As tendências recentes destacam o futuro do “presidencialismo” na política democrática na Europa

Não existe em Portugal político mais intuitivo que Pedro Santana Lopes. Na semana passada, na sua coluna de opinião no “Correio da Manhã”, escrevia sobre a evolução do sistema político: “Este encontro com a Presidente (da Finlândia) Tarja Halonen tinha ainda mais interesse, por ser ela a primeira Chefe de Estado a exercer o cargo depois da reforma constitucional de 2000, que tinha limitado o poder do presidente. Essa limitação surgiu, entre outras razões, pelo facto de não ser pacífico quem deveria representar o país nas reuniões do Conselho Europeu. A mesma questão, aliás, tinha-se colocado em França, outra pátria do semipresidencialismo. A Finlândia acabou por resolver como a França: passaram a ir o Presidente e o primeiro-ministro. Hoje em dia tudo evoluiu no caso finlandês no sentido de ir só o Chefe de Governo, ao contrário do que aconteceu em França. Mesmo em Política Externa e de Segurança, os poderes do Chefe de Estado da Finlândia foram, portanto, limitados: manteve competências nessas áreas, mas repartidas com o Governo. O caso finlandês prova que os sistemas de Governo podem evoluir. Uns passam de um maior ascendente presidencial para um reforço do papel do primeiro-ministro e noutros pode acontecer o inverso. Os sistemas não são estáticos e, quando o são, é sinal de que já perderam a vitalidade. Por isso mesmo, nunca é de excluir a possibilidade dessas metamorfoses. Mais ainda quando está em causa um sistema como o semipresidencial que, pela sua natureza – com o Parlamento e o Presidente da República eleitos por sufrágio universal e directo –, comporta grande dose de elasticidade.”

A presidencialização pode vir, com efeito, de dois modos: por um lado, porque os sistemas de partidos se esgotam e, por outro, por via da mediatização dos líderes partidários e da alteração do sistema de selecção dos líderes políticos com as primárias nos partidos.

A questão das necessidades de governabilidade dos sistemas políticos democráticos, com efeito, está de novo presente no debate sobre a crise. O facto das coligações centrais, bloco central ou grande coligação, estarem a tomar conta dos governos, exclui a alternância democrática e começa a colocar verdadeiramente um maior problema político: o da natureza democrática da governação. A falta de alternância leva ao poder absoluto das elites, à captura do poder por clientelas e à falta de limites democráticos ao exercício do poder, que a Lei por si não assegura e que a moral não resiste.

Por essa razão, bloqueado o sistema dos partidos por via da sua fragmentação e da criação de coligações centrais com os velhos partidos do rotativismo ou da alternância democrática das democracias liberais do pós-guerra (entre sociais-democratas e democratas-cristãos), a resposta que se começa a desenhar no horizonte é necessariamente a do presidencialismo.

 

Presidencialismo por via partidária

Os sistemas políticos europeus estão agora a tornar-se mais “presidencialistas”? O movimento na direcção da presidencialização não é exclusivo de sistemas democráticos em colapso e cuja governabilidade implica a destruição da alternância e, portanto, uma ditadura a prazo. Estamos a verificar, sobretudo em Itália e em França, uma presidencialização dos sistemas semipresidenciais, mas, na opinião do CONFIDENCIAL, isso é parte de uma tendência mais ampla em toda a Europa Ocidental, e que Santana Lopes parece já antecipar em Portugal, quando diz que a evolução pode ser feita num ou noutro sentido (sendo ele um confesso defensor do parlamentarismo clássico).

Algumas tendências transnacionais estão a mudar os partidos políticos em todas as democracias ocidentais. Muitas dessas mudanças beneficiam as cúpulas, que são agora capazes de ganhar legitimidade popular e exercer mais poderes do que no passado. Na verdade, as selecções para a liderança dos partidos costumavam ser um processo intra-elite oligárquica (nos Congressos e depois com a eleição directa entre militantes do líder). Porém, agora um número crescente de outros membros da sociedade civil pode participar directamente na selecção do, digamos, líder do partido, sobretudo depois da introdução das primárias, como já aconteceu com a escolha de António Costa no Partido Socialista e, esta semana, exigia no PSD um próximo de Rui Rio, para a sucessão de Passos Coelho, em caso de derrota da coligação nas legislativas.

Mesmo que António Costa (escolhido pela maioria dos simpatizantes contra a maioria dos militantes do PS, que votaram em Seguro) se tenha demonstrado incapaz e um flop político, a dinâmica da fulanização do candidato a primeiro-ministro introduz no sistema uma entropia presidencialista, que necessariamente vai mudar o sistema político.

Além disso, o processo de presidencialização dos governos democráticos traz uma mudança do poder e das responsabilidades políticas colectivas e individuais. Devido a factores de curto e longo prazo, tais como a “mediatização” da vida política, bem como o apelo carismático para a escolha, os líderes dos partidos estão a assumir o papel de quase únicos protagonistas no mundo democrático. Veja-se como Paulo Portas foi excluído dos debates televisivos das eleições legislativas, demonstrando que o que está em causa são candidatos a primeiros-ministros e não a representação parlamentar dos partidos políticos, num verdadeiro golpe constitucional.

Nós praticamente já não elegemos um partido, mas um candidato a primeiro-ministro nas legislativas. Assim, os líderes dos partidos estão a tornar-se nos actores mais relevantes em regimes representativos, dando também sinais sobre a maneira como a democracia em si é diversa da sua forma tradicional consagrada nas Constituições democráticas europeias.

 

 

 José Dirceu pode envolver negócios brasileiros da PT, EDP, GES e BESI

 

A Polícia Federal (PF) prendeu na segunda-feira o ex-ministro José Dirceu, o irmão dele, Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, e mais cinco pessoas, durante a 17.ª fase da Operação Lava Jato.

Alegadamente o ex-ministro “teria persistido” em continuar a cobrar luvas após deixar o Governo, diz o juiz, citado pela Rede Globo. O irmão servia de correio e ia às empresas pedir dinheiro, enquanto Dirceu estava preso. A PF admite que a actividade ilícita de financiamento do Partido dos Trabalhadores (PT), de Lula da Silva e Dilma Rousseff, continuou, mesmo depois da condenação de Dirceu no caso Mensalão.

O ex-ministro “repetiu o esquema do Mensalão”, disse, na segunda-feira, o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima. Segundo ele, Dirceu foi um dos líderes e beneficiários do esquema, mesmo durante e após o julgamento do Mensalão. “A responsabilidade de José Dirceu é evidentemente, aqui, como beneficiário, de maneira pessoal, não mais de maneira partidária, enriquecendo pessoalmente.”

As investigações mostram que Dirceu indicou Renato Duque para a Directoria de Serviços da Petrobras e, a partir daí, organizou o esquema de pagamento de subornos. “Temos claro que José Dirceu era aquele que tinha como responsabilidade definir os cargos na administração Luiz Inácio [Lula da Silva]”, disse o procurador. O nome de Duque teria sido sugerido pelo lobista Fernando Moura, também preso nesta segunda-feira.

Questionado se o ex-presidente poderia ser investigado, Lima afirmou que “nenhuma pessoa está livre de ser investigada”. Sem citar nomes, o procurador disse que “há investigações em andamento, grande parte em sigilo”.

Nesta fase da Lava Jato, os investigadores focaram-se em irregularidades em contratos com empresas subcontratadas.

A PF afirmou que a JD Consultoria, empresa de Dirceu e do seu irmão, Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, é suspeita de receber 39 milhões de reais por serviços que não teriam sido realizados. Silva também foi preso nesta segunda. O delegado da PF, Márcio Adriano Anselmo, citou as empreiteiras Camargo Corrêa, OAS, Engevix, UTC, como pagadoras de luvas à JD Consultoria.

 

40 mandados judiciais e negócios portugueses no Brasil

A PF cumpriu, esta semana, 40 mandados judiciais, sendo três de prisão preventiva, cinco de prisão temporária, 26 de busca e apreensão e seis de condução coercitiva, quando a pessoa é obrigada a prestar depoimento.

Dirceu poderá vir a levar os investigadores a verificarem os negócios da EDP no Brasil, bem como as compras e vendas da Vivo e da Oi, o que poderá eventualmente vir a implicar o ex-primeiro-ministro português José Sócrates, mas também os altos dirigentes do GES, BES e BESI, que intermediaram os negócios, ou da Portugal Telecom.

Encontram-se em prisão preventiva José Dirceu de Oliveira e Silva, Fernando Antônio Guimarães Hourneaux de Moura e Celso Araripe. Estão em prisão temporária Roberto Marques, Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, Olavo Hourneaux de Moura Filho, Júlio César dos Santos e Pablo Alejandro Kipersmit. Falta apenas um mandado de prisão para ser cumprido em São Paulo. Até ao momento, o investigado não foi localizado, e a PF não divulga o nome dele. Ainda não há informações sobre as denúncias relacionadas com todos os presos.

No mandado de prisão para Dirceu, o juiz Sérgio Moro, que julga as acções da Lava Jato na primeira instância, diz que o ex-ministro “teria insistido em receber dinheiro das luvas em contratos da Petrobras”, mesmo após ter deixado o Governo, em 2005. A defesa já havia negado a participação do ex-ministro no esquema de corrupção investigado.

 

Prisões e transferências

A Justiça autorizou ainda a penhora de até 20 milhões de reais de oito investigados desta fase. “Não importa se tais valores, nas contas bancárias, foram misturados com valores de procedência lícita. O sequestro e confisco podem atingir tais activos até ao montante dos ganhos ilícitos”, refere o despacho de Moro.

Foram alvos de bloqueio a JD Assessoria e Consultoria, a TGS Consultoria e Assessoria em Administração, Júlio César dos Santos, Fernando António Guimarães Hourneaux de Moura, Olavo Hourneaux de Moura Filho, José Dirceu de Oliveira e Silva, Luiz Eduardo de Oliveira e Silva e Roberto Marques.

A PF informou que Dirceu foi detido em casa, em Brasília, onde cumpria prisão domiciliária por condenação no Mensalão. O mandado contra ele é de prisão preventiva – por tempo indeterminado. Já Luiz Eduardo de Oliveira e Silva foi detido em Ribeirão Preto (SP) e cumprirá prisão temporária, que tem uma duração de cinco dias.

A 17.ª fase da Lava Jato foi baptizada de “Pixuleco”, que, segundo as investigações, era o termo que o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, usava para referir os pagamentos da corrupção ou luvas.

De acordo com a PF, esta fase concentra-se nos pagadores e recebedores de vantagens indevidas oriundas de contratos com o poder público, alcançando beneficiários finais e “laranjas” usados nas transacções.

Entre os crimes investigados, estão corrupção activa e passiva, formação de quadrilha, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. Foram decretadas medidas de sequestro de imóveis e bloqueio de activos financeiros.

Os investigadores querem saber se a empresa que tinha como sócios José Dirceu e o seu irmão, a JD Consultoria, prestou serviços a empresas que desviaram dinheiro da Petrobras, ou se os contratos eram apenas uma maneira de disfarçar repasses de dinheiro desviado da petrolífera pública.

No pedido de prisão do ex-ministro, Sérgio Moro afirma que as provas levantadas até agora na Lava Jato apontam que o ex-director de Serviços da Petrobras, Renato Duque, também investigado, foi indicado para o cargo por influência de Dirceu. Uma das directorias da petrolífera em que havia pagamento das luvas, segundo as investigações, era a de Serviços.

“José Dirceu teria persistido em receber sua parcela [das luvas], mesmo depois de ter deixado o cargo de ministro da Casa Civil”, escreveu Moro no despacho.

Segundo o juiz, os pagamentos a Dirceu foram confirmados por dois suspeitos de intermediar as luvas no esquema: Júlio Camargo, executivo da Toyo Setal, e o lobista Milton Pascowitch. Ambos firmaram um acordo de delação premiada, para contar o que sabem em troca de aligeiramento de eventuais penas.

Em Janeiro, o juiz federal Sérgio Moro decretou a quebra do sigilo bancário e fiscal da JD Consultoria, depois de as investigações revelarem pagamentos de companhias ligadas ao esquema de corrupção.

A JD Consultoria facturou 29 milhões de reais em contratos com cerca de 50 empresas nos últimos nove anos, segundo a defesa do ex-ministro.

A empresa declarou que os contratos com as construtoras não têm qualquer relação com os contratos sob investigação da Petrobras, e que os depósitos da Jamp Engenharia, empresa de um dos lobistas e delatores do esquema de corrupção, Milton Pascowitch, são referentes a um trabalho de consultoria.

Em depoimento à PF, o ex-dirigente da Toyo Setal, Júlio Camargo, outro delator da Lava Jato, contou que Dirceu usou “diversas vezes” o seu avião após ter deixado o comando da Casa Civil, em 2005. Camargo também relatou às autoridades que Dirceu interveio junto ao ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, para que a multinacional japonesa Toyo garantisse contratos com a petrolífera.

 

Tentativas de evitar a prisão

Após as denúncias feitas por delatores, a defesa de Dirceu entrou com pedidos de habeas corpus preventivo para tentar evitar a prisão dele no escândalo de corrupção na Petrobras.

Segundo a Globo, o primeiro pedido foi negado pelo juiz Nivaldo Brunoni, convocado para actuar no Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF4), no dia 3 de Julho.

A defesa de Dirceu então avançou com um pedido de reconsideração da decisão, que também foi negado e gerou a possibilidade de outro recurso, o agravo regimental, julgado pelo colectivo da 8.ª Turma, em 22 de Julho. O desembargador Leandro Paulsen e o juiz convocado Rony Ferreira decidiram, por unanimidade, manter a decisão inicial da Justiça e encerraram o processo de Dirceu.

A última tentativa foi uma petição protocolada na Justiça Federal do Paraná, no dia 15 de Julho, para que o juiz Sérgio Moro analisasse a possibilidade da prisão de Dirceu.

Condenado no processo Mensalão, Dirceu cumpre, desde Novembro do ano passado, o restante da sua pena de 7 anos e 11 meses de prisão em regime domiciliar. Na acção penal, os ministros do STF consideraram-no culpado pela acusação de corrupção activa.

Ele foi apontado como o mentor do esquema de compra de apoio político operado no Congresso Nacional durante o primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Na 16.ª fase, baptizada de Radioatividade e iniciada no dia 28 de Julho, a PF prendeu o director-presidente licenciado da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva, e o presidente global da AG Energia, ligada ao grupo Andrade Gutierrez, Flávio David Barra.

O foco dessas investigações, segundo a PF, foram contratos firmados por empresas já mencionadas na operação Lava Jato com a Eletronuclear, cujo controlo accionista é da União.

Os dois presos são investigados por lavagem de dinheiro, organização criminosa e corrupção nas obras da usina nuclear de Angra 3, localizada na praia de Itaorna, em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro.

 

A pista portuguesa

Em fases posteriores deverão ser analisados outros negócios, que envolvem portugueses no financiamento do PT ou de Lula da Silva, e que poderão eventualmente ter aproveitado a Ricardo Salgado e José Sócrates, entre outros. No caso estarão os investimentos da EDP no Brasil, a venda do Banco Boavista, a venda da Vivo e a compra/constituição da Oi, podendo eventualmente chegar a negócios imobiliários de outros grupos portugueses fora do universo Espírito Santo e mesmo ao Benfica e ao Estoril (na contratação de jogadores brasileiros e lavagem de dinheiro).

As autoridades brasileiras pediram também o apoio das autoridades de investigação judicial portuguesa no caso da internacionalização das empresas de construção brasileiras, cujo lobby internacional é criminalizado pela lei penal do Brasil. As duas visadas são a Camargo Corrêa, que comprou e destruiu a Cimpor para pagar a sua dívida (negócio já intermediado por Miguel Relvas), e a Odebrecht, que controlava directa ou indirectamente as construtoras Zagope e Bento Pedroso Construções e que, desde a construção da Via do Infante, no tempo de Cavaco Silva, se têm visto envolvidas em suspeitas de corrupção e luvas

Fragmentação geoestratégica da banca europeia (parte I)

As múltiplas ligações entre bancos, bancos centrais e governos direccionaram a crise para um desvio significativo e prejudicial nas condições de crédito bancário em diferentes países da Zona Euro, esta é a verdadeira fragmentação do sistema bancário.

Uma supervisão consistente e um melhor tratamento dos balanços dos bancos vão ajudar a tranquilizar os players do mercado financeiro, ao serem utilizadas nos bancos  as mesmas normas regulamentares, independentemente da sua localização dentro da área do euro.

A união bancária irá permitir uma maior capacidade do sector financeiro para apoiar a actividade económica no mercado único, sem criar quantidades excessivas de risco para a sociedade. Todavia, os bancos da Europa do Sul, expostos aos ratings dos seus países, acabam por criar um círculo vicioso na angariação de capital.

Por outro lado, “não se pode dar por garantido o regresso a níveis mais elevados de integração financeira, porque é algo que requer acções políticas sustentadas a curto prazo, especialmente a implementação efectiva da união bancária a nível nacional juntamente com reformas estruturais”, afirmou um responsável do BCE.

O processo de recuperação da integração dos mercados financeiros, que começou em meados de 2012, continuou na maior parte dos segmentos nos primeiros meses de 2014, segundo os relatórios. Esta melhoria reflecte o facto de já não existir uma redenominação de risco vinculado à percepção de uma possível ruptura da Zona Euro.

Os balanços dos bancos melhoraram em 2013 e as instituições financeiras começaram a aumentar as suas exposições a dívidas soberanas de outros países.

As melhorias na integração e estabilidade financeira em 2013 resultaram de muitos factores, como acções de política monetária, concretamente o anúncio do programa de operações monetárias de compra e venda, a adopção de reformas reguladoras relevantes, o progresso na união bancária e as reformas adoptadas por alguns países da Zona Euro.

No caso português, e segundo Passos Coelho, «as conclusões do Conselho referem que esta é uma realização muito importante que abre o caminho para completar a união bancária», acrescentando que, «juntamente com o acordo intergovernamental de transferência e mutualização de contribuições para o Fundo Único de Resolução, isto representa outro passo crucial para uma União Económica e Monetária mais forte e resiliente. Este mecanismo, destinado a enfrentar as falências ou grandes dificuldades dos bancos, é único (até agora só há mecanismos nacionais) e vai fazer com que deixem de ser os dinheiros públicos (dos contribuintes) a pagar os processos de reestruturação de bancos e a garantir os depósitos. O mecanismo será dotado de um fundo de 55 mil milhões de euros (a criar em oito anos), financiado por todos os bancos da Zona Euro, pondo fim à prática de lucros privados, perdas públicas. As decisões de intervenção nos bancos serão tomadas por um comité técnico, deixando de o ser pelas instâncias políticas nacionais. A supervisão bancária passa a ser exercida pelo Banco Central Europeu».

 

Supervisão bancária portuguesa, “case study” chumbado

Segundo o Banco de Portugal, “os mecanismos de resolução visam, nesse contexto, mitigar o referido efeito disruptivo, ao procurarem assegurar que, em face da ocorrência de desequilíbrios financeiros graves em instituições de crédito, seja preservada a estabilidade financeira, com o menor custo possível para o erário público, ao mesmo tempo que se promove uma disciplina adequada ao assegurar-se que a instituição originária (mas não necessariamente a sua actividade) é encaminhada para liquidação e/ou os seus credores assumem os custos inerentes ao desequilíbrio.

Para esse efeito, é fundamental assegurar a continuidade da prestação de serviços financeiros essenciais e possibilitar que determinados credores – em especial os depositantes – sejam protegidos, na estrita medida em que isso seja necessário para evitar comprometer a confiança no sistema e para prevenir perturbações generalizadas que coloquem em risco a estabilidade financeira.

Em Portugal, encontra-se em vigor, desde Fevereiro de 2012, um regime de resolução nos termos do qual são conferidos ao Banco de Portugal poderes para aplicar medidas de resolução quando uma instituição de crédito ou empresa de investimento abrangida pelo regime não cumpra, ou esteja em sério risco de não cumprir, os requisitos para a manutenção da autorização para o exercício da sua actividade, se a aplicação de tais medidas for considerada indispensável para assegurar a continuidade da prestação dos serviços financeiros essenciais, acautelar o risco sistémico, salvaguardar os interesses dos contribuintes e do erário público, ou para salvaguardar a confiança dos depositantes.

As medidas de resolução ao dispor do Banco de Portugal compreendem, especificamente, a alienação, parcial ou total, do património da instituição que se encontre em dificuldades financeiras para uma ou mais instituições autorizadas a desenvolver as actividades em causa e a constituição de um banco de transição e a transferência, parcial ou total, do património da instituição que se encontre em dificuldades financeiras para esse banco. Para efeitos de prestação de apoio financeiro às medidas de resolução que eventualmente venham a ser adoptadas pelo Banco de Portugal, foi criado um Fundo de Resolução, financiado integralmente através de contribuições provenientes do sector financeiro, designadamente: as contribuições, iniciais e periódicas, pagas diretamente ao fundo pelas instituições participantes”.

China aumenta importações de petróleo de Angola

A China está a aumentar significativamente as importações de petróleo de Angola em detrimento da Arábia Saudita.

A evolução das cotações internacionais está a levar os chineses a optar por fornecimentos de países que seguem como referência o Brent, como acontece com Angola, em detrimento da Arábia Saudita e da Rússia, que vendem o seu petróleo com base noutros indicadores de preço. A descida do Brent em relação a outros indicadores do mercado tem transferido os grandes consumidores para fornecedores que usam o Brent como referência para os seus preços.

Em Julho, a China aumentou em 41% as aquisições de petróleo a países africanos, para 6,51 milhões de toneladas (equivalentes a 47,5 milhões de barris), de acordo com estimativas divulgadas pela Thomson Reuters. A agência refere que a maior parte deste aumento teve como origem Angola, que em Julho terá exportado 3,4 milhões de toneladas para a China.

O reforço das vendas em Julho devolveu a Angola o estatuto de segundo maior fornecedor de petróleo à China, que tinha perdido para a Rússia no primeiro semestre do ano.

Segundo dados das alfândegas chinesas, as importações de petróleo angolano caíram quase 9% no primeiro semestre, para 19 milhões de toneladas, enquanto as de petróleo russo subiram quase 27% e as de petróleo saudita mais de 9%.

No ano passado, as importações de petróleo angolano pela China atingiram o valor mais alto de sempre – 806 milhões de barris –, enquanto as de petróleo saudita recuaram cerca de 9%, para 989 milhões de barris. A China é actualmente o principal parceiro comercial angolano e no ano passado o comércio entre os dois países atingiu 38 mil milhões de dólares.

Os contratos de fornecimento de longo prazo à China, sobretudo a partir de 2002, têm constituído uma almofada financeira para Angola, compensando a actual conjuntura de descida de preços.

Números compilados recentemente pela Reuters indicam que o financiamento da China a Angola, incluindo os créditos mais recentes, já ascende a 20 mil milhões de dólares, apoio que tem vindo a tornar-se cada vez mais necessário devido à quebra acentuada das receitas petrolíferas ao longo do último ano.

Nos últimos anos, as petrolíferas estatais chinesas têm vindo a adquirir participações importantes no mar angolano. Um dos maiores projectos em curso é a construção da nova refinaria do Soyo, que estará operacional em 2017 e que conta com a participação do China Internacional Fund (participado pela China Sonangol).

A nova refinaria terá uma capacidade de processamento de 110 mil barris diários de petróleo e produzir anualmente 44 500 toneladas de gás liquefeito de petróleo (GPL), 558 500 toneladas de gasolina, 20 700 de benzeno, 437 200 de combustível para aviões, 853 400 de gasóleo e 180 mil de petróleo iluminante, tornando Angola auto-suficiente em termos de consumos de gasolina e gasóleo. De acordo com dados oficiais do Ministério do Petróleo, Angola teve de importar cerca de 40% das suas necessidades de produtos derivados, como gasolina e gasóleo, no primeiro trimestre do ano, devido à reduzida capacidade de refinação do país.

Bissau na mira do investimento estrangeiro

Os marroquinos da Ciments de l’Afrique vão construir uma fábrica de cimento na Guiné-Bissau. A fábrica estará operacional dentro de 14 meses. O montante do investimento não foi divulgado. O acordo assinado com o governo da Guiné-Bissau contempla ainda, como contrapartida, a construção de habitações sociais.

No decurso da recente visita do rei dos Marrocos à Guiné-Bissau, as autoridades dos dois países rubricaram 16 acordos de cooperação nos sectores da segurança, pescas, agricultura, energia e protecção social.

O grupo mineiro canadiano Aterra Resources anunciou entretanto que vai investir um milhão de dólares no desenvolvimento da mina de fosfatos que a sua participada GB Minerals vai operar na Guiné-Bissau, ao abrigo de um contrato de concessão por 25 anos.

A mina tem uma capacidade anual de produção estimada em cerca de 1 milhão de toneladas métricas de concentrados de fosfatos e é considerada um dos projectos do sector de classe mundial.

Marques Guedes líder parlamentar do PSD

Luís Marques Guedes está na corrida para a liderança do grupo parlamentar do PSD, no seu regresso a São Bento. O ainda ministro da Presidência já exerceu aquele cargo e tem uma vasta experiência política parlamentar e governativa, muito mais expressiva que, por exemplo, Luís Montenegro, actual líder da bancada social-democrata.

Marco António Costa vice-primeiro-ministro?

As listas de candidatos a deputados da coligação Portugal à Frente, nas quais o PSD teve um papel determinante, revelam que o número dois do partido, Marco António Costa, conseguiu determinar a escolha de grande parte dos candidatos a parlamentares do PSD.

Um facto que o coloca numa posição muito confortável e propícia para voos mais altos, no caso de uma derrota da coligação de direita, que precipite a saída de cena de Passos Coelho.

A posição de força e o determinismo de Marco António Costa colocam-no no centro de todas as decisões, havendo mesmo quem admita a possibilidade de ser um forte candidato a vice-primeiro-ministro de António Costa, num cenário de vitória do PS nas eleições legislativas.

Jorge Coelho corre para a Câmara de Lisboa

A candidatura de Jorge Coelho à Câmara Municipal de Lisboa está a consolidar-se no interior do Partido Socialista.

O ex-ministro de António Guterres tem um perfil  capaz de mobilizar o eleitorado, enquanto Fernando Medina é visto como um tecnocrata competente, mas um político sem brilho, pelo menos do ponto de vista de conquista de votos.

Jorge Coelho substituiu António Costa no programa da SIC Notícias “Quadratura do Círculo”, como forma de recuperar a sua notoriedade pública. O que foi possível graças ao seu afastamento da presidência executiva da Mota-Engil.

Listas de candidatos a deputados condicionam sucessão de Portas

O controlo absoluto de Paulo Portas na escolha dos candidatos a deputados do CDS, elegíveis nas listas da coligação Portugal à Frente, é considerado como um meio de o actual presidente condicionar a sua própria sucessão.

Caso a coligação PSD/CDS saia derrotada das eleições legislativas de 4 de Outubro, a contestação a Paulo Portas, que já se fez sentir no conselho nacional do partido durante o processo de elaboração das listas dos democratas-cristãos, vai pedir a cabeça do líder.

Com um grupo parlamentar escolhido directa e exclusivamente por si, Paulo Portas vai utilizar esse “trunfo” para condicionar a escolha de um sucessor, tentando fazer eleger um homem da sua confiança, como já aconteceu anteriormente com Telmo Correia, que perdeu para José Ribeiro e Castro, quando Portas se auto-afastou da presidência do partido.