A Cerberus tem um acordo secreto com o Fundo Apollo para a compra dos activos imobiliários do Novo Banco, numa operação que, como o CONFIDENCIAL revelou há 15 dias, servirá para atenuar o esforço financeiro da Apollo, caso a sua oferta pelo banco venha a ser a vencedora. O acordo levou a Cerberus, que chegou a ponderar a hipótese de apresentar uma oferta própria, a desistir da corrida ao Novo Banco.
O novo dono do banco deverá ser anunciado num prazo máximo de 15 dias e terá de apresentar um plano de reestruturação à DGCom, a Direcção-Geral de Concorrência da Comissão Europeia, uma vez que houve apoios estatais ao Fundo de Resolução que salvou o antigo BES da falência e financiou a criação do Novo Banco. A 30 de Junho, apenas três dos candidatos anunciados apresentaram propostas vinculativas para a compra do Novo Banco: os chineses da Fosun e Anbang e os americanos da Apollo. Nenhuma das propostas apresentadas cobre o valor de 4,9 mil milhões de euros investidos pelo Estado e pelo Fundo de Resolução no Novo Banco.
A legislação europeia prevê que, mesmo depois da privatização, o banco de transição fique sujeito ao cumprimento de medidas destinadas a limitar a distorção da concorrência, resultante do facto de a instituição ter beneficiado de ajuda estatal. Sobretudo se estiver em causa uma entidade com uma quota de mercado significativa, como acontece com o Novo Banco.
Uma das medidas que a DGCom poderá vir a exigir será a venda de activos não estratégicos, numa lista de participações que incluirá a posição de 40% na concessionária de auto-estradas Ascendi, e os 50% no capital da gestora de frotas Locapor e nas empresas de segurança e de transporte de valores Esegur, onde o Novo Banco tem como parceiro a CGD.