No próximo dia 10, o PSD vai discutir no Conselho Nacional os critérios de elaboração das listas de deputados. No dia 30 do corrente mês serão aprovadas as listas definitivas. Em princípio, Pedro Passos Coelho e Paulo Portas irão por Lisboa e Rui Rio foi excluído da lista do Porto.
Esta semana, no debate do Estado da Nação, Pedro Passos Coelho ensaiou o discurso definitivo da campanha da coligação: estabilidade, de um lado, e, do outro, o medo da repetição do cenário grego.
Não esteve no debate, mas preocupa cada vez mais os estrategas, a evolução do problema grego na Europa. A vitória do Não no referendo da Grécia e a possibilidade dos gregos abandonarem, ainda que provisoriamente, a Zona Euro, ou de um impasse no Conselho Europeu com uma retórica de acusações mútuas, podem fragilizar de tal maneira a moeda única que os mercados internacionais precipitem o seu fim por falta de confiança. E estas não são boas notícias para a Europa, embora pior para a coligação seria sempre a cedência aos gregos e a renegociação da sua dívida.
Mas uma nova preocupação começa a ser desenhada. O primeiro-ministro disse aos conselheiros nacionais que Portugal está de novo na moda e que no pipeline dos investimentos estrangeiros há muitas oportunidades, sendo apenas necessário manter o rumo e a estabilidade política. Em particular o investimento chinês era crítico nesta estratégia do executivo.
Só que nos últimos dias Beijing não conseguiu acalmar os mercados, o que levou ao colapso da bolsa de Xangai e à contaminação da bolsa de Hong Kong. A queda do Shenzhen veio arrasar os principais players internacionais chineses e uma intervenção maciça do Banco da China nos mercados de capitais em crise pode diminuir a capacidade da China e das suas empresas em manterem os seus compromissos internacionais.
Mas a retirada dos fundos internacionais pode, por outro lado, levar os chineses a retaliarem com vendas maciças de dívida dos Estados Unidos e da Europa, o que poderia levar à degradação do sistema financeiro mundial e a um cenário de guerra financeira global, que em nada ajudam a recuperação de Portugal, já castigado pelas políticas deflacionárias europeias e pela contida expansão alemã.
Em qualquer dos cenários, contudo, o PSD estará sempre em vantagem, pois a instabilidade externa apela à estabilidade interna e ao voto no conhecido, pelo que uma campanha pela positiva e sem grandes novidades pode ser a receita certa para uma vitória expressiva nas legislativas.
É neste contexto que as listas estão a ser elaboradas na coligação, numa altura em que a expectativa de manutenção permite que o processo esteja a ser pacífico e sem nenhuma contestação.