A derrota de tese “Marques Vidal”, de desgaste do Presidente da República Cavaco Silva e do ex-primeiro-ministro José Sócrates (este por via judicial), bem como a afirmação de Marinho e Pinto (invenção eanista, manipulada por Moita Flores), para evitar uma deriva populista ou nacionalista em Portugal e a destruição do Partido Socialista, deixou as principais áreas de poder fáctico em Portugal “sem dono”, pela primeira vez desde o PREC, tal como o CONFIDENCIAL indicou a semana passada.
Em face deste ambiente de PREC institucional, sem grandes comandos, a estratégia da Magistratura parece ter sido a de ir progressivamente desmantelando os processos, sem dar a entender os movimentos e as decisões de bastidores. É nesse contexto que se deve ler a proposta de prisão domiciliária com pulseira electrónica de José Sócrates, proposta por Rosário Teixeira. A contestação de José Sócrates veio contudo obrigar a uma defesa na área da Justiça, mas sente-se que ninguém manda nesta altura, depois da enorme derrota de Eanes e do grupo da intelligentzia conservadora, que foi obrigado a alinhar com Mário Soares na solução de Sampaio da Novoa.
Recorde-se que, antes, com o processo a Jorge Silva Carvalho, ex-diretor do Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED) – que entretanto anunciou a sua saída da Ongoing -, com a prisão dos líderes do SEF e o afastamento dos espiões ligados a Rafael Mora (o ex-patrão das secretas espanholas em Lisboa e sócio de Nuno de Vasconcelos na Ongoing, atualmente no Brasil e administrador da Vivo), o grupo rival, ligado ainda à antiga Loja Mozart 49, agora denominada George Washington, também está muito fragilizado, e não consegue manter as áreas de influência que dominou anteriormente, nomeadamente na comunicação social ou nas polícias e na investigação criminal.
Em suma, o que caracteriza este período é uma espécie de anulação dos poderes fácticos da sociedade ou seja, um típico ambiente de PREC.