possível implicação de um novo Tesouro é a necessidade de nomear um ministro das Finanças da Zona Euro, mas esta não é examinada no relatório.

Ao longo dos últimos anos, o Banco Central Europeu tem expandido enormemente o seu papel de governança, não só nas competências formais associadas à união bancária, mas também, por exemplo, sendo uma das três instituições da Troika, supervisionando o ajustamento macroeconómico dos programas nos países intervencionados. Porém, o tema das competências do BCE não é abordado no relatório de 2015.

Um dos principais desafios para completar a união monetária será obter apoio público para o que muitas vezes são medidas politicamente difíceis. As propostas dos cinco presidentes em torno da legitimação e da accountability são semelhantes às estabelecidas em 2012, referindo-se ao papel dos parlamentos nacionais e do Parlamento Europeu. A falta de progressos sobre esta componente de uma UEM mais próxima dos cidadãos é, em si, uma fonte de consternação em várias capitais nacionais, embora os cinco presidentes notem que o direito (já acordado) de chamar os comissários europeus aos parlamentos nacionais deve ser usado mais frequentemente.

Vale a pena lembrar que todas estas propostas serão adicionadas ao conjunto de mudanças de governança já introduzidas desde 2010. O pacto orçamental estabeleceu, apesar do veto de David Cameron em 2011, outras reformas que estabeleceram um sistema mais rigoroso de acompanhamento e coordenação das políticas orçamentais nacionais, enquanto as inovações de governação complementares foram concebidas para reduzir os desequilíbrios macroeconómicos prejudiciais, como a criação do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), um fundo permanente para ajudar países que enfrentam problemas em financiar os seus empréstimos, e um acompanhamento anual mais sistemático da política económica nacional através do processo de “semestre”. Muitas destas novas disposições foram introduzidas fora dos tratados europeus, por exemplo, por meio de novos tratados, como o Acordo sobre a Resolução dos Bancos, o Pacto Orçamental ou o Tratado sobre o Mecanismo Europeu de Estabilidade. Uma outra sugestão apresentada pelos cinco presidentes é a de integrar alguns destes tratados no quadro jurídico da UE, algo que poderia muito bem ser visto como provocatório para o Reino Unido, se não for tratado com cuidado.

Para muitos governos nacionais, a vontade de mais mudanças é limitada, e isso pode fazer com que alguns não aceitem reformas mais amplas. Insiders em Bruxelas parecem estar de acordo, no entanto, de que esta poderia ser a última oportunidade de estabelecer um sistema duradouro para a governação do euro. Mas os cinco presidentes em 2015 são menos ambiciosos do que os quatro em 2012 e esta é provavelmente uma sábia herança de Barroso: baixar as expectativas e não prometer de mais, para não criar maiores adversidades.

 

Comissão tem plano para tributação mais equitativa e eficaz das empresas

A Comissão apresentou, a 17 de Junho, um plano de acção para realizar uma reforma fundamental da tributação das empresas na União Europeia. O plano estabelece um conjunto de iniciativas destinadas a combater a evasão fiscal, assegurar receitas sustentáveis e reforçar o mercado único para as empresas. Globalmente, estas medidas melhorarão de forma significativa o enquadramento fiscal das empresas na UE, tornando-o mais equitativo, mais eficaz e mais favorável ao crescimento.

As acções-chave incluem uma estratégia para relançar uma matéria colectável comum consolidada do imposto sobre as sociedades (MCCCIS) e um quadro para garantir uma tributação eficaz quando sejam gerados lucros. A Comissão publicou também uma primeira lista de jurisdições fiscais não cooperantes em países terceiros e avançará com uma consulta pública para avaliar a necessidade de as empresas terem de divulgar publicamente certas informações fiscais.

O plano assenta no princípio fundamental de que todas as empresas – grandes ou pequenas, locais ou globais – têm de pagar uma parte equitativa de impostos no local onde exercem a sua actividade económica real e onde realizam efectivamente os seus lucros. São as bases para uma nova abordagem da tributação das empresas na UE, na qual se deverão agora inspirar os Estados-membros.

As regras de tributação das empresas na UE em vigor encontram-se desajustadas da economia actual. Certas empresas procuram explorar a falta de coordenação entre as medidas nacionais para escapar à tributação. Esta situação gera perdas significativas de receitas para os Estados-membros, uma maior carga fiscal para os cidadãos e distorções concorrenciais para as empresas que pagam a sua parte de impostos.

Para corrigir esta situação, o plano de acção define uma nova abordagem da UE para uma tributação equitativa e eficaz das empresas. Este objectivo será alcançado através do desenvolvimento de um conjunto de iniciativas a curto, médio e longo prazo. As iniciativas baseiam-se nas medidas já previstas no Pacote sobre a Transparência Fiscal, apresentado pela Comissão em Março. As medidas descritas neste plano de acção resultam igualmente dos trabalhos em curso na OCDE para limitar a erosão da base tributável e a transferência de lucros.

 

ACÇÕES-CHAVE

  • Relançamento da matéria colectável comum consolidada do imposto sobre as sociedades (MCCCIS)

A Comissão irá relançar a sua proposta de introdução de uma matéria colectável comum consolidada do imposto sobre as sociedades (MCCCIS), como solução global para a reforma do imposto sobre as sociedades.

A MCCCIS pode alcançar resultados em todas as frentes, melhorando significativamente o mercado único para as empresas e, simultaneamente, afastando as possibilidades de evasão fiscal. As negociações sobre a proposta de criação de uma MCCCIS, apresentada pela Comissão em 2011, encontram-se neste momento num impasse. Existe, contudo, o consenso geral de que as negociações devem ser relançadas, tendo em conta as importantes vantagens oferecidas pela MCCCIS. Serão de imediato iniciados os trabalhos sobre uma nova proposta para instaurar uma MCCCIS obrigatória, por etapas. Tal permitirá aos Estados-membros garantir mais rapidamente uma matéria colectável comum. A consolidação será tratada numa segunda etapa, uma vez que este constituiu o elemento mais difícil das negociações até à data. A Comissão apresentará a nova proposta logo que possível, ainda em 2015.

  • Garantir uma tributação eficaz

O plano de acção aponta o caminho para uma tributação eficaz na UE, com base no princípio de que as empresas devem pagar uma parte equitativa de impostos no país onde obtêm os lucros. Existem várias formas de atingir esse objectivo, sem harmonizar a nível da União a taxa do imposto sobre as empresas. A Comissão propõe a aplicação de medidas para suprir as lacunas legislativas, melhorar o regime dos preços de transferência e aplicar regras mais estritas aos regimes fiscais preferenciais, entre outras. Estas iniciativas deverão igualmente contribuir para a evolução do debate em curso entre os Estados-membros sobre a definição e a adopção de uma abordagem da UE que garanta uma tributação eficaz.

  • Reforçar a transparência

O plano de acção define os próximos passos para reforçar a transparência fiscal, tanto na UE como em relação aos países terceiros. Tem como base as medidas já previstas no Pacote sobre a Transparência Fiscal, adoptado em Março. No intuito de lançar uma abordagem mais aberta e uniforme da UE em relação às jurisdições fiscais não cooperantes, a Comissão publicou uma lista de países terceiros e territórios considerados enquanto tal pelos Estados-membros. Esta lista pode ser utilizada para identificar as jurisdições fiscais não cooperantes e desenvolver uma estratégia comum da UE para lidar com essas jurisdições. Nessa medida, permitirá reforçar o sistema colectivo de defesa dos Estados-membros.

A Comissão lançou também na semana passada uma consulta pública para recolher opiniões sobre a necessidade de as empresas terem de divulgar publicamente certas informações fiscais, incluindo informações país a país (Country-by-Country Reporting). Esta consulta, juntamente com os trabalhos de avaliação de impacto da Comissão, actualmente em curso, ajudarão a definir as futuras decisões políticas nesta matéria.

 

CONTEXTO

O plano de acção para uma tributação equitativa e eficaz das empresas insere-se na ambiciosa agenda adoptada pela Comissão para combater a evasão fiscal por parte das empresas, assegurar um mercado único mais justo e promover o emprego, o crescimento e o investimento na Europa.

Nas orientações políticas de Julho de 2014, o presidente Juncker reconheceu a «necessidade de uma maior equidade no mercado interno. Embora reconhecendo a competência dos Estados-membros no que se refere aos seus sistemas fiscais, a UE deve intensificar esforços para lutar contra a evasão e a fraude fiscais, para que todos contribuam com a sua quota-parte».

A Comissão tem cumprido de uma forma célere os compromissos que assumiu no programa de trabalho de 2015, no sentido de combater a fraude e a evasão fiscais e garantir que as empresas paguem os impostos no local onde obtêm os lucros.

Como primeiro passo, a Comissão propôs um pacote sobre a transparência fiscal para criar uma maior abertura e cooperação entre os Estados-membros no domínio da tributação das empresas. Um dos elementos fundamentais deste pacote foi a proposta de troca automática de informações entre Estados-membros em matéria de acordos fiscais prévios. Esta proposta obteve o apoio político unânime dos ministros das Finanças, na reunião informal do Conselho Ecofin, realizada em Abril. Os Estados-membros encontram-se actualmente a debater a proposta a nível técnico, com vista a alcançar um acordo até ao final do ano. O plano de acção agora apresentado representa a segunda fase, mais abrangente, do processo de reforma da tributação das empresas na UE.

 

 

Portas chumba transformação da Associação Mutualista em seguradora mútua

O vice-primeiro-ministro Paulo Portas travou o despacho da ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, que obrigaria a Associação Mutualista do Montepio Geral a assumir-se como companhia mútua de seguros ou, em alternativa, a comercialização de produtos mutualistas a uma seguradora externa.

A transformação da Associação Mutualista, de Instituição Privada de Segurança Social (IPSS) em companhia mútua, colocaria o universo Montepio fora da alçada do Ministério da Solidariedade, Emprego e Segurança Social, onde pontua o ministro centrista Pedro Mota Soares.

Apesar de se manter como IPSS, a Associação Mutualista ficará sujeita à supervisão da ASF, o regulador do sector segurador e dos fundos de pensões, e terá de cumprir os critérios de Solvência II, que entrarão em vigor em Janeiro.

Nas últimas semanas, tem havido uma corrida ao levantamento de aplicações, por parte dos associados mutualistas, criando grandes dificuldades à realização do anunciado aumento de capital de 200 milhões de euros da Caixa Económica Montepio Geral (CEMG), que terá de ser subscrito pelos associados.

Além disso, para cumprir com o regime Solvência II, a Associação Mutualista terá de desalavancar a sua carteira de aplicações. De acordo com estimativas a que o CONFIDENCIAL teve acesso, dos 1.500 milhões de euros que a Associação Mutualista tem investidos na CEMG (cerca de 1/3 das suas aplicações totais), e para cumprir os critérios Solvência II, cerca de 800 milhões terão de ser desinvestidos.

O que não só inviabiliza a participação da Associação Mutualista no aumento de capital da CEMG, como obrigará à entrada de novos accionistas. Neste cenário o La Caixa e os candidatos preteridos na corrida ao Novo Banco perfilam-se como os principais interessados.

O novo modelo de organização do Grupo Montepio deverá ser amanhã aprovado na Assembleia Geral da Associação Mutualista, com a separação definitiva, em termos de gestão, da CEMG. O nome de José Félix Morgado para presidente da CEMG não deverá ser contestado, apesar da oposição do grupo de associados Salvem o Pelicano, que congrega alguns dos interessados em evitar que o Montepio passe da órbita da maçonaria para a do Opus Dei.

 

Banif ou Montepio na mira do La Caixa

O falhanço da Oferta Pública de Aquisição que o La Caixa lançou sobre o BPI recolocou o Banif e o Montepio Geral na mira dos interesses do banco catalão em Portugal. O Governo pretende reservar a venda do Banif para os candidatos derrotados na corrida ao Novo Banco e tem recusado até agora negociar propostas de compra directa, como a que foi apresentada pelos chineses da Haitong, que no final do ano passado compraram o Banco Espírito Santo de Investimento (BESI). A ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, prefere a venda através de um leilão competitivo, que possa atrair vários interessados, maximizando o preço.

Quanto ao Montepio, poderá vir a ter de admitir novos accionistas privados, de forma a cumprir as exigências da supervisão ao seu novo modelo de funcionamento.

Bruxelas quer solução europeia para Novo Banco

A Comissão Europeia estará a pressionar o Governo no sentido de vender o Novo Banco aos espanhóis do Santander, o único candidato europeu. A venda ao Santander permitiria consolidar o sistema bancário da Zona Euro, ao mesmo tempo que evitaria mais investimento chinês no sector financeiro português, que Bruxelas considera excessivo e pretende travar. A solução Santander terá também a aprovação do Banco Central Europeu, que defende uma reestruturação do sistema bancário europeu.

Equipa de Félix Morgado não passa no Banco de Portugal

António da Silva Albuquerque e Jorge Pinto Bravo são os dois membros da Comissão Executiva da Inapa, que José Félix Morgado pretende levar consigo, para a administração da Caixa Económica Montepio Geral (CEMG). Na holding Inapa, os dois quadros têm, respectivamente, os pelouros financeiro (CFO) e das operações (COO), que Félix Morgado considera áreas estratégicas na reestruturação do Montepio.

Apesar da competência reconhecida, Silva Albuquerque e Pinto Bravo podem, no entanto, não passar pelo crivo cada vez mais apertado do Banco de Portugal, devido à sua inexperiência no sector bancário, o que colocaria um problema a Félix Morgado na constituição da sua equipa.

Certo é que da actual equipa de gestão da CEMG, a maioria não será reconduzida. Além do presidente Tomás Correia, também Paulo Magalhães, Pedro Ribeiro e Bruno Luís estão sob a mira do Banco de Portugal, que ameaça retirar-lhes a idoneidade, caso não esclareçam as graves irregularidades detectadas no exercício de inspecção permanente (SIP) que o Banco de Portugal mantém na Caixa Económica Montepio Geral (CEMG), no âmbito da sua função de supervisão.

Joe Berardo faz assalto à Cofina

Joe Berardo é o financiador secreto por detrás do relançamento da revista masculina GQ em Portugal, sob licença do grupo americano Condé Nast. O investidor madeirense quer até reforçar a sua presença nos media, estando neste momento a negociar com a Condé Nast um acordo de exclusividade para a edição em língua portuguesa de outros títulos do grupo americano. Um acordo com Berardo implicará o fim do contrato de edição que a Condé Nast tem com a Cofina, dona do “Correio da Manhã”, para a edição em português da revista feminina “Vogue”.

A edição portuguesa da GQ foi editada pelo grupo Cofina até Dezembro do ano passado, num pacote de licenciamento que incluía ainda a “Vogue”. O encerramento súbito do título masculino minou as relações entre a Cofina e os americanos, que nunca gostaram que o parceiro português editasse também a “Máxima”, uma revista directamente concorrente da “Vogue”.

Nesta nova etapa, a GQ Portugal mantém como director José Santana, que saiu da Cofina aquando do fecho do título. Santana aparece também como principal accionista da editora da revista, com 40% do capital social, a par com duas sociedades registadas em países de leste, que funcionarão como testas de ferro de Berardo.

A transferência da revista, da Cofina para Berardo, poderia levar à mudança da actual directora da “Máxima”, Sofia Lucas, para a direcção da “Vogue”. Lucas é amiga pessoal de José Santana e deu o seu rosto numa campanha de relançamento da GQ nas redes sociais, um facto que desagradou à administração da Cofina.

Venda do Banco Efisa fechada com chineses

O negócio de venda do Banco Efisa deverá ser formalmente fechado nas próximas duas semanas. O banco de investimento fundado por Abdul Vakil é um dos activos da carteira da Parvalorem, que ficou com os activos maus do antigo BPN. A Parvalorem aceita propostas até à próxima sexta-feira, 3 de Julho. Fontes que estão a acompanhar o negócio garantiram ao CONFIDENCIAL que a oferta de compra, de um investidor chinês, ascende a 10 milhões de euros. O Efisa tem capitais próprios de 15,9 milhões de euros, depois do aumento de capital, em Abril, no valor de 15 milhões.

O Fundo Patris, de Gonçalo Pereira Coutinho, que em 2013 pagou 27 milhões de euros pela Real Seguros Vida, a seguradora Vida do antigo grupo BPN/SLN, foi também dado como candidato à compra do Efisa.

Fernando Pinto com David Neeleman

A proposta que David Neeleman fez pela compra da maioria do capital da TAP teve a colaboração directa do presidente da transportadora aérea e comporta algumas das medidas que, se o Governo decidisse não avançar com a privatização, Fernando Pinto tinha previsto no seu próprio plano de reestruturação da companhia, como o encerramento de algumas rotas e a venda de aeronaves, seguida pelo seu posterior aluguer. Fernando Pinto nunca escondeu a sua simpatia por uma opção brasileira, que validou junto do Governo como a solução estratégica mais conveniente para a TAP, nem a sua desconfiança em relação a Germán Efromovich, que liderou a proposta derrotada por David Neeleman e Humberto Pedrosa.