Fernando Pinto começou a preparar venda a David Neeleman em 2013

Os primeiros contactos privados entre Fernando Pinto, o brasileiro que é presidente da TAP, e o empresário americano David Neeleman, que na semana passada venceu a corrida à privatização de 61% do capital da transportadora aérea, aconteceram em 2013, poucos meses depois de o governo ter anulado a primeira tentativa de venda da companhia a privados. O facto indicia que o presidente da TAP esteve durante mais de dois anos directamente alinhado com a proposta vencedora, a quem forneceu dados internos da companhia.

Em Dezembro de 2012, o governo decidiu não vender a companhia aérea TAP à Synergy Aerospace, do empresário Germán Efromovich, depois do então único candidato à privatização da empresa ter falhado a entrega das garantias bancárias necessárias.

Na sequência da privatização falhada, a administração da TAP iniciou contactos com David Neeleman, tendo em vista a venda da companhia. Pela parte da TAP, os contactos com Neeleman foram encabeçados pelo também brasileiro Michael Conolly, administrador com o pelouro financeiro da companhia.

Em Março de 2013, três meses depois da anulação da venda a Efromovich, a consultora Seabury, mandatada por Efromovich, fez chegar a Lisboa um pedido de dados sobre a TAP, incluindo as cópias dos contratos de trabalho, elementos sobre a actividade operacional da companhia e dos seus empregados (assiduidade, situação e categoria profissional, produtividade, etc.), acordos colectivos de trabalho, estratégia da empresa e resultados previstos para o horizonte 2013-2017. A Seabury pediu também as contas referentes aos dois últimos exercícios fechados (2012 e 2013) e sobre os planos de aquisição de aviões e de gestão da frota.

Em Abril de 2014, Michael Conolly acabaria por abandonar a administração da TAP, trocando Lisboa pelo Brasil, o seu país natal, para liderar as operações da TAP na América do Sul e Latina. Ficou também responsável por encontrar interessados e negociar a venda da TAP Manutenção e Engenharia Brasil. Mas, nessa altura, já Neeleman estava no radar da dupla Pinto/Conolly.