Marques Mendes avança para a liderança, se Passos for derrotado

Com as sondagens empatadas e a campanha do PS relançada depois do debate televisivo entre Passos Coelho e António Costa, começam a desenhar-se os diversos cenários para o governo e as lideranças partidárias.

À esquerda a possibilidade de regresso de António José Seguro ou de José Sócrates à liderança do PS, em caso de derrota de António Costa, está afastada. No PSD esta semana começou a circular o nome de Marques Mendes que poderia aparecer com o ticket Marcelo-Mendes, para a Presidente da República e liderança do partido, respetivamente.

Mendes ainda chegou a ponderar avançar também para Belém, caso Marcelo desistisse, mas o avanço do professor de Direito travou de vez as possibilidades de Mendes, que agora pondera o regresso à liderança do PSD, em caso de derrota de Passos Coelho.

O atual primeiro-ministro tem feito saber que a próxima legislatura será breve e que estará sempre em melhores condições para disputar o próximo embate eleitoral, provavelmente já em 2016, seja qual for o resultado de 4 de outubro de 2015 e o governo que daí sair.

Quantos aos cenários de governo admite-se que o empate técnico das sondagens seja mais um erro ou mesmo agenda ideológica dos donos das empresas de sondagens e que no final venha a haver um resultado claro para a Coligação, ou para o PS.

Porém, em ambos os blocos admite-se como impossível uma maioria absoluta de qualquer dos campos, pelo que a existência de compromissos será crítica.

Não sendo razoável um governo minoritário da Coligação, sobra a solução à esquerda, com PS e Bloco Central ou um executivo de iniciativa presidencial.

Em qualquer dos cenários a instabilidade será grande e a necessidade de cumprir com os condicionalismos e recomendações do semestre europeu tornam difícil a estabilidade política, mesmo de uma maioria ou de um acordo de incidência parlamentar, após a eleição do próximo Presidente da Republica.

Neeleman passa a perna à TAP

A companhia aérea brasileira Azul, de David Neeleman, o empresário brasileiro que controla o consórcio privado Atlantic Gateway a quem o governo vendeu 61% da TAP, fechou com os chineses da Hainan Airlines um acordo para a ligação, com escala em Lisboa, entre várias cidades da China e a cidade de Fortaleza, no estado brasileiro do Ceará. O acordo afecta directamente a rota Lisboa-Fortaleza da TAP, uma das mais lucrativas da transportadora aérea portuguesa, que usa Lisboa como hub para as ligações entre a Europa e o Brasil.

Para as ligações à China, a TAP tem, desde 2010, um acordo de code-share com a Air China, sua parceira na Star Alliance, assegurando a ligação regular nas rotas Porto-Pequim, Lisboa-Pequim e Lisboa-Xangai. No âmbito deste acordo, a TAP transporta os passageiros com destino à China até Frankfurt, Madrid, Roma ou Milão e a companhia chinesa assegura o resto da viagem.

Quebra da cotação das UP dificulta entrada de novos accionistas

As unidades de participação do Fundo que controla parte da Caixa Económica Montepio Geral (GEMG) atingiram esta semana, pela primeira vez, uma cotação abaixo dos 60 cêntimos, mantendo uma tendência de quebra, que se agravou na última semana. Desde o início do mês, as UP, que têm um valor nominal de 1 euro, baixaram 150 cêntimos. Ontem, a cotação em Bolsa das UP era de 548 cêntimos.

Apesar da baixa da cotação, a Associação Mutualista que controla a maioria do capital da CEMG não terá de reconhecer imparidades, porque as UP são registadas pelo valor de aquisição. Mas fica com o problema de não conseguir passar a participação a investidores privados, como gostaria. Além disso, se tiver de fazer uma reavaliação de activos terá de fazê-lo para os 1.500 milhões de capital institucional que controla, mais os 200 milhões de UP que adquiriu, no início do Maio, aquando do último reforço do Fundo de Capitalização.

Por outro lado, os clientes e investidores privados que detêm UP e as queiram revender ao Montepio terão de encaixar uma perda equivalente à diferença entre o valor nominal e a cotação em Bolsa.

A cotação das UP estava a ser artificialmente mantida ao abrigo de um contrato de liquidez que a CEMG mantinha com o Montepio Investimentos, o seu braço operacional para a banca de investimento, e que assegurava a recompra das UP. Mas o contrato de liquidez não foi renovado, no primeiro semestre, o que contribuiu para o afundar das cotações.

O capital da CEMG divide-se entre os 1.500 milhões de capital institucional e 400 milhões representados por UP de um Fundo de Participação, constituído em 2013 para alargar o leque accionista a novos investidores. A Associação Mutualista Montepio Geral detém a totalidade do capital institucional e, directa e indirectamente, mais de metade das UP.

O Fundo de Participação foi constituído em 2013 no âmbito de um aumento de 200 milhões de euros do capital da CEMG, tendo na altura as 200 milhões de UP sido subscritas por investidores particulares e institucionais, abrindo pela primeira vez a instituição a novos accionistas.

No início de Maio, o Fundo foi reforçado em 200 milhões, numa operação que, por imposição do Banco de Portugal e da CMVM, teve de ser integralmente subscrita pela Associação Mutualista. Na altura, o Banco de Portugal vetou a entrada de novos accionistas privados no capital da CEMG e o aumento do capital institucional, obrigando a que o reforço de capitais próprios fosse realizado pela emissão de novas UP do Fundo de Participação.

No final do ano passado, a CEMG registou prejuízos de 187 milhões de euros e um rácio Common Equity Tier 1, com base nos parâmetros que serão exigidos em 2019, de 6,98%. Os 30 milhões de prejuízos, entretanto apurados no primeiro semestre, a diminuição dos depósitos de clientes e o risco da carteira de grandes clientes exigiam o aumento do capital.

Com a anterior administração da CEMG sob o crivo apertado das autoridades, por actos irregulares na gestão do banco, os supervisores optaram por não permitir a entrada de investidores privados que pudessem vir a ser penalizados.

A quebra da cotação das UP dificulta a futura entrada de accionistas privados na CEMG, no âmbito de um novo aumento de capital, necessário para repor os rácios de capital. A Associação Mutualista está descapitalizada com a perda de dividendos da deficitária CEMG, que somou mais de 200 milhões de euros de prejuízos nos últimos 18 meses, e está sem músculo financeiro para subscrever um novo aumento, o que obrigará à entrada de novos sócios.

Governo negoceia Banif com chineses do Novo Banco

O Governo está a negociar secretamente com os chineses da Anbang e da Fosun a possibilidade de entrarem no Banif. Depois dos chineses terem sido afastados da corrida ao Novo Banco, por se recusarem a melhorar as respectivas ofertas, a solução Banif resolveria simultaneamente os problemas do futuro do banco, onde o Estado tem neste momento a maioria e de onde tem de sair num horizonte a um ano, e dos dois chineses, que mantêm o interesse em garantir presença no mercado bancário português.

Como o CONFIDENCIAL já adiantou, Governo e Banco de Portugal sempre mantiveram o Banif como solução para um dos candidatos preteridos na corrida ao Novo Banco. As pretensões do Governo podem, no entanto, ser frustradas pela possibilidade, avançada esta semana em Madrid, de um dos dois grupos chineses virem a comprar a operação portuguesa do BBVA, que garantirá uma quota ligeiramente inferior, mas com muito menor risco.

Venda do Novo Banco fora do calendário eleitoral

O Banco de Portugal está a dilatar o prazo de negociação do Novo Banco de tal modo que a venda poderá já estar inviabilizada antes das eleições legislativas.

O modelo do Novo Banco está ultrapassado, com um backoffice muito pesado e níveis de estrutura excessivos, com a agravante de possuir uma rede de balcões demasiado especializados, não apresentando a agilidade necessária para a captação de recurso.

De referir ainda que o Novo Banco foi obrigado pelo BCE a avançar com um aumento de capital de pelo menos mil milhões de euros, tendo 251 milhões de euros de prejuízo por imparidades no primeiro semestre, ao qual acrescem cerca de 830 milhões de euros de litigância e eventualmente cerca de 40% do activo imobiliário poderá estar sobrevalorizado.

Ao fim de um ano da Resolução no BES, o Novo Banco poderá assim representar um custo de cerca de 10 mil milhões de euros, valor que mais que duplica o próprio valor da Resolução. Ora, se os chineses só estarão disponíveis para pagar 3 mil milhões e mais mil milhões para o aumento de capital, ficam a faltar cerca de 6 mil milhões de euros, valor este que terá que ser alocado ao Fundo de Resolução.

ANA amplia Portela, 2ª circular deixa de ser via rápida

O facto do aeroporto da Portela não ter capacidade para receber os novos modelos da Airbus e da Boeing levou a ANA a decidir pela ampliação das pistas do aeroporto, contemplando ainda a mudança da Aerogare n.º 1 para noroeste (lado ocidental), no sentido de Loures, ou seja, entre a Alta de Lisboa e o actual aeroporto.

A Câmara Municipal de Lisboa irá desactivar a 2.ª Circular como via rápida, que passará a estar ajardinada no centro, convertendo-se em via urbana, tornando a CRIL no grande eixo e para onde deverá ser desviado o tráfego entre Cascais e Norte. Este projecto irá valorizar Benfica, Alvalade, Alta de Lisboa e a Portela, que passarão a estar no perímetro da cidade de Lisboa. A Alta de Lisboa, promovida pelo empresário Stanley Ho, será o principal beneficiário desta alteração.

Fernando Ulrich e Isabel dos Santos em guerra aberta

As relações entre a empresária angolana Isabel dos Santos, segunda maior accionista do BPI, e Fernando Ulrich, deterioraram-se muito depois das declarações ao “Expresso” do actual presidente do BPI, afirmando que se Isabel dos Santos quer o controlo do BFA, o BPI poderá criar um banco gémeo em Angola. A declaração de Ulrich foi considerada hostil aos olhos dos accionistas angolanos.

BCP e Novo Banco aliviam dívida do Sporting

O Millennium bcp e o Novo Banco, que subscreveram os valores mobiliários obrigatoriamente convertíveis (VMOC) emitidos pelo Sporting SAD, no valor de 80 milhões de euros, poderão ficar com 54% da SAD leonina, quando se converterem os VMOC em capital, se não dispersarem as suas posições. O BCP ficará com mais de 38%, o que o obrigará a lançar uma OPA sobre a SAD. Entretanto, vencem os VMOC emitidos em Janeiro.

Segundo o Sporting, a emissão de valores mobiliários obrigatoriamente convertíveis (VMOC) em acções da sociedade, escriturais e nominativos, foi no montante de 80 milhões de euros, com prazo de 12 anos. Estes VMOC serão convertíveis em acções ordinárias (categoria B) da Sporting SAD, com taxa de juro anual bruta condicionada de 4%, devida quando existam resultados distribuíveis pela Sporting SAD no exercício económico findo anterior à data de pagamento dos juros anuais. A emissão foi efectuada mediante subscrição privada com realização em espécie, consistindo na conversão de créditos detidos sobre a Sporting SAD pelo Novo Banco, no montante de 24 milhões de euros, e pelo Banco Comercial Português, no montante de 56 milhões de euros.

O Sporting avançou ainda com a fusão por incorporação da Sporting Património e Marketing, SA, na Sporting SAD, com transferência do património daquela, o qual inclui a prorrogação do direito de superfície sobre o Estádio José Alvalade e sobre o edifício multidesportivo. A fusão implicou um aumento de capital social da Sporting SAD no montante de 8 milhões de euros.

Brasil reforça financiamento a Angola

O Governo brasileiro vai aumentar a linha de financiamento institucional para investimentos no mercado angolano, actualmente fixada em mil milhões de dólares por ano e que tem como contrapartida fornecimentos de crude angolano ao Brasil. Já foi assinado um acordo para elevar em 52 milhões de dólares uma linha de crédito de 500 milhões, já existente para apoiar a criação de pequenas e médias empresas e impulsionar o investimento privado através de joint-ventures entre empresas dos dois países.

Entrada do Estado garante contratos à Efacec

O Estado angolano passou a deter directamente 26% da Efacec Power Solutions, depois do Presidente da República, José Eduardo dos Santos, ter autorizado a Empresa Nacional de Distribuição de Electricidade (ENDE) a tomar 40% da Winterfell Industries, empresa liderada por Isabel dos Santos, filha do presidente, que,  no início de Junho, comprou 65% do capital da Efacec Power Solutions aos grupos portugueses José de Mello e Têxtil Manuel Gonçalves, por 200 milhões de euros. O valor da transacção não foi divulgado, mas terá aliviado Isabel dos Santos do esforço financeiro feito para a compra do grupo português, e garantido à Efacec uma parte de leão nos contratos de fornecimento para o ambicioso plano de desenvolvimento da ENDE.

A autorização de José Eduardo dos Santos consta de um despacho de 18 de Agosto, justificando a compra, pela estatal ENDE, com a “necessidade da realização de investimentos estratégicos com vista a reforçar a capacidade operacional do sector empresarial público angolano” na área energética. O governo de Angola vai também capitalizar a ENDE, num valor equivalente a 42,8 milhões de dólares.