“Económico” na red line

A assinatura do contrato de compra do “Económico” pelo empresário angolano Domingos Vunge, testa-de-ferro para os negócios de media de Álvaro Sobrinho, continua em stand by, por questões de natureza fiscal. Os compradores pretendem que as responsabilidades para com o Fisco, incluindo eventuais acusações criminais, se mantenham do lado vendedor, mas a Ongoing recusa fechar a operação nesses termos. A Haitong, que tem o mandato de venda e está a intermediar as partes, pretende que o negócio fique fechado ainda antes de terminado o ano. A situação de tesouraria do “Económico” já ultrapassou os limites e o grupo de bancos credores está disposta a deixar cair a empresas, se até ao final do ano o negócio com os novos donos não se concretizar.

Chineses ganham redes de abastecimento de água

O governo de Angola adjudicou a dois grupos chineses a empreitada para o reforço de redes de abastecimento de água nas províncias do Cuanza Sul e do Huambo, um investimento de 223,5 milhões de dólares. A obra de reforço do sistema de abastecimento de água de Porto Amboim, na província do Cuanza Sul, no valor de 60 milhões de dólares estará a cargo da CGC Overseas Construction, enquanto a Sinohydro Construction o primeiro e segundo lote da segunda fase da construção da rede de abastecimento da cidade do Huambo, no montante de 72,4 milhões de dólares e de 91,1 milhões de dólares, respectivamente.

Estas obras e outras contratadas nas últimas semanas a empresas chinesas estão a ser financiadas através de uma linha de crédito constituída pela China a favor de Angola no montante de 6000 milhões de dólares.

Vasco de Mello negoceia parceria com a Vinci?

 

Vasco de Mello, CEO da Brisam esteve esta segunda-feira em Paris para negociar com a Vinci uma possível parceria, que poderá passar pela entrada do grupo francês no capital do grupo português, garantiram ao CONFIDENCIAL. Depois de ter ficado com as concessões dos aeroportos, a Vinci pretende reforçar os seus interesses em Portugal e a área das infra-estruturas é uma das apostas. Afastada a hipótese da Ascendi e enquanto negociam com a Mota-Engil a posição que o grupo detém na Lusoponte, concessionária das travessias do Tejo em Lisboa, a parceria com a Brisa é uma hipótese com sentido estratégico. Para a Brisa, a entrada dos franceses permitiria financiar o plano de desenvolvimento da empresa.

O CONFIDENCIAL não conseguiu saber se a entrada dos franceses na Brisa se fará pela redução da posição do grupo José de Mello, ou pela compra de participações dos outros accionistas.

Em Junho passado, a Brisa vendeu 30% do capital da Brisa Concessão Rodoviária a investidores luso-brasileiros, entre os quais António Pargana, acionista do Grupo Cisa. A crise económica no Brasil acelerou os rumores de que a entrada dos franceses na Brisa se poderá fazer pela tomada da posição brasileira.

 

Fernandes Thomaz de saída

A crispação política entre o governo de esquerda e os partidos da coligação Portugal à Frente vai inviabilizar a manutenção do centrista Nuno Fernandes Thomaz como vice-presidente da Caixa Geral de Depósitos. O gestor e antigo secretário de Estado já estará a preparar o seu regresso ao sector privado.

Acordo Nos-Benfica irrita angolanos

O negócio de 400 milhões entre a Nos e o Benfica é a salvação da Sport TV, que, desde que ficou sem os direitos de transmissão televisiva do clube da Luz, perdeu mais de 100 mil assinantes. Números não oficiais apontam para um prejuízo superior a 8 milhões de euros nos canais Sport TV, e o corte das receitas com a transmissão dos canais da estação na plataforma Meo iriam tornar o problema mais grave.

Com as transmissões do Benfica em carteira, a Nos praticamente desmantela a Benfica TV, relançando a Sport TV. Para o Benfica, o negócio foi excelente.

O contrato assinado pela actual administração, liderada por Miguel Almeida, irritou os accionistas angolanos da Nos e alguns administradores da empresa, que o consideram ruinoso e perigoso, uma vez que rompeu o acordo informal de não exclusividade que vigorava no sector. Os restantes operadores consideraram o acto como hostil e prepararam agora uma corrida aos conteúdos exclusivos, que prejudicará todos eles.

Na Nos, o fecho do negócio, com as consequências que trará a médio prazo para a empresa e para o sector, é considerado como um sinal evidente de que Almeida não será mesmo reconduzido como CEO, em Março. E o clima de tensão entre a Sonae e a empresária angolana Isabel dos Santos agravou-se.

António Ramalho não fica se holding voltar atrás

António Ramalho, presidente da IP-Infraestruturas de Portugal, não está disponível para permanecer no cargo, se o Governo anular o processo de integração da Refer e da EP –Estradas de Portugal, que levou à criação da holding única de gestão das infra-estruturas rodo e ferroviárias do Estado.

A criação da holding foi uma ideia desde sempre defendida pelo actual presidente, como forma de garantir a sustentabilidade financeira na gestão das redes de estradas e de vias férreas. O projecto deveria culminar na privatização da nova holding, num esquema semelhante ao da gestora da rede eléctrica REN, mantendo o Estado uma posição minoritária.

Vítor Ramalho apontado para secretário executivo

O socialista Vítor Ramalho, actual secretário-geral da União das Cidades Capitais de  Língua Portuguesa (UCCLA), é apontado para suceder a Murarde Murargy como secretário executivo da CPLP, a Confederação dos Países de Língua Oficial Portuguesa, soube o CONFIDENCIAL.

Depois de muitos avanços e retrocessos na questão de qual dos Estados-membros iria indigitar o próximo secretário executivo, Timor-Leste decidiu passar a vez, cabendo agora a Portugal avançar com um nome para a secretaria geral.

Numa tentativa de dar peso internacional à CPLP, o nome de Durão Barroso chegou a ser falado para o cargo, todavia o antigo primeiro-ministro e presidente da Comissão Europeia não se mostrou disponível.

Com o final do mandato de Murarde Murargy a aproximar-se e com a mudança do Governo, parece que o executivo de António Costa poderá apoiar Vítor Ramalho para o cargo, tendo como base o trabalho que tem vindo a desenvolver na UCCLA. Isto, apesar das críticas de Ramalho à solução governativa de esquerda.

Conhecedor da realidade dos países de expressão portuguesa, Vítor Ramalho já desempenhou diversos cargos, como secretário de Estado do Trabalho, consultor da Casa Civil do Presidente da República, secretário de Estado Adjunto do ministro da Economia, presidente do Grupo Parlamentar de Amizade Portugal-Angola e presidente do Núcleo Nacional do Fórum dos Parlamentares de Língua Portuguesa.

Marcelo será o último acto da coligação PSD-CDS?

Os dois partidos da Coligação PSD-CDS vão apoiar hoje Marcelo Rebelo de Sousa, mas vão defender a natureza suprapartidária da candidatura do ex-presidente social-democrata, acertando a sua estratégia de colocação ao centro, que estará a dar ao candidato entrada no eleitorado do PS e do BE. Este pode ser o último acto da coligação entre Portas e Passos Coelho, que virou os dois partidos à direita e governou na última legislatura.

Com efeito, e apesar do Congresso do PSD estar marcado para os primeiros dias de Abril, a contestação interna à liderança de Passos Coelho só deverá arrancar em Fevereiro, já depois das presidenciais, e poderá contaminar a liderança de Paulo Portas no CDS.

Garantir a vitória de Marcelo à primeira volta faz com que Passos Coelho alinhe pela estratégia de Paulo Portas e avance com o apoio do PSD ao professor de Direito.

As máquinas eleitorais laranja-azul podem fazer a diferença numa campanha que tem sido feita sem grandes meios, conforme desejo do próprio candidato. O apoio dos sociais-democratas e dos centristas, contudo, não é orgânico, mas os partidos disponibilizarão a sua capacidade de mobilização para apoiar Marcelo Rebelo de Sousa.

Esta prudência estratégica de Passos e Portas foi articulada com Marcelo, que, na entrevista à SIC, na segunda-feira, deixou claro que «aceita os apoios», mas que estes não «o vinculam minimamente». «Eu avancei com uma candidatura independente e um estilo diferente de candidatura presidencial. É uma campanha muito solitária, em que aceito apoios que vierem de pessoas, instituições e partidos, mas que não vincula em nada a minha candidatura aos apoios que venha a receber», disse.

Passos e Portas serão pessoalmente afastados da campanha do candidato, para não prejudicar a maioria na primeira volta, podendo apenas aparecer numa única acção, no fim da campanha, caso a vitória do professor esteja segura. Recorde-se que Marcelo Rebelo de Sousa sempre considerou que a vitória da direita nas presidenciais só será possível numa primeira volta.

Na agenda dos Conselhos Nacionais do CDP-PP e do PSD há ainda outro ponto na agenda, que é a discussão da situação política. Nesta matéria pode começar a haver alguns discursos a defender uma mais contundente avaliação das medidas do governo, evitando a crispação e a invocada “ilegitimidade” do executivo de António Costa, sendo, portanto, uma nova estratégia de oposição ao governo minoritário socialista.

 

 

 

 

Bruxelas admite suspensão de Schengen por dois anos

Os ministros do Interior da União Europeia reuniram-se sexta-feira, em Bruxelas, avançando num conjunto de documentos, pela primeira vez por escrito, com a possibilidade de uma suspensão de Schengen por um período de dois anos, ante a sua incapacidade de chegar a acordo relativamente à crise dos refugiados.

Os ministros decidiram adiar para Março uma decisão sobre o fim da livre circulação no espaço europeu.

Para gerir a crise de refugiados, Alemanha e Áustria invocaram em Setembro já os artigos 24 e 25 do Código de Schengen, que permite uma reintrodução temporária dos controlos internos. Em Março, seis meses depois, o prazo de vigência dessa medida de excepção termina. Nessa altura ter-se-á que tomar uma decisão. Ou seja, se a crise dos refugiados não estiver resolvida até Março, o que será provável, poder-se-á invocar o artigo 26, que fornece extensões excepcionais sucessivas de seis meses, até um prazo total de dois anos.

Poucos acreditam que dois anos sejam considerados “uma medida temporária”. “Isso deve ser feito no âmbito do artigo 26 do Código e precisam de uma recomendação da Comissão, como guardiã dos Tratados.”

Um relatório a apresentar à Comissão Europeia, em 15 de Dezembro, deverá fazer o registo do que aconteceu na área de Schengen, nos últimos dois anos.

O comissário da Imigração, o grego Dimitris Avramopoulos, por seu lado, defende que Schengen não é o problema, antes pelo contrário. «Temos de usar as ferramentas para serem parte da solução., ou seja, aplicar as regras bem e reforçar os controlos fronteiriços.»

A confiança mútua e medidas, como a possível extensão de até dois anos do controlo total das fronteiras internas, fortalecerão Schengen.