Com um grupo de trabalho já a preparar a sua candidatura presidencial, o antigo autarca do Porto parece resignar-se ao facto de Passos Coelho poder ganhar as próximas legislativas ou perdê-las por pouco, e assim se manter à frente do PSD, depois de Outubro. Um cenário que leva Rui Rio a acelerar uma eventual candidatura presidencial, para a qual tem sido empurrado pelo vice-presidente do PSD, Marco António Costa, e por Pacheco Pereira.
Rui Rio desenvolveu contactos junto de Belmiro de Azevedo, Miguel Veiga e António Mota, no sentido de conseguir angariar a base financeira para uma eventual candidatura presidencial. Desses contactos passou para os jornais o avanço de uma candidatura que incomodou o primeiro-ministro Passos Coelho. Também o CDS se mostrou incomodado com o anúncio de uma possível candidatura antes das legislativas, admitindo meios governamentais ser difícil a Rui Rio avançar sem o apoio do partido.
Entretanto, do lado do PSD, Passos Coelho quer todos focados nas legislativas, tendo os potenciais candidatos sido notificados disso mesmo pelos vice-presidentes do partido, ou pelo próprio primeiro-ministro.
Hoje, quarta feira José Matos Correia e Assunção Cristas, vice-presidentes do PSD e CDS-PP, respectivamente, terão os líderes do PSD e do CDS à frente, na apresentação do documento com as grandes linhas do programa eleitoral da coligação. É um documento curto, sem grandes promessas, com a mesma linha do Programa de Estabilidade: redução gradual da austeridade e medidas destinadas estimular a economia (sem mais investimento público). Realismo por contraponto às promessas do Partido Socialista, defendem os sociais democratas, antecipando-se assim à convenção do Partido Socialista, no próximo sábado.
Recorde-se que o PS anunciou a intenção de fazer um referendo sobre as propostas eleitorais que suscitassem “mais dúvidas”, e escolheu sete temas que vão desde como lidar com o marketing indesejado, a como ter mais acesso a bens culturais, ou em que áreas se deve aprofundar o Simplex.
O referendo – ou programa participativo do Governo, como a direcção socialista lhe chama – está a decorrer até dia 2 de Junho e qualquer um pode votar no site do PS criado para o efeito.
Além da participação cidadã, o PS pretende também incluir no seu programa eleitoral – que vai na linha da Agenda para a Década com que António Costa se apresentou às primárias socialistas –, as propostas saídas das várias reuniões do Laboratório de Ideias e Propostas para Portugal (LIPP), organismo criado ainda durante a anterior direcção socialista de António José Seguro, e algumas das medidas propostas pelo grupo de economistas.