Washington nega ter proibido venda de dólares a Angola

A aproximação de Washington a Luanda é cada vez maior. Depois da assinatura de um acordo contra o branqueamento de capitais, a embaixada norte-americana em Luanda veio agora garantir que os EUA não proibiram a venda de dólares aos bancos angolanos, como foi referido por alguma imprensa portuguesa. “As trocas comerciais legítimas entre os nossos países são importantes e estas dependem do acesso lícito à moeda”, refere a diplomacia americana.

“Os nossos dois governos têm estado a trabalhar juntos para aumentar a capacidade, a nível local e internacional, de combate a branqueamento de capital e financiamento ao terrorismo ao mesmo tempo que procuramos estabelecer laços comerciais ainda mais forte entre ambos países”, adiantam os norte-americanos.

Washington vê com alguma preocupação a crescente influência da Rússia em Angola, de que a China já é o maior parceiro comercial e o maior investidor.

Sonangol faz disparar dívida pública de Angola

 

O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê um “aumento significativo” da dívida pública angolana em 2015.

Os economistas do Fundo referem o forte impacto da crise petrolífera nas contas públicas, identificando que a dívida pública deverá elevar-se, no final do ano, a 57,4% do Produto Interno Bruto (PIB), ou seja 58,5 mil milhões de dólares (54,4 mil milhões de euros).

Trata-se de um aumento face ao peso de 42,2% do PIB, em 2014, com 14,7% a corresponderem à dívida contraída pela estatal petrolífera Sonangol, num total de 15 mil milhões de dólares (13,9 mil milhões de euros), o dobro face aos valores de 2010 da Sonangol, nas contas do FMI.

Entre outras linhas de apoio, o Governo angolano já fechou nos últimos meses financiamentos com o Banco Mundial, no valor de 450 milhões de dólares (418 milhões de euros) – acrescido de uma garantia de 200 milhões de dólares (186 milhões de euros) – e uma nova linha de apoio financeiro da China, no valor de 6.000 milhões de dólares (5,5 mil milhões de euros).

Foram ainda pedidos apoios aos franceses da Société Générale, no valor de 500 milhões de dólares (465 milhões de euros), aos espanhóis do BBVA, de 500 milhões de euros, ou aos norte-americanos do Goldman Sachs e do fundo britânico Gemcorp Capital, cada um com 250 milhões de dólares (232 milhões de euros).

Entre outros, em junho passado somou-se um empréstimo de 123,7 milhões de dólares (115 milhões de euros), aprovado pelo Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), para financiar um projeto de abastecimento de água e saneamento básico em Angola.

Em fevereiro passado foi fechado um acordo com o banco sul-africano Rand Merchant Bank (RMB), que vai financiar o projeto de construção e reabilitação de duas estradas nacionais angolanas (EN 180 e 225), com o empréstimo de 216 milhões de dólares (201 milhões de euros).

Santander financia Angola

O Governo angolano vai contratar um novo financiamento internacional, de 500 milhões de dólares (o equivalente a 465 milhões de euros), junto do Banco de Santander. O financiamento deverá fazer do Santander Totta, o braço operacional dos espanhóis em Lisboa, o pivot preferencial das relações entre a banca portuguesa e Luanda.

O empréstimo surge uma semana depois de garantida a emissão internacional de mais 1,5 mil milhões de dólares (1,4 mil milhões de euros) em eurobonds, títulos de dívida pública angolana, a 10 anos, mas em moeda estrangeira.

 

Marcelo perde direita?

O PSD está muito agitado com as recentes declarações de Marcelo sobre a possibilidade de António Costa formar um governo. A hipótese de um candidato aparecer à direita, com o apoio da máquina do PSD, existe, sobretudo com a viragem à esquerda do professor de Direito.

Marcelo Rebelo de Sousa tem dois problemas e corre agora dois riscos maiores. Em primeiro lugar, a sua pré-candidatura tem-se mostrado pouco profissional (apesar de estar a ser tratada pelos assessores da Fundação Champalimaud e Universidade Europeia), optando o candidato pelo contacto directo, uma estratégia antes seguida por Paulo Portas, em 2011, e que apenas lhe deu menos de 8% dos votos.

Marcelo Rebelo de Sousa tem dispensado a estrutura do PSD, mas não tem conseguido implantar no terreno uma estrutura alternativa e os seus escassos apoios não têm experiência operacional, para montar uma estrutura dessas.

Sem grandes recursos financeiros, uma campanha barata feita nas redes sociais pode não bastar, também sobretudo se outros aparecerem com mais meios.

Em segundo lugar, Marcelo está com um problema de discurso: apesar de há três décadas fazer comentário televisivo, as opiniões de Marcelo Rebelo de Sousa são desconhecidas sobre o que pretende para o País. E a primeira vez que se pronunciou sobre os poderes do Presidente da República foi no sentido de dizer que dava posse a um governo de esquerda, apoiado em partidos antieuropeus e anti-NATO, numa clara clivagem com a coligação PSD-CDS e contrária à opinião de Cavaco Silva, de Pedro Passos Coelho e de Pedro Santana Lopes. O discurso está, portanto, desajustado da realidade política e nem se poderá dizer que “com a direita no bolso”, Marcelo parte à conquista do centro, porquanto a radicalização do discurso político partidário fez desaparecer o centro e criou uma enorme crispação entre a direita e a esquerda.

O regresso do simplismo das ideologias e do discurso sectário e radical dos dois lados é um fenómeno que inaugura um novo ciclo político, antecipado por António Costa e Passos Coelho, no rescaldo das últimas legislativas, que surpreendentemente o conhecido comentador não soube entender. Foi o único que não percebeu que tudo mudou e que o seu discurso pode estar absolutamente ligado ao ciclo passado e não à realidade actual portuguesa.

Por outro lado, Marcelo corre dois riscos grandes: o nervosismo do PSD com o seu posicionamento está neste momento a criar espaço para o surgimento de uma candidatura do centro-direita e, por outro lado, Belém e Cavaco Silva não considerarão o popular comentador político adequado para o lugar.

Acresce ainda que, do mesmo modo que Pedro Santana Lopes foi indigitado, em 2005, primeiro-ministro por Jorge Sampaio, para dar tempo para que José Sócrates fosse eleito líder do PS, depois do Processo Casa Pia, e instalado no poder criasse condições para a eleição presidencial de Cavaco Silva, também agora um governo de iniciativa presidencial, mesmo em gestão, que dê tempo para a substituição de António Costa no PS e mesmo Passos Coelho no PSD, pode abrir caminho para um Bloco Central e criar condições para a eleição de um Presidente da República mais adequado ao actual ciclo político, que não precipite desnecessariamente o País em eleições em Junho que vem.

Mas esse cenário pode nem se colocar. A possibilidade de Santana Lopes ou de Durão Barroso poderem ainda aparecer na corrida presidencial existe até 24 de Dezembro, data em que os candidatos têm que ter apresentado as candidaturas no Tribunal Constitucional. E quer Santana Lopes, quer Durão Barroso, já deram a entender que não patrocinariam um governo minoritário de Costa, ao contrário de Marcelo Rebelo de Sousa. Porém, curiosamente, ambos, com um posicionamento claro à direita, mantêm excelentes relações no PS, tendo mesmo António Costa admitido já em entrevista que o candidato da direita acabará por ser Santana Lopes.

Com ou sem desistência de Marcelo Rebelo de Sousa, a falar para um centro que não existe na política nacional, o aparecimento de um candidato à direita com forte apoio da máquina do PSD forçaria a uma segunda volta nas presidenciais, excluindo eventualmente Sampaio da Nóvoa (com menos máquina que Belém) e Marcelo Rebelo de Sousa.

Subitamente, as presidenciais passaram a estar ligadas às legislativas e ao destino do governo e dos líderes partidários, numa renovação do ciclo político só comparável ao efeito político do Processo Casa Pia, em 2006.

 

 

 

Barroso em Luanda a convite de Isabel dos Santos

Durão Barroso foi a estrela da cerimónia de apresentação da revista “Forbes”, da empresária angolana Isabel dos Santos, que ontem teve lugar em Luanda. A cerimónia contou com a presença das mais altas individualidades da economia e da política angolana. A presença do ex-primeiro-ministro e ex-presidente da Comissão Europeia, que foi um dos oradores da palestra, é significativa, num momento em que as relações diplomáticas entre Lisboa e Luanda estão muito tensas.

Carta confidencial de Carlos Costa a Maria Luís Albuquerque revela que BES era viável e Resolução desnecessária

CONFIDENCIAL publica hoje a carta de Carlos Costa a Maria Luís Albuquerque sobre a viabilidade do BES, 17 dias antes da resolução do banco.

Documentos a que o CONFIDENCIAL teve acesso demonstram que havia provisões suficientes no BES para pagar aos lesados do banco, conforme ex-promessa do governador do Banco de Portugal e proposta da CMVM. Cerca de 1,3 mil milhões dessas provisões foram ilegalmente revertidas em capital por Vítor Bento, que pretendia ficar por muitos anos no controlo da instituição.

Comparando o Balanço consolidado a 31 de Dezembro de 2014 do Novo Banco e o consolidado de 30 de Junho de 2014 do BES, verifica-se que o crédito a clientes baixou de 45,8 mil milhões para 34,9 mil milhões de euros em Dezembro (em 30 de Junho de 2014 o crédito a clientes é de 33,7 mil milhões), o que representa uma quebra de 27%. Por outro lado, os recursos de clientes e as responsabilidades em títulos baixaram de 48 mil milhões para 36,9 mil milhões no período. O passivo global passou de 75 mil milhões para 60 mil milhões, passando a situação líquida de 4,2 mil milhões para 5,4 mil milhões. As provisões passaram de 3,3 mil milhões para 1,8 mil milhões de euros no período e para 1,4 mil milhões em Junho de 2014.

Para evitarem a constituição de créditos fiscais decorrentes dos 3,5 mil milhões de euros acumulados por causa da exploração e constituição compulsiva de 2 mil milhões de euros em provisões impostas pelo BdP, Vítor Bento diminui o capital social do Banco para 4,9 mil milhões e anula provisões no montante de 1,5 mil milhões de euros. Esta operação contabilística defraudou as expectativas dos lesados do BES que, no balanço do semestre publicado e validado pelo BdP, viram provisionados os seus créditos.

 

Governador do Banco de Portugal garantiu que a solvabilidade do BES era “robusta”

Na carta enviada em Julho de 2014, pelo governador do Banco de Portugal à ministra das Finanças, a qual publicamos na íntegra, em anexo, numa das muitas perguntas que Maria Luís Albuquerque faz ao actual governador do Banco de Portugal, destaca-se a seguinte: “O BES tem capacidade para absorver eventuais perdas decorrentes da materialização de riscos do ramo não financeiro do Grupo Espírito Santo?” O governador do Banco de Portugal responde o seguinte: “A situação de solvabilidade do BES é robusta, tendo sido significativamente reforçada com o recente aumento de capital, o que deverá permitir absorver eventuais impactos negativos que resultem da materialização de riscos do ramo não financeiro do Grupo Espírito Santo (…). Neste contexto, e atendendo ao plano apresentado pelo BES, considera-se que o banco possui mecanismos adequados para fazer face a um evento extremo, o que permitirá dar cumprimento aos níveis de solvabilidade exigidos.” Ora, 15 dias antes da resolução, o governador do Banco de Portugal assumiu perante a ministra das Finanças que o BES tinha todas as condições para sobreviver à exposição ao ramo não financeiro do GES. O que terá mudado em 17 dias?

 

Veja AQUI a carta do governador

Guerra no BCP. Nuno Amado de saída?

O clima interno no Millennium bcp está ao rubro, com a administração dividida entre o cada vez mais isolado CEO, Nuno Amado, e alguns dos seus colegas na administração do banco. O estilo de gestão do CEO, que veio do Santander Totta para o Millennium, é considerado demasiado centralizador e detalhado e o plano de reestruturação do banco também está a ser contestado, por falta de resultados.

Em 24 meses, e de forma a desalavancar a actividade do banco e cumprir os rácios de capital, Nuno Amado vendeu praticamente tudo o que havia para vender, desde a operação na Polónia, aos seguros (Ocidental e Médis), passando pela fusão do Millennium bcp Angola com o BPA angolano. Além de evitar aumentos de capital para o cumprimento dos rácios, num momento em que os principais accionistas do banco estão sem músculo financeiro, a venda de activos e áreas de negócios garantiu resultados extraordinários não recorrentes, que disfarçaram os prejuízos operacionais do banco. Sem estes ganhos, o banco mantém-se deficitário e é essa estratégia que agora está a sofrer forte contestação.

A somar a tudo isso, a indefinição accionista e a quase certa futura fusão com o BPI estão a mobilizar interesses internos que poderão, já em Março, levar à saída de Nuno Amado.

O CEO do Banco Atlântico, Carlos Silva, estará a ponderar a hipótese de controlar o Millennium bcp. O CONFIDENCIAL sabe que a estrutura accionista angolana poderá concentrar esforços em Carlos Silva para avançar. Isto porque o poder de Nunoc Amado tem vindo a crescer desde que foi rejeitado o aumento de capital necessário para o banco. A Caixa Geral de Depósitos demonstrou que não concorda com o aumento de capital.

Oi vende posição da Unitel a Isabel dos Santos

O acordo para a venda à empresária angolana Isabel dos Santos da participação de 25%, que a brasileira Oi tem na operadora angolana de telecomunicações Unitel, está fechado e deverá movimentar 1.200 milhões de euros. A operação já foi aprovada pela Pharol, a holding que herdou os activos da antiga Portugal Telecom SGPS e que é a maior accionista da Oi.

Angolanos manipulam cotações do BCP…

O movimento de baixa das cotações do Millennium bcp está a ser comandado por investidores angolanos, com a consolidação da banca em Portugal na mira. Carlos Silva e Isabel dos Santos são dois dos investidores que estarão a reforçar posições, enquanto a Sonangol estará já a passar parte da sua posição no banco para o Fundo Soberano de Angola, liderado por um dos filhos do presidente José Eduardo dos Santos.

… e ganham corrida ao Activo Bank

Também por Angola passará o futuro do Activo Bank, que terá Carlos Silva como futuro dono. O empresário angolano é o presidente e principal accionista do Banco Privado Atlântico (BPA) e do seu braço em Lisboa, o BPA Angola, que no mês passado se fundiu com o Millennium bcp Angola e é também um dos homens de confiança da Sonangol, maior accionista do Millennium bcp. Por via do BPA, Carlos Silva é também accionista directo do banco português.