As sondagens indicam que, seja qual for o resultado das legislativas, a solução governamental será frágil e esgota o actual sistema de partidos. E é por isso que as eleições presidenciais serão críticas para o novo ciclo. Elas, no primeiro trimestre de 2016, ao contrário das legislativas do Outono de 2015, poderão ser as primeiras eleições de um novo ciclo político.
É nas próximas eleições presidenciais que provavelmente encontraremos a chave para resolver o nó do sistema político e económico. Será o novo Presidente de República, com a legitimidade saída das urnas, a construir a solução de governabilidade, a confirmar-se um cenário de ausência de maiorias em Setembro/Outubro.
É certo que as próximas eleições presidenciais terão quatro características:
(1) Serão eleições tendencialmente fragmentadas. É normal que apareçam muitas candidaturas presidenciais, como é próprio de momentos fundacionais;
(2) Serão eleições onde a esquerda e a direita não serão relevantes. A divisão far-se-á entre o Novo e o Velho, e haverá Novo à direita e à esquerda, do mesmo modo que haverá Velho, à direita e à esquerda;
(3) O alinhamento do Portugal Velho faz-se antes das eleições legislativas, para segurar o actual sistema de partidos, enquanto o alinhamento do Portugal Novo se fará apenas depois das eleições legislativas, quando for evidente que o actual sistema de partidos poderá não ter soluções para assegurar a governabilidade; (4) A notoriedade dos candidatos, dado o escasso espaço de tempo entre legislativas e presidenciais, será fundamental para uma vitória nas presidenciais, mas as candidaturas vencedoras terão, em princípio, que ter o apoio dos partidos políticos tradicionais, pois não haverá tempo (para montar a máquina), nem recursos bastantes (quanto mais curta for a campanha, mais onerosa será).
Vê-se bem, portanto, a complexidade da situação: a renovação do sistema é alavancada pelos partidos tradicionais e os campos vão dividir-se: entre o Portugal Velho – que se alinha por Sampaio da Nóvoa e tem o apoio do Partido Socialista, mas com o qual vai estar também gente do centro e da direita, para além de comunistas e socialistas – e o Portugal Novo – que a coligação terá a oportunidade de apoiar.