Indianos batem chineses nas renováveis de Moçambique

Moçambique fechou um acordo de cooperação técnica na área das energias renováveis com a Índia. O Governo da Índia estabeleceu como meta a produção de 175 gigawatts em energias renováveis até 2020, que incluem 100 gigawatts de energia solar, 60 gigawatts de energia eólica, 10 gigawatts de energia de biomassa e 5 gigawatts de energia através de mini-hídricas.

O acordo com a Índia relega para segundo plano a cooperação com a China, num país lusófono onde a portuguesa EDP poderia funcionar como chave de acesso da sua principal accionista, a chinesa China Three Gorges.

Costa quer avançar para Governo com o BE, mas PS pode fragmentar-se

AntonioCosta

Depois do PCP ter dado o acordo a um governo de esquerda sem condições (nomeadamente as questões da NATO, Euro e EU, que o afastam do PS), torna-se mais fácil o avanço do governo de coligação entre o PS e Bloco de Esquerda, liderado por António Costa.

Cientes desta situação, PSD e CDS-PP avançaram com uma coligação com incidência governamental, antes mesmo de iniciarem contactos com o Partido Socialista conforme solicitou Cavaco Silva no encontro com o primeiro-ministro em exercício, esta terça-feira. A pressão, do lado da direita, é fazer cair sobre o PS o ónus da inviabilização de um governo de centro direita, que daria continuidade à política de sustentabilidade orçamental do mandato anterior.

 

O sentido estratégico do acordo PS-BE

Na Europa o inimigo central continua a ser Moscovo. E é nesse alinhamento que devem ser vistos os movimentos com futuro, em Portugal e na Europa. O Partido Comunista e o Partido Socialista são partidos que tendencialmente tendem a desaparecer no novo ciclo europeu.

A vitória do Syriza e o acordo de estabilização dos gregos são sinais do futuro da esquerda europeia – no novo contexto estratégico e de segurança da Europa -, que em Portugal é protagonizada pelo Bloco de Esquerda e que, de algum modo, António Costa pode protagonizar, integrando-o numa coligação com o PS, que tende a ganhar um novo posicionamento político no espectro partidário nacional. O PS português e o BE podem ocupar esse espaço, que redefinirá toda a esquerda europeia.

Basicamente o que está em causa na Europa é a destruição da 3ª Internacional, depois do colapso da ex-URSS. E, portanto, o arrumar dos partidos políticos em Portugal obedecerá também a esta lógica. É aliás isso que explica que a tradicionalíssima Universidade de Coimbra tenha convidado o ex-ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis, para ser o conferencista convidado na aula inaugural dos programas de doutoramento do seu Centro de Estudos Sociais (CES). Varoufakis estará na Universidade de Coimbra dia 17 de Outubro.

A aula dada pelo ex-ministro das Finanças sob o tema “Democratising the Eurozone” irá assinalar o início do ano lectivo dos 12 programas de doutoramento que o CES oferece, em parceria com várias unidades da Universidade de Coimbra e com outras universidades nacionais e internacionais.

 

Coligação de Centro direita na oposição

A possibilidade de formação de um governo que respeite as exigências do Presidente da República vai colocar na oposição Passos Coelho e Paulo Portas, o que pode levar a um rearranjo também à direita, nos próximos meses. Será um ano difícil e que coloca o próximo Presidente da República no centro da vida política nacional. Nesse contexto Antonio Costa foi o primeiro a deixar cair o tema das presidenciais na área socialista, dando liberdade de voto aos militantes na primeira volta, que funcionará assim como uma espécie de eleição primária entre ao candidatos da esquerda.

Fragmentação do PS

O socratismo, alguns seguristas, Alegre e até o grupo de Macau – todos meios do velho PS alinhados com a 3ª Internacional –, juntaram-se na candidatura de Maria de Belém, que poderá deixar de ter o apoio da Universidade Europeia (com ligações aos EUA).

Por isso, o avanço de Maria de Belém acaba por ser pouco credível, até porque não faz sequer o pleno do próprio partido socialista e junta todos os perdedores de um governo de esquerda dirigido pelo PS.

A possibilidade dos cerca de 15 deputados próximos de Seguro e Belém virem a criar um grupo parlamentar autónomo e viabilizarem o Programa de Governo e os Orçamentos de um Governo da Coligação, está em cima da mesa dado que discordam de um Governo à Esquerda. A fragmentação do PS em linha com o que aconteceu com os Partidos Socialistas da Europa, está portanto no horizonte, e a posição de Costa relativamente às presidenciais ajuda a reunir as tropas do velho PS.

Na área socialista, pode ainda aparecer o presidente do Tribunal de Contas, Oliveira Martins, que poderia fazer a ponte também à direita, dado que António Guterres, mesmo sem ter recebido o prémio Nobel da Paz, está numa situação invejável para ser o próximo Secretário-Geral das Nações Unidas.

Recorde-se que António Vitorino alinhado com os interesses chineses contra os EUA, está totalmente fora de hipótese e não pesa nos novos alinhamentos europeus.

 

A candidatura de Marcelo Rebelo de Sousa

Mas o resultado das eleições legislativas deste fim-de-semana é sobretudo trágico para Marcelo Rebelo de Sousa. Tradicionalmente posicionado, como o pai, contra os EUA, Marcelo Rebelo de Sousa não conta com o apoio de Cavaco Silva, que não o quer na linha de sucessão. A possibilidade de Marcelo vir a recuar é um dado com que alguns meios contam já, mesmo depois do anúncio da sua candidatura ao fim da tarde de 9 de Outubro em Celorico da Beira.

Com Rui Rio sem possibilidade de ganhar umas presidenciais que são críticas para o Centro Direita, Pedro Passos Coelho terá dificuldades em encontrar um candidato que assegure esta difícil transição do sistema político português.

Fusão BPI/BCP volta à mesa das negociações?

Por detrás da subida da cotação das acções do BCP e BPI estará o relançamento pelos accionistas angolanos, da hipótese de fusão dos dois bancos. Isabel dos Santos, segunda maior acionista do BPI, com 20% das acções, e a Sonangol, que é o maior acionista do BCP com a mesma percentagem do capital, poderão relançar a fusão, numa manobra destinada a contrariar os planos do CEO do BPI, Fernando Ulrich, de constituir uma holding para os três bancos africanos do grupo, incluindo o BFA angolano, onde Isabel dos Santos reparte o controlo com o próprio BPI.

Isabel dos Santos vai vetar a proposta e insistir em ficar com a maioria do BFA, comprando uma parte das acções que pertencem ao BPI. A hipótese da Sonangol transferir para os espanhóis do La Caixa, maior acionista do BPI (com 44% do capital e 20% dos direitos de voto) a sua posição no BCP, encaixando generosas mais-valias num momento de aperto financeiro, foi referida por alguns meios ao CONFIDENCIAL. Isabel dos Santos e La Caixa passariam assim a ser sócios de ambos os bancos, numa posição concertada que seria um primeiro passo para a fusão.

Pré-acordo fechado para venda da posição da Mota-Engil na Lusoponte à Vinci

O pré-acordo para a venda da posição de 37% que a Mota-Engil tem na Lusoponte, a concessionária das duas travessias do Tejo em Lisboa, aos franceses da Vinci, está fechad. O negócio deverá ser anunciado nos próximos dias, garantiram ao CONFIDENCIAL

Depois da operação, o grupo francês, que também ganhou a concessão dos aeroportos portugueses, no decurso da privatização da ANA, ficará com uma posição de 73% do capital da Lusoponte, passando a deter o controlo maioritário da empresa.

Depois de vender por 335 milhões de euros as suas operações portuárias ao grupo turco Yildrim, como o CONFIDENCIAL referiu em primeiríssima mão, o grupo Mota-Engil está agora a preparara venda de outros activos não-core, como a concessionária de auto-estradas Ascendi, onde tem o Novo Banco como sócio.

O objectivo de Gonçalo Sousa Martins, CEO da Mota-Engil, é reduzir o gigantesco passivo do grupo que, só ao Novo Banco, estará acima dos 800 milhões. Em África, depois de perder um contrato de 3,1 mil milhões nos Camarões, a afiliada Mota-Engil África ficou dependente dos negócios em Angola e Moçambique, onde os atrasos de pagamento e as dificuldades de reembolsos de capitais são problemas.

Belém prefere uma grande coligação com o PS e Passos deverá convidar Costa para negociações

O Presidente da República só empossará um governo minoritário depois de esgotadas todas as hipóteses de formação de um governo de Bloco Central, que envolva a coligação Portugal à Frente e o Partido Socialista (PS), como acontece com grande parte dos governos europeus.

Para Belém a fratura no país político far-se-á entre os partidos que defendem a NATO, o Euro e a Europa, e os partidos políticos que querem a saída da NATO, do Euro e da Europa.

Recorde-se que não existe nenhum timing constitucional para a formação de um Governo e que entre dar posse a um Governo minoritário que depois cai no Parlamento e depois fica em gestão, será preferível manter o atual executivo em gestão. Daqui decorre que a exigência presidencial pode fazer com que o novo Governo não seja empossado nas próximas semanas, mas que se mantenha atual situação até um acordo entre o PSD e PS seja possível. Belém não põe como condição a inclusão do CDS/PP num desses Governos, mas do lado do PSD haverá todo o interesse em manter a relação com o CDS/PP. Poderemos estar no início de um longo processo negocial.

Note-se, a maioria pró-europeia tem mais de 70% dos votos do Parlamento e deve garantir um governo estável. Porém, Belém gostaria de acelerar as negociações antes mesmo de que se precipite a crise dentro do PS.

A análise feita é que o próprio PS terá toda a vantagem em entrar agora numa coligação para sobreviver. De fora, se votar o programa do governo, o Orçamento de Estado suplementar de 2015, ou o Orçamento de Estado para 2016, perderá sempre votos à esquerda para o Bloco de Esquerda. Por outro lado, se votar contra a coligação perderá definitivamente o centro e assistiremos a uma fragmentação do PS, que num horizonte de uma legislatura poderá desaparecer. A própria sobrevivência de Costa como líder do PS pode depender desta coligação.

Por isso António Costa e o PS têm toda a vantagem a integrar a coligação e garantir uma saída de estabilidade, defende Belém, enquanto o PSD terá que mudar substancialmente a sua estratégia, de modo a acomodar as exigências sociais e as condições orçamentais que António Costa anunciou na noite eleitoral.

Todas as notícias colocadas nos jornais sobre o próximo governo são puras especulações.

O presidente do PSD e primeiro-ministro em exercício não se debruçará sobre o novo governo antes de falar com o Presidente da República e só depois apresentará ao partido a estratégia a seguir ao PSD, na Comissão Política agendada para amanhã.

Da mesma forma, também o avanço de Marcelo Rebelo de Sousa para as presidenciais e sobretudo a possibilidade de ter o apoio do PSD dependem totalmente da evolução do governo e da hipótese de uma grande coligação, que poderá exigir a neutralidade do PSD, de modo a viabilizar a eleição de um Presidente da República mais consensual com o PS. Neste caso, e mesmo depois de se ter afastado, Santana Lopes poderá ser forçado a reconsiderar a sua posição, levando Marcelo Rebelo de Sousa a desistir. Do lado socialista António Guterres poderá ser uma opção consensual. Nas grandes nomeações, uma vez que o PSD indicará o primeiro-ministro e recentemente reconduziu o Governador do BP o PS em caso de coligação poderá indicar o presidente da AR, (podendo ser o próprio Costa) e a presidência da Caixa Geral de Depósitos.

Este será o maior desafio estratégico de António Costa e Pedro Passos Coelho poderá mesmo anunciar, já amanhã, o convite ao PS para iniciar negociações com vista à formação do novo governo.

 

Angolanos salvam M. Coutinho

A M. Coutinho, quarto maior grupo de retalho automóvel, foi salva da insolvência por capitais angolanos. A operação teve o aval dos bancos credores, mas sofreu forte contestação de alguns dos herdeiros do grupo, que, depois da morte do fundador Manuel Coutinho, em Maio, contestaram a liderança de António Coutinho, um dos filhos e o actual CEO do grupo.

A solução acabaria por levar António Coutinho a comprar as posições dos outros herdeiros e posteriormente a vender a maioria do capital do grupo a investidores angolanos.

A M. Coutinho teve uma fortíssima expansão nos últimos 15 anos, sustentada por financiamentos bancários, mas a crise do sector automóvel, a partir de 2008, acabaria por criar grandes problemas financeiros ao grupo.

A entrada de accionistas angolanos permitirá não só amortizar parte do passivo bancário, mas também reforçar a presença do grupo no mercado angolano.

Sonae recupera cenário de encerramento do jornal “Público”

O cenário de encerramento da edição em papel do diário “Público” foi recolocado na agenda do Grupo Sonae, depois de fracassadas todas as tentativas de integrar o jornal num grupo de media. O “Público” ficou de fora do negócio de criação da NOS, pela Optimus e ZON, obrigando a Sonae a suportar directamente os prejuízos do jornal, que continua a perder vendas e audiências diárias.

Na mesa estão várias alternativas, desde a manutenção de edições em papel ao fim-de-semana, mantendo-se o diário online, até ao fim de todas as edições em papel. O exemplo do “Observador” terá convencido Paulo Azevedo de que a manutenção do “Público” unicamente em edição digital, onde o jornal tem resultados excelentes, é uma das opções a considerar.

Os accionistas deram um prazo até à data do próximo aniversário do jornal, em Março do  próximo ano, para que seja encontrada uma solução que viabilize o jornal.

SIC Notícias dispensa António José Teixeira

O director de Informação da SIC Notícias foi dispensado, no âmbito de uma reestruturação do canal, que deverá levar a uma dança das cadeiras, com mais rescisões e a entrada de novas caras para a estação. A saída de António José Teixeira deverá ser anunciada formalmente amanhã, quarta-feira. Nos mentideros especula-se se a nova direcção do canal de notícias da SIC já integrará João Vieira Pereira, o director-adjunto do “Expresso”, que tem comandado a guerra surda da redacção contra o director, Ricardo Costa, e o director executivo, Pedro Santos Guerreiro.

Buraco superior a 10 mil milhões. Plano draconiano de corte de custos e de venda de activos

O plano de reestruturação do Novo Banco implicará um profundo corte nos custos de funcionamento do banco e um downsizing das operações bancárias. Do lado da receita, os esforços concentrar-se-ão na alienação de activos e de carteiras de créditos vencidos.

Aos 4,9 milhões de apoios do Estado e do Fundo de Resolução, o Novo Banco tem ainda de somar 1.000 milhões de euros em perdas com a correcção da sobrevalorização de activos imobiliários, pelo menos 500 milhões em provisões por litigância futura, 1,5 mil milhões em insuficiência de capital, 1,2 mil milhões pela não contabilização como capital de créditos fiscais por impostos diferidos e cerca de 1.000 milhões em perdas previstas na carteira de grandes clientes. Ou seja, mais do que duplicando os 4,9 milhões da injecção de capital e atirando o Novo Banco para uma situação de falência técnica.

A contabilização dos apoios do Fundo de Resolução como despesa pública obriga à apresentação de um plano de reestruturação, que passará à margem do Governo e terá de ser aprovado pela Direcção-Geral de Concorrência da União Europeia (DGCom).

Para já, a administração de Eduardo Stock da Cunha avançou com um plano de corte de custos salariais, que levará à baixa de dois níveis dos actuais quadros do banco. Novas admissões e contratações externas de colaboradores estão congeladas, enquanto não se operacionaliza o plano de rescisões e pré-reformas.

O plano prevê o encerramento de agências e a venda rápida do Banco BEST e de todas as participadas não directamente ligadas à actividade bancária, como a Locarent ou a Esegur, bem como a venda, com prejuízo, de carteiras de crédito já vencido e dos activos imobiliários que o banco ainda não conseguiu alienar.

Mais grave será a imposição por parte da DGCom da venda das operações internacionais do banco, reduzindo o Novo Banco ao mercado nacional. Apesar de estrategicamente esta imposição limitar o Novo Banco a uma dimensão doméstica, a venda das participações no exterior deverá ser a operação mais lucrativa.

Lista única contra Tomás Correia

A guerra pelo controlo do Montepio Geral vai reacender-se, este mês, com a corrida à presidência da Associação Mutualista, que controla a maioria do capital estatutário da Caixa Económica Montepio Geral (CEMG). A apresentação das listas decorrerá até ao final do mês, estando a eleição agendada para o início de Dezembro. O ainda presidente da Associação (e ex-presidente da CEMG), Tomás Correia, pretende recandidatar-se ao cargo, mas está a ser fortemente contestado. Do lado da oposição a Tomás Correia, decorrem as negociações para a apresentação de uma única lista, congregando todas as sensibilidades, e que reunirá alguns pesos pesados do sector financeiro. À margem destas duas listas, o nome de João Costa Pinto, o ex-presidente da Caixa Central de Crédito Agrícola Mútuo e actual quadro do Banco de Portugal, continua a ser insistentemente referido.