O Presidente José Eduardo dos Santos chamou a si directamente o controlo das forças armadas e dos serviços secretos angolanos, que estava nas mãos do general Manuel Hélder Vieira Dias Júnior “Kopelipa”, ministro de Estado e Chefe da Casa de Segurança do Presidente da República e um dos homens-fortes do regime.
O ministro da Defesa, João Gonçalves Lourenço, passou a despachar directamente com o Presidente da República, enquanto o seu antecessor, Cândido Van-Dunem, despachava com o general “Kopelipa”. O mesmo ocorre com o titular do Serviço de Inteligência e Segurança do Estado (SINSE), Eduardo Filomeno Barber Leiro Octávio, que passou também a despachar no gabinete presidencial.
Oficialmente, o esvaziamento de poderes ao general Manuel Vieira Dias “Kopelipa” é interpretado, nos meios militares do regime, como parte de um processo de retirada da vida pública, decorrente do seu estado de saúde. O general Fernando Garcia Miala é o nome mais falado para suceder a “Kopelipa”.
José Eduardo dos Santos quer também retirar a “Kopelipa” o controlo da logística das Forças Armadas Angolanas. Há poucos meses, o general foi excluído da operação de compra de equipamentos militares na Europa. No seu lugar, o Presidente da República delegou a missão a dois outros generais, Ernesto Guerra Pires “Guerrito” e José João “Maua”, conselheiro da Casa de Segurança e comandante da Unidade de Segurança Pessoal da Presidência, respectivamente.
O afastamento do Presidente foi também notado quando, em Maio, chumbou as propostas de alterações de “Kopelipa” para as chefias dos três ramos das Forças Armadas.
“Kopelipa” pretendia ver nomeado um novo CEMGFAA, em substituição do general Geraldo Sachipengo Nunda. Teria também comunicado ao comandante do Instituto Superior do Ensino Militar, Jorge Sukissa, que seria nomeado como comandante do Exército, em substituição do general Lúcio Gonçalves do Amaral.
Em finais de Maio passado, o Presidente reconfirmou o CEMGFAA, general Geraldo Nunda, e os comandantes de dois dos três ramos das Forças Armadas, incluindo o Exército. A excepção foi o comandante da Marinha, que não foi reconduzido no cargo.