Miguel Almeida regressa à Sonae

Miguel Almeida, o CEO da Nos que até Março deixará o lugar para o seu vice, Pereira da Costa, tem lugar de recuo garantido no grupo Sonae, de onde é originário. O actual CEO assumiu a presidência executiva da Nos após a fusão entre a Zon e a Optimus, a operadora de telecomunicações móveis controlada pela Sonae, onde Miguel Almeida era o CEO.

A mudança do CEO, com a subida de Pereira da Costa, corresponde a uma mudança do poder accionista da Nos, com a Sonae a ceder a primazia à empresária angolana Isabel dos Santos.

Coligação PSD-PS sem CDS é uma alternativa para Belém

PassosCosta

Em Belém ponderam-se cenários alternativos, em face da falha do diálogo à direita e dos riscos à esquerda. Em cima da mesa poderá estar um novo Governo de bloco central entre o PSD e o PS, sem a participação do CDS.

Falhadas as negociações entre a Coligação PSD-CDS e o PS e sem garantias do empenho do PCP e do BE nas determinantes externas de Portugal, mas sobretudo diante da possibilidade de fragmentação do Partido Socialista, o presidente Cavaco Silva pode considerar que o País não tem que ficar refém do CDS, que forçou o líder do PSD, Passos Coelho, a acelerar a formação de uma coligação depois das eleições e que condiciona a participação do PS no Governo, pois isso implicaria a deslocação do centro político para a esquerda do PS e a destruição do espaço político do partido. O Presidente da República poderá pessoalmente empenhar-se nesta solução.

 

Fragmentação do PS trava Costa

Nem Passos Coelho se adaptou ao facto da política ter deixado de ser ditada de fora, nem António Costa está disposto a dar a sua pele sem aproveitar a oportunidade que Jerónimo de Sousa lhe criou, ao avançar com a hipótese de o PCP – e por arrasto o BE – viabilizar o programa de um governo socialista.

Na área socialista, Francisco Assis anunciou que desafiará António Costa em Congresso, caso este insista num governo minoritário do PS-BE, viabilizado parlamentarmente pelo PCP. Francisco Assis defende que o PS não deve governar a qualquer preço e que deveria viabilizar o governo da Coligação e o seu Orçamento para 2016, constituindo-se como o grande partido alternativo da oposição. Só assim se respeitará o resultado das eleições e, a prazo, vencer as próximas legislativas e recuperar a maioria.

Mas viabilizar o programa de governo da esquerda não significa viabilizar os quatro Orçamentos do Estado da legislatura. E o PCP não deu a Costa a garantia de os aprovar, pelo que os termos da estabilidade política para a legislatura não estão assegurados nos termos solicitados pelo Presidente da República.

Com a publicação dos resultados eleitorais, ainda na sexta-feira ou na segunda-feira, o Presidente da República vai seguir o processo constitucional e ouvir os partidos políticos e depois indigitará como primeiro-ministro o líder da coligação e do partido que obteve mais mandatos parlamentares. No caso, o PSD, que garantiu 107 deputados.

De recordar que os prazos podem não ser alterados, mesmo com a impugnação do Nós, por causa da irregularidade da contagem de votos na China (Macau).

Passos Coelho deverá formar governo e apresentar no prazo de 10 dias o seu programa à Assembleia da República. Apesar de não negociar directamente com Francisco Assis, ou com os deputados afectos a António José Seguro, que já se manifestaram contra uma solução de esquerda e que já antes equacionaram a hipótese de criar um grupo parlamentar autónomo do PS, em divergência com a estratégia de António Costa querer formar governo com o BE e o PCP, Passos Coelho precisa apenas da ausência de nove deputados da oposição, para evitar a rejeição do Programa de Governo. Depois, tem 90 dias para apresentar o Orçamento do Estado, correndo o risco de algumas medidas de austeridade caducarem no fim do corrente ano. Se o Orçamento passar até 16 de Fevereiro, o País vai depois para as presidenciais, no final de Janeiro, mas muito provavelmente, com as dificuldades da governação, nomeadamente com as novas medidas de austeridade derivadas do colapso do Novo Banco e o abrandamento da economia (ainda esta semana confirmado pelo Banco de Portugal e pela Universidade Católica), teremos eleições legislativas antes do Verão. Recorde-se que o Parlamento poderá ser dissolvido a partir de 16 de Março.

 

Bloco Central se Coligação for rejeitada

Mas se o Programa do Governo for rejeitado ou o Orçamento do Estado para 2016 não passar, o Presidente de República (ainda Cavaco Silva ou o que vencer as eleições) poderá tentar novos entendimentos. E no quadro parlamentar haverá duas possibilidades: ou um governo de esquerda, liderado pelo Partido Socialista – que tem estado em negociação –, ou em alternativa um governo de Bloco Central (PSD/PS).

Com uma maioria de mandatos politicamente oposta ao partido que ganhou as eleições (o que acontece pela primeira vez), depois de rejeitado um governo do partido que ganhou as eleições, seria aceitável a formação de um governo de esquerda, caso o Partido Socialista conseguisse garantir o respeito dos compromissos europeus e atlânticos de Portugal.

Esta situação fragmentaria o PS, o que, a prazo, poderia ser interessante para o PCP, que estrategicamente controla o Bloco de Esquerda. A tentativa de Costa liderar o Bloco e recuperar de imediato os votos que foram para a esquerda nas últimas eleições poderá, a prazo, levar à própria extinção do PS e em próximas eleições garantir uma grande vitória da Coligação.

Uma situação difícil e pouco provável, atendendo a que o próximo ano será particularmente difícil do ponto de vista orçamental, com o Novo Banco a necessitar de capital (que terá de sair das contas públicas) e a economia a dar sinais de novo abrandamento.

O Partido Socialista tem considerado inaceitável uma grande coligação que inclua CDS, pois isso alteraria em definitivo o sistema político, com a deslocação do centro para a esquerda do PS, como aliás aconteceu na Grécia entre os socialistas do PASOK e a esquerda radical do Syriza.

Reforçado, depois da negociação com a esquerda e da iniciativa política que demonstrou, aproveitando a inabilidade do Presidente da República e a deixa do PCP, António Costa poderia assim evitar eleições antes do Verão de 2016, avançando para um Bloco Central.

 

Uma nova coligação ao centro de iniciativa presidencial

Nestes termos, o Presidente da República pode ainda recuperar a iniciativa, tentando construir uma coligação ao centro. Reconhecendo a incapacidade de Passos para formar um governo maioritário e estando mandatado constitucionalmente para indigitar o líder do partido mais votado para primeiro-ministro, Cavaco Silva poderá forçar Passos Coelho a desfazer a armadilha criada por Paulo Portas, ao acelerar a criação de uma coligação governamental, antes mesmo dos contactos com os restantes partidos e as consultas do Presidente da República. Isto significa que o Presidente da República pode forçar à dissolução da Coligação minoritária PSD-CDS e forçar o PSD a entender-se com o Partido Socialista.

Este cenário resolveria a crise política e garantiria um governo maioritário. Paulo Portas e os partidos à esquerda do PS ficariam na oposição, estando criadas as condições para o País garantir as reformas estruturais necessárias para garantir o crescimento económico e o pagamento da dívida pública.

 

 

 

Referendo condiciona agendas das cimeiras da UE, Bruxelas faz ultimato a Cameron

DavidCameron

Os funcionários europeus avisaram David Cameron (na foto) para cumprir o prazo de início de Novembro para definir, por escrito, as suas exigências de reforma da União Europeia, garantiram ao CONFIDENCIAL fontes diplomáticas.

Se o primeiro-ministro britânico não indicar a lista até ao início de Novembro, disseram as fontes, o assunto será apagado da agenda da cimeira dos líderes da UE, marcada para Dezembro. Essa reunião foi planeada, há muito tempo, como o momento em que os líderes europeus darão uma orientação sobre os pontos que estão dispostos a aceitar, a fim de manter o Reino Unido na União Europeia.

O desconforto com a recusa de Cameron em revelar as suas exigências de negociação soma-se às críticas ao primeiro-ministro britânico a respeito da sua manipulação do referendo do Reino Unido à União Europeia.

Fontes diplomáticas em algumas capitais europeias queixam-se de que os britânicos não sabem o que querem. Em casa, o próprio Partido Conservador, de Cameron, recusa-se a apoiá-lo nesta questão – tendo declarado neutralidade.

A oposição (trabalhistas e verdes) também está dividida. Até mesmo o líder dos pró-europeus democratas liberais, Tim Farron, considera que a abordagem de Cameron ao referendo é um erro estratégico.

Expressando frustração com a falta de qualquer lista de exigências concretas antes da cimeira desta semana, fontes do Conselho Europeu admitiram que os líderes nacionais não poderão esperar para discutir ao detalhe as exigências britânicas, sem antes terem pelo menos um mês para discussões preparatórias com Londres.

Contrariando a declaração recente de Downing Street de que “as negociações técnicas estão a progredir bem”, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, tirou a “análise técnica” do referendo no Reino Unido da agenda da cimeira desta semana, que agora inclui apenas uma discussão geral do “processo”.

O cronograma original tinha incluído uma apresentação sobre o que seria e não seria jurídica e logisticamente possível atingir no decurso de 2016 e 2017.

Oficialmente, o porta-voz de Tusk, Preben Aamann, disse, segunda-feira, que não havia prazo oficial dado ao Reino Unido para fornecer detalhes, nem “nenhuma ameaça para ajustar a agenda do Conselho Europeu de Dezembro”.

 

 

TAP perde monopólio nas ligações directas da Europa com Moçambique

O início a 28 de Outubro da ligação regular da Turkish Airines, entre Istambul e Maputo, com escala em Joanesburgo, vai retirar à TAP o monopólio das ligações directas entre Moçambique e a Europa.

Com a rota de Maputo, a transportadora aérea turca aumenta o número de cidades no continente africano cobertas, que deverá atingir um total de 48 até ao final do ano, com a adição de seis novos destinos. Com 25 novas rotas abertas em três anos, a Turkish Airlines tornou-se a transportadora aérea não africana com a maior rede de destinos no continente, ultrapassando a Air France e a Emirates.

Em Moçambique, a transportadora local, Linhas Aéreas de Moçambique (LAM), permanece na lista negra das companhias impedidas por Bruxelas de sobrevoar o espaço europeu.

Durão Barroso recusa, Xanana deverá ser o próximo secretário executivo

Com o final do mandato de Murade Murargy a aproximar-se e como o secretariado executivo da CPLP é rotativo, será a vez de Timor-Leste nomear o novo secretário executivo. Os dois nomes na mesa são Xanana Gusmão ou Ramos Horta. Dos dois parece que o nome de Xanana é o mais forte. Chegou a falar-se no nome de Durão Barroso, caso Timor-Leste se abstivesse de nomear, contudo, o próprio descartou o convite informal que lhe foi feito nesse sentido.

Angola quer alargar plataforma continental

Angola já apresentou em Setembro, à Organização das Nações Unidas, uma proposta para alargar a sua plataforma continental para além das 200 milhas marítimas. A proposta angolana conflictua com os interesses da República Democrática do Congo, República do Congo, Gabão e Namíbia.

China Three Gorges concorre às barragens no Brasil

China Three Gorges (CTG), o maior accionista da EDP, é um dos concorrentes à concessão para a construção e exploração de 29 centrais hidroeléctricas no Brasil. O interesse dos chineses foi bem acolhido em Brasília, que eliminou a restrição que impedia a apresentação de propostas por parte de grupos e empresas estrangeiros, permitindo assim que a estatal chinesa se possa apresentar a leilão.

A alteração à lei deve-se ao facto de as empresas brasileiras estarem com dificuldades na obtenção de financiamento, devido à crise económica que se verifica no Brasil.

Os apoios do Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social (BNDES) estão a diminuir.

A Companhia Paranaense de Energia (Copel) deverá participar no leilão, à semelhança da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e da Companhia Energética de São Paulo (CESP), havendo ainda manifestações de interesse por parte de empresas dos Estados Unidos, Canadá e Espanha.

A China Three Gorges já fechou um acordo este ano para a compra de activos da brasileira Triunfo Participações e Investimentos (TPI), uma empresa com sede em São Paulo, com forte presença nos segmentos de concessões rodoviárias, administração portuária e aeroportuária e produção de energia.

Guiné-Bissau na mira da cooperação económica chinesa

Depois de Angola e Moçambique, a China está agora a reforçar a cooperação económica com a Guiné-Bissau. No início do mês, foi assinado um protocolo entre Câmaras de Comércio de ambos os países, para o desenvolvimento de projectos nas áreas agrícola, das infra-estruturas e industrial. Na África Ocidental, os chineses já têm uma presença forte na Tanzânia, Uganda e Quénia.

Porto de águas profundas arranca com financiamento chinês

A China Harbour Engineering Company (CHEC) vai co-financiar, projectar e construir o porto de águas profundas de São Tomé e Príncipe, num investimento total superior a 800 milhões de dólares. O primeiro porto de águas profundas do arquipélago ficará localizado na zona de Fernão Dias, no distrito de Lobata, a 12 quilómetros da capital de São Tomé e Príncipe e estará concluído dentro de quatro anos. Para garantir a sua participação, a CHEC, subsidiária do grupo China Communications Construction Company Ltd (CCCC), para a área da engenharia, libertou um financiamento de 120 milhões de dólares.

O primeiro-ministro de São Tomé esteve, entretanto, em Londres para reuniões com investidores e parceiros de vários países, entre os quais Portugal, procurando captar investimento para projectos estruturantes, como as infra-estruturas, o turismo, a prestação de serviços e os transportes.

Entre os projectos qualificados de estruturantes estão o alargamento da pista e a modernização do aeroporto internacional de São Tomé e a construção do porto de águas profundas.

OMC sugere redução de taxas aduaneiras

Angola deve rectificar os casos em que as tarifas aduaneiras e outros impostos excedam o nível médio de 10,9%, recomenda a Organização Mundial do Comércio (OMC), que se prontificou a fornecer assistência técnica para ajudar as autoridades angolanas.

A equipa de técnicos da OMC constatou que Angola introduziu um conjunto de medidas proteccionistas destinadas a substituir importações, com a introdução de uma nova pauta aduaneira, que subiu as taxas aduaneiras sobre produtos importados que podem ser produzidos localmente, entre 2% a 50%, para um valor médio simples de 10,9%, face aos 7,4% de 2005.

Na Análise de Políticas de Angola, a segunda desde 2006, a equipa da OMC sugere a Luanda que reduza os seus custos de produção, com a redução de tarifas de importação e que facilite o comércio com o exterior, para aumentar a competitividade e promover a produção local.