A elaboração das listas de deputados no PSD está a ser particularmente pacífica, com a expectativa de uma possível manutenção do poder. Passos Coelho assume o fecho das listas, mas os seus adversários internos, ou aqueles que se posicionam para a sucessão do líder, vão colocando as suas pedras.
O primeiro-ministro já disse que, não só não está em causa a liderança do PSD, como mesmo que não ganhe as eleições legislativas, não terá que abandonar o partido, até porque tem mandato até Fevereiro de 2016 e depois das legislativas ainda haverá as presidenciais.
Rui Rio colocou os seus homens a sondar os autarcas e deputados do PSD sobre o eventual apoio a uma candidatura presidencial, mas o antigo autarca do Porto não descarta a liderança do partido, para a qual se sente particularmente vocacionado.
Esta semana, o “Observador” avançava que Rui Rio esperava pelos resultados de Passos Coelho, nas legislativas, para escolher entre as presidenciais e a liderança do partido. Mas com o cenário provável de uma vitória do PSD, ou de uma derrota honrosa da coligação – em qualquer caso colocando-a em posição de negociar uma coligação com o PS –, os apoiantes de Rui Rio começam a trabalhar principalmente no cenário das presidenciais.
Francisco Pinto Balsemão, na apresentação da nova biografia do antigo autarca do Porto, apostou na mudança de ciclo com Rui Rio, atacando directamente Marcelo Rebelo de Sousa, que se tem multiplicado em contactos com as estruturas do PSD. Aliás, Marcelo, apesar de estar fortemente no terreno, tem travado as suas tropas, tendo mesmo esfriado relações com Marques Mendes, que estava semanalmente a forçá-lo a avançar (eventualmente pensando em criar espaço para si próprio).
O maior problema de Rui Rio continua a ser a sua forte conotação regional e a ligação a Marco António, o vice-presidente do PSD que o mês passado colocou como certa a candidatura presidencial de antigo autarca do Porto. Porém, o apoio explícito do líder da Impresa pode significar duas coisas: que se houver confusão política depois das legislativas, a diplomacia americana poderá ficar confortável com Rui Rio para defender os seus interesses, estando excluída a hipótese para já de Durão Barroso. Por outro lado, o apoio de Balsemão, que agora pode ser relevante, no Outono, com o agravar da crise no sector dos media, pode tornar-se um apoio mais tóxico.
Pedro Santana Lopes, por seu lado, continua com a mesma agenda que acertou em Fevereiro, sem dar nenhum passo no sentido das presidenciais antes de Setembro, posição que tem sido apreciada por Passos Coelho.