Crash chinês abre rombo na Fidelidade

A quebra das Bolsas chinesas abriu um rombo nas contas da Fidelidade, que tem mais de mil milhões de dólares aplicados em títulos e dívida da Fosun e de empresas suas associadas. Desde que foi comprada pelo grupo chinês, a maior seguradora portuguesa investiu mil milhões em dívida de um veículo de investimento da Fosun e outros 337 milhões em imóveis do grupo, na Austrália e no Japão. Na altura os chineses garantiram que estes investimentos não trariam risco para a Fidelidade e que permitiriam melhorar a rentabilidade da seguradora.

Em Janeiro, a Fosun financiou-se com um juro acima de 5% para comprar 80% da Fidelidade, por 1,1 mil milhões de euros, mas os chineses terão, entretanto, refinanciado essa dívida com as emissões subscritas pela seguradora, pagando um juro inferior, de 3,2%.

O crash bolsista chinês da última semana afectou fortemente a Fosun Internacional, a holding que em Portugal controla o grupo segurador da Fidelidade e a Luz Saúde, e que registou o pior desempenho da Bolsa de Hong Kong, com uma quebra de 30% na cotação das suas acções, equivalendo a uma quebra da sua capitalização superior a 5 mil milhões de dólares.

A exposição da Fidelidade à Fosun já estava a ser analisada pela Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF), e se as bolsas chinesas não recuperarem, poderão obrigar a uma desalavancagem dos investimentos efectuados pela maior seguradora nacional no universo do seu principal accionista.

 

Imparidades poderão ascender a 1,8 mil milhões

A Comissão Europeia quer obrigar o novo accionista do Novo Banco a avançar com um aumento de capital de mil milhões de euros. As imparidades estimadas poderão ascender aos 1,8 milhões de euros, praticamente o dobro do aumento proposto pela Comissão. Só no sector da construção, a carteira de crédito do Novo Banco ascende a 2,8 mil milhões de euros. Ainda que muitos destes financiamentos não constituam imparidades, Bruxelas não quer correr mais riscos e daí a exigência para que os rácios sejam cumpridos o mais rapidamente possível, ainda que provavelmente não o sejam antes da venda. O sector da construção é o que apresenta maior risco de incumprimento.

 

Carteira de crédito do Novo Banco no sector da construção: 2,844 mil milhões de euros

  • Mota-Engil: 760 milhões de euros
  • Andrade Gutiérrez: 346 milhões de euros
  • Ascendi: 323 milhões de euros
  • Tecnovia: 283 milhões de euros
  • Teixeira Duarte: 267 milhões de euros
  • Ascendi Douro Interior: 197 milhões de euros
  • MSF: 193 milhões de euros
  • Opway: 190 milhões de euros
  • Obriverca: 183 milhões de euros
  • Edifer: 102 milhões de euros

Uma nova abordagem à dívida soberana da Zona Euro

Por Yanis Varoufakis

Ex-ministro das Finanças da Grécia e professor de Economia na Universidade de Atenas

 

A dívida pública grega voltou a constar da agenda da Europa. Na verdade, esta foi talvez a principal realização do Governo grego durante os cinco meses de impasse angustiante com os seus credores. Depois de anos de “protelação e de faz de conta”, é praticamente unânime a opinião de que a reestruturação da dívida é essencial. Mais importante ainda é que tal não se limita ao caso da Grécia.

Em Fevereiro, apresentei ao Eurogrupo (que reúne os ministros das Finanças dos Estados-membros da Zona Euro) uma lista de opções, incluindo, entre outras, obrigações indexadas ao PIB, que mereceram recentemente a aprovação de Charles Goodhart no “Financial Times”, e obrigações perpétuas para liquidar o legado de dívida nos registos contabilísticos do Banco Central Europeu (BCE). Espera-se que o terreno esteja agora preparado para a implementação destas propostas, antes que a Grécia se afunde ainda mais no oceano da insolvência.

Mas a questão mais interessante consiste no que tudo isto significa à escala global da Zona Euro. Os apelos perspicazes de Joseph Stiglitz, Jeffrey Sachs e de muitos outros economistas, no sentido de uma abordagem diferente à dívida soberana, na sua generalidade, necessitam de ser modificados para se adaptarem às características específicas da crise da Zona Euro.

A Zona Euro é única entre as zonas monetárias: o seu banco central carece de um Estado que apoie as suas decisões, enquanto os seus Estados-membros não têm um banco central que os apoie nos momentos difíceis. Os líderes europeus tentaram colmatar esta lacuna institucional com regras complexas e sem credibilidade, que raramente vinculam, e que, apesar do fracasso, acabam por sufocar os Estados-membros necessitados.

Uma dessas regras é o limite de 60% do PIB, imposto pelo Tratado de Maastricht à dívida pública dos Estados-membros. Outra é a cláusula “no bailout” do mesmo Tratado. A maioria dos Estados-membros, incluindo a Alemanha, já violou a primeira regra, sub-repticiamente ou não, enquanto, no caso de alguns, a segunda regra foi largamente ultrapassada através de pacotes de financiamento dispendiosos.

O problema relativamente à reestruturação da dívida na Zona Euro é que a mesma é simultaneamente essencial e incompatível com a Constituição implícita na qual assenta a união monetária. Quando a economia choca com as regras de uma instituição, os legisladores têm de recorrer à criatividade para corrigir as regras, ou assistir ao colapso da sua própria criação.

Fica aqui uma ideia (que integra o texto “A Modest Proposal for Resolving the Euro Crisis”, com a co-autoria de Stuart Holland e James K. Galbraith) para o reequilíbrio das regras, o reforço do seu espírito e a abordagem do problema económico subjacente.

Em síntese, o BCE poderia anunciar amanhã que iria pôr em prática um programa de conversão da dívida para qualquer Estado-membro que desejasse participar. O BCE reembolsaria (ao invés de adquirir) uma parte de cada Obrigação do Tesouro vencida, correspondente à percentagem de dívida pública do Estado-membro permitida pelas regras de Maastricht. Assim sendo, no caso de Estados-membros com rácios de dívida pública em relação ao PIB de, por exemplo, 120% e 90%, o BCE reembolsaria, respectivamente, 50% e 66,7% de cada Obrigação do Tesouro vencida.

Para financiar estes resgates por conta de alguns Estados-membros, o BCE emitiria Obrigações em seu próprio nome, garantidas exclusivamente pelo BCE, mas reembolsadas, na totalidade, pelo Estado-membro. Aquando da emissão deste tipo de Obrigação, o BCE criaria uma conta devedora em nome do Estado-membro a favor do qual emitiu essa Obrigação.

O Estado-membro ficaria legalmente obrigado a efectuar depósitos nessa conta para pagar o empréstimo e juros concedidos pelo BCE. Além disso, a dívida do Estado-membro para com o BCE beneficiaria do estatuto de antiguidade e de cobertura pelo Mecanismo Europeu de Estabilidade contra o risco de incumprimento.

Um programa de conversão desta natureza teria cinco vantagens. Em primeiro lugar, e ao contrário da flexibilização quantitativa praticada actualmente pelo BCE, não implicaria a monetização da dívida. Não correndo assim o risco de inflacionar a bolha de preços de activos.

Em segundo lugar, o programa conduziria à queda acentuada dos pagamentos de capital e juros na Zona Euro. A dívida soberana dos Estados-membros cumpridores do Tratado de Maastricht seria reestruturada com prazos de vencimento mais longos (iguais aos das Obrigações do BCE) e com taxas de juro bastante mais baixas, que apenas o BCE seria capaz de negociar no mercado internacional.

Em terceiro lugar, as taxas de juro alemãs não seriam afectadas, uma vez que a Alemanha não estaria a prestar garantias sobre o plano de reconversão, nem a apoiar a emissão de Obrigações do BCE.

Em quarto lugar, o espírito da regra de Maastricht relativa à dívida pública seria reforçado e o risco moral reduzido. Afinal, o programa impulsionaria significativamente o diferencial da taxa de juro entre a dívida em conformidade com o Tratado de Maastricht e a dívida que se mantém nas mãos dos Estados-membros (cuja acumulação lhes era anteriormente vedada).

Finalmente, as Obrigações indexadas ao PIB e outras ferramentas utilizadas no tratamento cauteloso de dívidas insustentáveis poderiam ser aplicadas exclusivamente a dívidas dos Estados-membros não cobertas pelo programa e em sintonia com as boas práticas internacionais para a administração da dívida soberana.

A solução óbvia para a crise do euro seria uma solução federal. Mas a federação tornou-se um desfecho menos provável na sequência de uma crise que, tragicamente, colocou as nações em estado de oposição.

Na realidade, qualquer união política apoiada hoje pelo Eurogrupo seria disciplinadora e pouco eficaz. Entretanto, é pouco provável que a reestruturação que a Zona Euro, e não só a Grécia, tanto anseia, seja politicamente aceite na presente conjuntura.

Existem, no entanto, formas prudentes de reestruturar a dívida sem quaisquer custos para os contribuintes e de modo a aproximar os europeus. Uma delas consiste no programa de conversão da dívida que aqui foi proposto. A sua adopção ajudaria a sarar as feridas da Europa e a abrir caminho para o debate que a União Europeia necessita sobre a união política que os europeus merecem.

 

Economia vai crescer 3,5%, prevê FMI

Para este ano, a previsão do FMI, baseada no preço médio do barril de petróleo a 53 dólares, aponta para um crescimento na ordem dos 3,5%, sendo para o sector petrolífero o crescimento de 6,8% e para o não petrolífero de 2,1%.

Em 2016, o crescimento geral é o mesmo projectado para este ano (3,5%) e sustentado em igual preço do barril de petróleo, com um crescimento anual de 3,9% no sector petrolífero e de 3,4% para o não petrolífero.

O FMI prevê igualmente um aumento da dívida pública, para cerca de 57% do Produto Interno Bruto (PIB), no final de 2015. Desse total, cerca de 14% do PIB correspondem à dívida da petrolífera estatal Sonangol.

 

Moçambique na mira da CTC e State Grid

Os chineses da China Three Gorges e da State Grid são dois dos grupos interessados na construção da central norte da hidroeléctrica de Cahora Bassa. A CTC quer, em parceria com a EDP – Energias de Portugal, de que é o maior accionista, com 21,35% do capital, participar na construção deste empreendimento de 1250 megawatts, com um custo avaliado pelo Governo moçambicano em 413 milhões de dólares. A State Grid, que é o maior accionista da Redes Energéticas Nacionais (REN), empresa portuguesa que detém 7,5% da HCB, é outro dos interessados, no âmbito do seu plano de negócios da REN para o triénio 2015-18, que prevê um reforço do investimento na internacionalização, até 900 milhões de euros, em mercados emergentes em África e na América Latina.

Outro projecto que está na mira da State Grid é o da central hidroeléctrica de Mpanda Nkua, projectada para ser a segunda maior hidroeléctrica moçambicana e que foi adjudicada a construtoras brasileiras, em 2010, mas que se deparou com dificuldades de financiamento.

A State Grid propõe-se financiar e construir a barragem, mas a entrada dos chineses está a ser contestada pelos brasileiros da Camargo Corrêa, que exigem ser ressarcidos do investimento e das garantias assumidas no contrato de concessão.

Os últimos cenários indicavam que a State Grid ficaria com entre um terço e 40% da central de Mpanda Nkua, menos do que os 60% que pretendia, enquanto a sul-africana Eskom, seu futuro cliente, teria 20%, a Électricité de France e a Eletrobras entre 10% a 15%, cada uma, e o restante seria repartido entre EDM – Electricidade de Moçambique e investidores privados moçambicanos.

Com uma capacidade instalada de 1500 megawatts, a central é um activo determinante para a rentabilização da linha de transporte, que será gerida pela Sociedade Nacional de Transporte de Energia (SNTE) e que ligará o centro ao sul de Moçambique.

A SNTE é uma parceria entre a State Grid, que ficou com 46% do capital da empresa e responsabilidade do financiamento, com a REN, que manteve uma participação de 14%, enquanto a Eskom e a EDM ficam com 20% cada.

Cobalt abandona Angola

A Sonangol já fechou o acordo que lhe garante as posições do operador norte-americano  Cobalt em dois blocos do pré-sal da bacia do Kwanza. O negócio envolveu 1,5 mil milhões de euros, mantendo a Cobalt apenas direitos sobre o bloco 9, cuja venda deverá ser fechada até ao final do ano. O arranque da produção está agendado para 2018. Com estas operações o portefólio da Cobalt ficará mais focado nas suas actividades de exploração no Golfo do México.

Japão disposto a financiar 2.ª fase do porto do Namibe

O Japão está disponível para financiar a segunda fase do projecto de modernização do porto do Namibe, em Angola. Como o CONFIDENCIAL noticiou, na semana passada, japoneses e angolanos acordaram reforçar a sua cooperação, no âmbito do plano de Luanda diversificar as fontes de financiamento dos grandes projectos públicos do país. O embaixador japonês em Luanda esteve esta semana no Namibe.

A primeira fase de recuperação e de modernização do porto do Namibe, financiada pelo Governo japonês, custou 24 milhões de dólares e consistiu no alargamento do cais de 240 para 875 metros. A segunda fase consistirá no aumento da profundidade, para permitir a atracação de navios de maior calado, transformando o porto do Namibe na maior infra-estrutura portuária do Sul de Angola.

 

Costa Pinto candidato surpresa à Associação Mutualista

João Costa Pinto, ex-presidente da Caixa Central de Crédito Agrícola Mútuo (CCAM) e presidente do Conselho de Auditoria do Banco de Portugal, é apontado como o candidato surpresa às eleições para a presidência da Associação Mutualista do Montepio Geral. Costa Pinto concorrerá contra o actual presidente, Tomás Correia, com o qual mantém péssimas relações, desde que o Montepio Geral lhe passou a perna num negócio imobiliário que acabaria por ditar o seu afastamento da CCAM.

Costa Pinto terá o apoio da mesma equipa que levou Félix Morgado á presidência executiva da Caixa Económica Montepio Geral, mas tem a forte oposição da tendência maçónica da Associação Mutualista. No sábado, em entrevista ao “Expresso”, o actual presidente da CCAM, Licínio Pina, veio relembrar o péssimo negócio entre o Montepio e a CCAM, responsabilizando Costa Pinto pela operação. Nos bastidores, a referência de Licínio Pina foi entendida como uma manobra para retirar espaço à candidatura de Costa Pinto.

Directores preparam boicote a Nuno Artur Silva, RTP regressa ao vermelho

Na semana passada realizou-se uma reunião informal de vários directores de departamento, na área de programas e informação da RTP, preocupados com as orientações para as novas grelhas. Houve instruções concretas de Nuno Artur Silva, através de Daniel Deusdado, que foram consideradas “inexequíveis” e “suicidas”. Da reunião foi decidido contrariar e se necessário boicotar essas orientações para tentar manter uma ” grelha coerente”.

A RTP é o canal mais atingido pelo corte que a Altice quer efectuar no pagamento da distribuição dos canais generalistas – 1,6 milhões por canal – o que no caso da RTP 1 e 2 totaliza 3,2 milhões. A este total há ainda que somar os cortes dos canais de cabo, como a RTP Memória, RTP Internacional e RTP África, entre outros, o que poderá fazer elevar a quebra total de receitas acima dos 4 milhões/ano. Além disso a área financeira terá feito mal as contas aos custos com as transmissões da Champions League e, tudo somado, a derrapagem põe as contas perigosamente no vermelho.

Escom abandona Angola a aponta ao Congo-Brazaville

A Genius, holding pessoal do general angolano João de Matos comprou as minas de diamantes de Tchdieji, o último dos activos que a Escom ainda tinha em Angola. As minas reforçam o poder do general na exploração de diamantes em Angola, onde tem como principal rival o também general Hélder Vieira Dias “Kopelipa”, chefe da Casa Militar do presidente José Eduardo dos Santos.

João de Matos foi o primeiro Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas de Angola e há um ano era apontado por certos círculos em Luanda como provável sucessos de Kopelipa, a braços com problemas de saúde, no cargo de Chefe da Casa Militar do PR.

Com este negócio, a Escom, de Hélder Bataglia, deixa de ter negócios relevantes em Angola, que foi a sua base de operações desde a constituição da empresa, com o apoio e capital do antigo Grupo Espírito Santo (GES).

Um grupo de empresários da vizinha República do Congo adquiriu entretanto a posição de 67% que o GES detinha na Escom, mantendo Hélder Bataglia a sua posição e o cargo de presidente. A entrada dos novos accionistas foi apadrinhada pelo próprio presidente congolês, Denis Sassou Nguesso.

No Congo, a Escom detém minas e negócios de construção e imobiliário, entre os quais um gigantesco complexo de escritóios e habitação na capital Brazaville, O volume de negócios, em 2014, ascendeu a 150 milhões de euros.