A Impresa é o grupo de media que tem maior envolvimento com a Portugal Telecom e será, por isso, o mais afectado pelo programa de corte de custos com fornecimentos externos, que a nova administração da PT tem em curso. Ao que o CONFIDENCIAL apurou, a PT irá propor à SIC um corte de 5 milhões, de 30 para 25 milhões de euros anuais.
Embora a SIC disponibilize mais canais na grelha Meo, o share somado dos canais da TVI continua a ser superior, o que não justifica o prémio de 6 milhões de euros do contrato elaborado com a SIC, face ao da sua concorrente de Queluz.
Na primeira semana de Julho, TVI e SIC tinham um share de audiência de 21,6% e 18,1%, respectivamente. A TVI 24 conquistou a liderança dos canais pagos, registando um novo recorde de audiência, com uma média diária de 42,3 mil telespectadores, enquanto a SIC Notícias é a quarta da tabela, com 36,1 mil espectadores. Todos os restantes canais de cabo da SIC e TVI registam audiências marginais.
Na mesa das negociações entre a Impresa e a Portugal Telecom estará ainda a presença dos títulos do grupo de Pinto Balsemão no portal Sapo, que a Altice pretende para já manter na órbita da PT.
A aposta de Francisco Balsemão será agora nos meios digitais. Em Fevereiro, a Impresa contratou João Paulo Luz, director comercial do Sapo e um dos responsáveis pelo sucesso do portal. A contratação agitou o sector dos media e alavancou os rumores de que a Impresa estaria a preparar-se para comprar o Sapo.
Para já, no entanto, a estratégia de crescimento digital da Impresa é orgânica. O objectivo é, num prazo a três anos, compensar com o aumento das receitas digitais a quebra das vendas e da publicidade nos títulos em papel, em particular na revista “Visão” e no semanário “Expresso”, quem em cinco anos perdeu metade dos seus leitores.
As receitas digitais da Impresa têm crescido cerca de 20% ao ano, apesar do fracasso do “Expresso Diário”, que, com 18 mil assinantes, não conseguiu converter, apesar de gratuito, senão 1/5 dos leitores do jornal. A reanimação do “Expresso Diário”, seguindo um modelo decalcado do rival “Observador”, e o lançamento de uma plataforma de classificados, são os dois principais objectivos do grupo a curto prazo, para a área digital.
A SIC tem neste momento um valor de mercado que ascende aos 450 milhões de euros, enquanto a “Visão”, o “Expresso” e as outas revistas totalizam cerca de 60 milhões de euros. Nesta contabilidade há que registar o valor da dívida total líquida do grupo, que ascende neste momento aos 200 milhões de euros.