Stock da Cunha sai, Sérgio Monteiro entra

Eduardo Stock da Cunha fez um ultimato ao Governo, ou se avança com o aumento de capital do Novo Banco, ou o CEO esperará pelo fim da sua comissão de serviço e regressará ao Lloyds, onde desempenhava o cargo de director de Auditoria. O CONFIDENCIAL sabe que não está nos planos do Governo avançar com o aumento de capital, que terá sempre a oposição dos bancos accionistas do Fundo de Resolução, que não podem alocar capital, numa altura de testes de stress à banca.

O ex-secretário de Estado Sérgio Monteiro, recém-incumbido da missão de devolver o Novo Banco a accionistas privados, ocupará o lugar de Stock da Cunha até à conclusão da venda.

Governo aprova aumento de capital da Sofid

A Sofid conseguiu ver a sua proposta de aumento de capital aprovada pelo Ministério das Finanças. O aumento, no montante de 2 milhões de euros, será feito tendo em vista manter a estrutura accionista da Sofid, pois tanto o Estado como os accionistas privados concordaram em avançar já com o reforço de capital.

Criada em 2007, a Sofid tem como objectivo contribuir para o crescimento económico de países emergentes e em vias de desenvolvimento, articulando com os objectivos e a estratégia do Estado português em matéria de economia, cooperação e ajuda pública ao desenvolvimento.

Através da oferta de serviços e produtos financeiros junto de empresas privadas ou públicas (desde que geridas de forma comercial), a Sofid deve contribuir para o incremento das relações a nível produtivo e comercial entre Portugal e os países emergentes e em vias de desenvolvimento, de modo a estimular o seu progresso económico e social.

Banco de Portugal não queria resolução

O Banco de Portugal nunca defendeu a resolução no BES. O CONFIDENCIAL teve acesso a correspondência entre o Banco de Portugal e o Governo, onde se constata que o governador do Banco de Portugal defendia outras soluções para o BES, apanhando de surpresa todos os intervenientes no processo. Assim, e só depois da reunião com a Comissão Europeia, é que o Governo português retirou da cartola o cenário de resolução. A decisão terá sido imposta por Bruxelas ao Governo.

Miguel Relvas no Efisa com apoio do BAI e BNI

A supervisão financeira deu luz verde ao negócio de venda do Banco Efisa. O CONFIDENCIAL sabe que o banco integrado na Participadas, a holding que gere as antigas participações do BPN, foi vendido por cerca de 38 milhões de euros, 2 milhões abaixo do price target. Mais, Miguel Relvas juntou-se ao angolano Mário Palhares, do BNI e BAI, e a António Berardo, da Roland Berger, no núcleo de novos accionistas do Efisa, reunido na Pivot SGPS.

Perestrello rompe com Costa

Marcos Perestrello, até agora um dos indefectíveis de António Costa, está em rota de colisão com o líder socialista, garantiram ao CONFIDENCIAL. O deputado, que lidera a importante Federação Urbana da Área de Lisboa, a mais importante estrutura distrital do PS, não gostou de ter passado para segundo plano no processo de negociação para a formação de um governo de esquerda com o Bloco de Esquerda e PCP.

A opção por Carlos César e Ferro Rodrigues custa assim mais uma baixa nas hostes de António Costa, que depois de Francisco Assis  e da ala segurista, também já viu desertar Luís Amado.

Carrapatoso e SIC fecham Shark Tank II

António Carrapatoso já fechou o acordo com a SIC para a segunda série do reality show Shark Tank, que deverá ir para o ar ainda no primeiro semestre do próximo ano. O gestor, que é também um dos principais promotores do projecto do diário online “Observador”, detém os direitos para Portugal deste formato televisivo, em que empreendedores apresentam os seus projectos e ideias de negócios a um grupo de potenciais investidores. As gravações da segunda série começam em Março.

Haitiong prolonga prazo para venda

O prazo dado pela Haitong (ex-BESI) para receber propostas de compra do Económico foi alargado por mais 15 dias, garantiram ao CONFIDENCIAL. Apesar de não ter sido apresentada até ao final de Outubro nenhuma proposta vinculativa e fechada, o bancoI recebeu manifestações de interesse, que justificam o prolongamento do prazo.

Os interessados pediram acesso a mais elementos. A venda está a cargo do BESI e está bloqueada à Ongoing, principal acionista do Económico, o que quer dizer que a única entidade com poderes para aprovar ou recusar propostas é a Haitong.

Impresa e Cofina em reestruturação

O novo processo de reestruturação do Grupo Impresa atingirá três dezenas de quadros do grupo, incluindo alguns nomes de topo, sabe o CONFIDENCIAL. Na Cofina, e depois das saídas de antes do Verão, há uma nova vaga de rescisões em curso e preparam-se novos despedimentos para janeiro. A quebra de resultados e de margens justificam a medida.

O grupo de Paulo Fernandes continua sem conseguir colocar a CM TV nas grelhas da NOS e da Vodafone, pelos valores que pretende e mesmo a MEO já avisou que a permanência da estação dependerá de uma revisão em baixa dos valores.

Mais afectada pela nova política da MEO, garantiram ao CONFIDENCIAL, será a SIC, que deverá perder entre 20% a 25% das suas receitas anuais com os canais de cabo.

Passos pondera Congresso Extraordinário no caso da queda do Governo

Passos

O presidente Cavaco Silva continua a defender a mesma posição de início: não há condições para dar posse a um governo de esquerda que envolva os partidos que excluem o consenso europeu. E a dificuldade no acordo entre o PS-BE-PCP está aí para provar isso mesmo. Por isso a solução de Bloco Central PSD-PS será a que se segue.

Mas quer Belém, quer o primeiro-ministro empossado, estão convencidos que haverá uma coligação negativa para deitar abaixo o actual governo no próximo dia 11 de Novembro, por força de uma moção de rejeição que os três partidos da oposição de esquerda deverão apresentar.

Com a queda do governo de coligação PSD-CDS esta coligação dissolve-se e está esgotada a potencialidade de um entendimento da coligação com o PS.

Não pretendendo Belém alimentar mais a deriva de esquerda, que permitiu a António Costa sobreviver dentro do Partido Socialista depois da derrota eleitoral, ao mesmo tempo que deu tempo para se organizar a oposição interna (leia-se Francisco Assis e Miguel Beleza) sem haver ruptura ou fragmentação do PS – esta uma das grandes preocupações do discurso presidencial –, a solução que fica na actual legislatura é a de um entendimento entre os dois partidos do centro político, ficando de fora, à direita, o CDS, e à esquerda, o BE e o PCP.

 

PCP sobe preço a um Costa refém

Apesar dos avanços e recuos nas negociações à esquerda, António Costa quer chegar a acordo para um governo de legislatura com o BE e PCP antes de apresentar e votar uma moção de rejeição ao governo. Ciente dessa situação Catarina Martins baixou as exigências do BE no sentido de facilitar o acordo, admitindo mesmo um governo do PS com um acordo de incidência parlamentar para não assustar os mercados e, sobretudo, tirar argumentos ao Presidente da República.

Só que tudo se complicou, com o PCP a perceber que tem tudo a perder se ficar amarrado a um acordo com o PS por quatro anos. Por isso o PCP não vai querer um acordo qualquer. Só viabiliza o acordo com António Costa se ficar claro que a agenda do governo socialista é a sua agenda! Só assim o velho Partido Comunista Português, que na oposição tem evitado o aparecimento de partidos populistas em Portugal, admite comprometer-se, uma situação que significaria PS e BE serem engolidos pela estratégia do PCP.

Para o PCP as ameaças de Carlos César, antes da reunião de quarta-feira à noite, são simplesmente ridículas. O PCP só faria um entendimento com o PS, caso ficasse claro que obteria muito mais que o BE e até mesmo que o PS. Costa só sobrevive politicamente se conseguir criar um governo, e o avanço na linha de um governo de esquerda tornou-o refém do PCP. Se não mandar abaixo o governo, o PS terá alternativa a ele no próximo congresso, alguém que esteve sempre no Centro e defendeu o acordo com o PSD, e não um realista maquiavélico que só pensa na sua própria agenda.

É exactamente nessa linha que vai Francisco Assis, que tinha anunciado ir reunir na Mealhada este fim-de-semana os seus apoiantes e onde iriam aparecer algumas figuras relevantes do partido, ligadas à área segurista. Estava marcada uma sala para 100 pessoas, mas estaria de reserva também uma outra para 200 pessoas, o que garantia sempre uma sala composta. E basicamente o que iriam dizer é que não queriam a fragmentação do PS – na linha do que tem defendido o Presidente da República – mas que, por outro lado, a haver um governo de Bloco Central ou outro tipo de acordo ao centro, seria melhor que o PS escolhesse uma nova liderança genuína e não falsos centristas, como António Costa. Ou seja, se Costa não conseguisse formar um governo de esquerda seria bom que cedesse o lugar de líder a outros. Mas o adiamento que foi ponderado acabou por ser substituído por uma antecipação e a jogada de Costa acabou por funcionar como mobilizador das tropas de Assis: Francisco Assis antecipou o encontro da Mealhada para sexta feira e 400 pessoas já tinham confirmado a presença na quinta à tarde.

A hora é de Francisco Assis, que sempre defendeu que o PS deve deixar passar o governo de coligação e começar a preparar a sua maioria absoluta para daqui a dois anos, depois de uma limpeza do partido, afastando, nomeadamente, os homens de Sócrates que, irresponsavelmente, marcaram os últimos anos da governação socialista. Para estes socialistas é claro que o PCP nunca se deixará ficar nas mãos do PS e que o próprio BE, quando se aperceber que o seu eleitorado percepciona que não soube defender os interesses próprios, como o PCP, poderá dar o dito por não dito e deixar António Costa sozinho. Mas todos têm consciência que o caminho iniciado por António Costa não tem recuo para o próprio, pois recuar significará que tem que abandonar a liderança do partido.

É neste contexto que o secretário-geral do PS, antes da reunião com o PCP na quarta-feira, convoca para este fim-de-semana os dois órgãos internos do seu partido – a Comissão Política e o Comissão Nacional.

No sábado, os socialistas vão concentrar-se à tarde no Hotel Altis para reunir a mais importante estrutura interna entre congressos, a Comissão Nacional, e no dia seguinte, no domingo à noite, deverá reunir-se na sede do partido a Comissão Política Nacional.

Reuniões onde o líder do PS deve dar conta das diligências feitas: ou um governo sem estabilidade à esquerda (que o Presidente da República dificilmente apoiará), mas que justifica a apresentação de uma moção de rejeição que permite a queda do actual governo e a formação de um Bloco Central, ou a abstenção do PS no programa de governo, deixando Passos governar até ao Verão e nessa altura provocar eleições gerais de novo, assegurando desse modo e até lá a eleição de um Presidente da República de esquerda.

Em face desta jogada de antecipação de Costa, o almoço que Francisco Assis convocara para sábado, na Mealhada, com socialistas críticos da negociação e do acordo à esquerda, a denominada “corrente alternativa”, foi antecipado para a noite de sexta feira. Recorde-se ainda a propósito que António Costa e Carlos César, antes desta convocatória, andaram na noite de terça-feira a oferecer lugares na Administração Pública a apoiantes de Assis, para que eles não fossem ao almoço da Mealhada. Mas na quarta-feira de manhã era óbvio que a estratégia fracassara e que a antecipação dos órgãos nacionais para legitimar a posição do partido, antes da votação da rejeição do programa de governo da Coligação PSD-CDS, na terça-feira, era a única saída possível para o gueto em que Costa se metera.

 

Passos incumbido de formar novo Bloco Central?

Depois da eventual queda do governo, caso Costa avance mesmo sem uma solução de governo estável para uma moção de rejeição, o Presidente da República deverá falar com os líderes dos dois maiores partidos e desenvolver esforços para que se entendam, consciente que o eventual acordo de esquerda não é sustentável, embora possa servir para aguentar Costa algum tempo mais na liderança do PS, pelo menos se conseguir formar um governo com Passos Coelho de Bloco Central. Por isso Belém deverá de novo incumbir Passos Coelho para formar um novo governo, agora já sem integrar o CDS, explorando as possibilidades do governo de Bloco Central (PS-PSD). Um cenário que permite a Costa ainda sobreviver, sobretudo se integrar o governo.

Neste contexto, Passos Coelho deverá avançar com a convocação de um novo Congresso para legitimar a nova estratégia governamental do PSD, sem a coligação PaF, abrindo a porta a entendimentos com o PS, tendo em conta os superiores interesses do País.

Esta legitimação não só permite a mudança de estratégia do PSD como legitima a liderança de Passos Coelho e cria um obstáculo à tentativa seguinte de António Costa de vetar o nome do líder do PSD e actual primeiro-ministro, para chefiar um governo do Bloco Central – eventual estratégia para um cenário de rejeição ou impossibilidade da posse de um governo de esquerda, que o PS pode adoptar para complicar a vida ao Presidente da República.

 

Marcelo contra Cavaco Silva e Passos Coelho

Este cenário é o que menos interessa à candidatura presidencial de Marcelo Rebelo de Sousa, que tudo fará para instalar em Belém um governo de esquerda, como Cavaco Silva conseguiu que Jorge Sampaio fizesse ao demitir e dissolver a Assembleia de República, que sustentava o governo de Santana Lopes, e dar posse ao governo chefiado por José Sócrates.

Mas os homens de Belém não consideram que Marcelo Rebelo de Sousa tenha sequer o perfil para ser Presidente da República, apesar da sua popularidade como comentador e professor de Direito.

Do mesmo modo, a Maçonaria do GOL alinhou no contexto a contravontade (por a considerar muito fraca politicamente) por Maria de Belém, tendo já Jorge Coelho assumido a orientação da campanha presidencial. Para integrar a esquerda, Maria de Belém veio dizer ser contra um governo de gestão, mas esse será o cenário que mais lhe interessa. Um Bloco Central pode ser favorável a Sampaio da Nóvoa ou ao aparecimento de um novo candidato presidencial, que estabilize a situação, e um governo de esquerda seria sempre mais favorável a Marcelo Rebelo de Sousa.

Por outro lado, o óbvio amadorismo da companha de Marcelo Rebelo de Sousa, que ingenuamente acha que fazendo a campanha à esquerda – porque a direita estaria garantida – consegue a maioria à primeira volta.

Só que a estratégia de Marcelo está a criar desmobilização e a abstenção à direita, indignação mesmo dentro do PSD e das hostes passistas e cavaquistas, tendo alguns meios percebido que se abre espaço para uma eventual candidatura à direita que possa ter o apoio da Coligação. Somado ao descontentamento estratégico da maçonaria e dos meios militares com os candidatos de esquerda, começa com efeito a criarem-se condições para que tudo possa ainda estar em aberto para as presidenciais de Janeiro.

Um cenário que poderá mesmo levar à desistência de Marcelo Rebelo de Sousa. Recorde-se que Marcelo Rebelo de Sousa ainda não é formalmente candidato e que até ao Natal eventuais candidatos podem ainda aparecer.

 

Lista surpresa no Montepio, apadrinhada pelo Banco de Portugal?

Uma lista encabeçada pelo antigo presidente da Caixa Central de Crédito Agrícola Mútuo, Costa Pinto, ou por outro nome apadrinhado pelo Banco de Portugal, e recheada de figuras ilustres poderá ser a surpresa de última hora na corrida às eleições para os órgãos sociais da Associação Mutualista que controla a Caixa Económica Montepio Geral, disseram há minutos ao CONFIDENCIAL. O prazo para apresentação de listas termina amanhã.