Compra de armamento e INEM tramam Miguel Macedo

O caso mais grave de corrupção da próxima legislatura envolverá o ex-ministro Miguel Macedo numa rede de influências para a compra de equipamento militar e de helicópteros para o INEM, com pagamento de chorudas comissões. Foi, aliás, a compra dos helicópteros e de outros equipamentos para o INEM, num valor que, segundo disseram ao CONFIDENCIAL, ultrapassará os 1.000 milhões de euros, que ditou o afastamento do presidente do instituto. O poder da rede, entretanto já parcialmente desmantelada pelos investigadores do caso, impôs-se à vontade do presidente do INEM, Paulo Campos, que pretendia denunciar publicamente o caso.

Governo de esquerda vai reverter privatização da TAP

A reversão da privatização da TAP é um dos dossiers negociados entre PS, Bloco de Esquerda e PCP, que pretendem anular a venda de 61% do capital ao consórcio liderado por David Neeleman e relançar a operação em novos moldes, onde o Estado manterá a maioria do capital.

O problema dos bancos em reestruturarem os créditos sobre a companhia aérea prende-se com esta incerteza, que reforça a necessidade de manter a garantia do Estado sobre esses financiamentos. O problema é que a DGCom da União Europeia já aprovou a venda a Neeleman e não aceitará facilmente, nem a reversão do negócio, nem a manutenção das garantias estatais, que terão de ser inscritas como responsabilidades do Estado, afectando o défice público.

Na mira do Governo de esquerda estarão também alguns negócios suspeitos e que voltarão à agenda política, como o dossier dos submarinos, o caso dos Vistos Gold e as privatizações que envolveram grupos chineses, como a REN, a EDP, a Fidelidade e o BESI.

Ricciardi perde idoneidade

 

O Banco de Portugal vai retirar a idoneidade a José Maria Ricciardi, impedindo o banqueiro de ser reconduzido como CEO do Haitong Bank (ex-BESI). Há um mês, o banco central avançou com a segunda acusação contra os antigos administradores do BES. Ricardo Salgado, Amílcar Morais Pires e José Maria Ricciardi são três dos 18 arguidos acusados da prática, com dolo, de diversas infracções relacionadas com o BESA, o braço angolano do BES, descobertas na sequência de uma auditoria forense, que aponta para uma gestão ruinosa no crédito concedido ao BESA e para falhas na prevenção de branqueamento de capitais.

Propostas de compra até ao final do mês

O prazo dado pelo Haitong Bank (ex-BESI) para apresentação de propostas vinculativas para a compra do “Económico” termina no final do mês. Apesar de se manterem os seis interessados já anteriormente referidos pelo CONFIDENCIAL, na sua maioria angolanos, o Haitong só recebeu até ao momento manifestações de interesse e nenhuma proposta concreta.

Miguel Almeida quer ficar

Miguel Almeida pretende manter-se como CEO da Nos por mais um mandato, garantiram ao CONFIDENCIAL fontes internas da empresa de telecomunicações. Apesar de ter garantido um lugar de recuo na Sonae (de onde é originário), Miguel Almeida não equaciona o cenário da sua substituição. Os órgãos sociais para o próximo triénio serão eleitos na próxima assembleia-geral, que se realizará no primeiro trimestre do próximo ano.

Nas últimas semanas têm corrido rumores que dão como certa a saída de Miguel Almeida, na sequência de um acordo entre a Sonae e Isabel dos Santos, que garantirá a esta última o direito de escolher o próximo CEO da empresa e implicará um ligeiro reajuste das posições relativas dos dois sócios, com o reforço da posição da empresária angolana.

Como sucessor tem sido apontado o actual CFO, José Pedro Pereira da Costa, vice-presidente da Comissão Executiva e um dos dois elementos da gestão (juntamente com André Almeida), que transitaram da Zon, aquando da fusão com a Optimus.

As fontes internas da Nos, que falaram ao CONFIDENCIAL, consideram este cenário especulativo e garantem que as referências a Pereira da Costa se destinam apenas a queimar o seu nome da lista de possíveis sucessores de Miguel Almeida.

Rui Serpa de regresso a Lisboa

Rui Serpa, o português que a Red Bull escolheu para liderar as suas operações na Colômbia, está de regresso a Portugal. Serpa, que, em 2015, com 35 anos, assumiu a direcção da Red Bull em Portugal, antes de partir para Bogotá, em 2014, passou pela Procter & Gamble, Nielsen, Vidago Pedras Salgadas e Refrige/Coca Cola. A seguir.

Mudanças na direcção do “Negócios”

A sucessão da actual directora do “Negócios” já está na agenda da administração da Cofina, devido à quebra continuada das vendas e aos fracos resultados comerciais dos últimos meses. As vendas em banca estão abaixo dos 2000 exemplares e no online, onde o “Negócios” era o líder incontestado, o rival “Diário Económico” reduziu a diferença a praticamente zero. As receitas comerciais estão igualmente em baixa, face aos valores de há um ano.

Helena Garrido, que há cerca de um ano e meio sucedeu a Pedro Santos Guerreiro na direcção do “Negócios”, conseguiu gerir com mestria a transição, mas o seu perfil é considerado demasiado cinzento para a direcção do “Negócios”. O alinhamento excessivo do jornal com as posições do Governo levantou, entretanto, alguma contestação interna à directora, sobretudo por parte de ala mais à esquerda da redacção, o que facilita a sucessão. Garrido será substituída no prazo máximo de seis meses.

Há três cenários de sucessão em estudo:

– Manter Helena Garrido como directora e nomear um director executivo, que garanta o dia-a-dia do jornal e tenha um perfil mais ajustado. Neste cenário, o actual director adjunto André Veríssimo será o candidato mais forte;

– Nomear um sucessor para Helena Garrido, mantendo, no entanto, a directora em funções não executivas, no próprio “Negócios” ou no grupo Cofina, em reconhecimento pelo trabalho prestado. Neste caso, a sucessão será externa, o que poderá ser contestado pela redacção;

– Nomear como director executivo o actual director adjunto Nuno Carregueiro, a eminência parda por detrás do sucesso online do “Negócios”. Com um perfil demasiado ligado ao terreno de operações, Carregueiro deixaria a Garrido as funções públicas de representação do jornal (incluindo a presença em conferências e nos debates televisivos), focando-se no dia-a-dia da redacção. Este é o cenário de sucessão mais forte, caso o “Negócios” passe a ser um diário online, mantendo apenas uma edição em papel ao fim-de-semana, com publicação à sexta-feira. Uma hipótese que a Cofina mantém em aberto, mas só se o rival “Diário Económico” fechar ou seguir a mesma estratégia.

Melícias e Pinto Correia afastam-se de Tomás Correia

Na guerra pelo controlo da Associação Mutualista que controla o Montepio Geral, o ainda presidente Tomás Correia perdeu dois aliados de peso. Vítor Melícias e Álvaro Pinto Correia, dois pesos pesados que garantiam alguma credibilidade a Tomás Correia, não irão integrar qualquer lista. A agitação mediática em torno das irregularidades da gestão de Tomás Correia, enquanto presidente da Caixa Económica Montepio Geral (CEMG), afastou estes dois históricos da Associação Mutualista e do Montepio Geral e que, por razões diferentes, querem sair do fogo cruzado dos media.

Na CEMG, o novo presidente, José Félix Morgado, já está a varrer a casa e entrou em rota de colisão com o seu antecessor, Tomás Correia. Recentemente, os dois foram vistos numa violenta discussão num restaurante de Lisboa, num jantar que tinha como objectivo aproximar posições, mas que acabou por ter o efeito oposto.

Félix Morgado, que conta com o apoio do Banco de Portugal na difícil reestruturação da CEMG, não estará disposto a branquear as irregularidades da anterior administração, nomeadamente as operações que envolvem o Finibanco Angola, onde Tomás Correia se mantém como presidente, mas de onde poderá vir a ser proximamente afastado pelo próprio Félix Morgado.

Na preparação para as eleições para os órgãos sociais da Associação Mutualista, que terão lugar no início de Dezembro, falharam, entretanto, as negociações em curso para a formação de uma lista única de oposição à lista liderada por Tomás Correia. As listas terão de ser apresentadas até ao final do mês.

António Guterres na corrida para presidente da Gulbenkian

O futuro de António Guterres poderá passar pela presidência da Gulbenkian, depois do ainda líder da Comissão da ONU para os Refugiados ter perdido a corrida para o Nobel da Paz, que o próprio chegou a anunciar como certa no grupo restrito dos seus familiares e amigos. O antigo primeiro-ministro contava com o prestígio do Nobel para entrar no circuito internacional de conferências, onde Durão Barroso, Bill Clinton e Tony Blair, entre outros, encontraram uma lucrativa actividade, depois de terem abandonado a política activa.

O lugar de recuo de António Guterres é agora a Fundação Calouste Gulbenkian, onde o seu antigo ministro das Finanças, Guilherme de Oliveira Martins, acaba de entrar como administrador executivo, em substituição do também seu antigo ministro (neste caso da Educação), Marçal Grilo. Guterres já é administrador não executivo e é apontado como o mais forte candidato à presidência da instituição.

A presidência da Gulbenkian está neste momento nas mãos de Artur Santos Silva, o chairman do BPI e próximo do PSD, que assumiu funções em 2011, em substituição do socialista Rui Vilar. Embora Santos Silva possa cumprir um segundo mandato, nos termos dos estatutos da Fundação, fontes internas garantiram ao CONFIDENCIAL que o actual presidente estará, por vontade própria, de saída.

Neste cenário, e respeitando a regra de alternância política desde que a presidência da Fundação passou a caber ao Presidente da República, o sucessor de Santos Silva deverá vir da área socialista.

Na administração executiva da Gulbenkian, um dos lugares de recuo político melhor remunerados do país, há um desequilíbrio entre membros próximos do PSD e do PS.

Além do presidente Artur Santos Silva (PSD), o Conselho executivo é composto por Isabel Mota (ex-secretária de Estado, ligada ao PSD) e Teresa Patrício Gouveia (ex-ministra, também ligada ao PSD), José Neves Adelino (professor de Economia que, no início do ano passado, substituiu Diogo Lucena, também ele da área social-democrata), Guilherme de Oliveira Martins (único PS) e Martin Essayan (neto de Calouste Gulbenkian). Entre os não-executivos estão o anterior presidente Rui Vilar, o conselheiro de Estado Gomes Canotilho, catedrático de Ciências Jurídico-Políticas, e António Guterres, todos eles socialistas.

Pires de Lima a caminho da PT?

Com o seu afastamento do Governo garantido, o ainda ministro da Economia, António Pires de Lima, terá como destino a Portugal Telecom, garantiram ao CONFIDENCIAL. Pires de Lima dará peso político à administração da empresa, que tem nas mãos alguns dossiers sensíveis, como a redução do investimento, a venda de alguns activos, duras negociações com fornecedores e que deverá anunciar nos próximos dias um plano de redução de pessoal.

O namoro entre Pires de Lima e os franceses da Altice, que este ano tomaram o controlo da Portugal Telecom, dura há meses. Uma primeira sondagem terá sido feita discretamente por Armando Pereira, o sócio português da Altice e o novo homem forte da PT, por altura da inauguração de um call center no Norte.