O futuro do Económico

O futuro do Económico mantém-se em aberto. Os problemas de tesouraria estão a criar problemas junto de fornecedores e colaboradores externos e a situação é considerada insustentável. Os bancos credores, com o Novo Banco à cabeça, querem apressar uma solução, evitando uma situação de pré-falência que se agrava todos os dias. Eduardo Stock da Cunha, CEO do Novo Banco, gostaria de ter o dossier Económico resolvido antes da venda do banco a privados e não excluí a hipótese de executar a editora, para depois a vender a potenciais interessados. E há pelo menos duas propostas na mesa.

Para já, Novo Banco e Montepio Geral, outro dos bancos credores, preferem que seja a Ongoing, que detém o Económico, a propor-lhes uma solução. Mas esta tarda em conhecer.

Raul Vaz, que estava de saída do canal de televisão ETV, é agora o novo homem-forte do Económico, acumulando a direcção do jornal e da estação. Vaz segurou o lugar devido à saída de António Costa, ex-administrador e ex-director do jornal, que é agora consultor para os projectos de media da empresária angolana Isabel dos Santos.

A hipótese de integração do Económico no grupo Global Media (ex-Controlinveste) mantém-se, com a bênção do Novo Banco e do Millennium bcp, os dois principais bancos credores da própria Global Media e da Ongoing, a holding através da qual Nuno Vasconcelos controla o universo Económico.

Ao grupo Controlinveste, que detém o Diário de Notícias, o Jornal de Notícias, o diário desportivo O Jogo e a estação rádio TSF, o Económico acrescentaria um jornal diário, um site de economia e negócios e um canal de televisão por cabo.

O CONFIDENCIAL sabe que além de um pagamento em dinheiro, Nuno Vasconcelos ficaria com uma posição accionista no grupo Controlinveste. O problema tem sido o cálculo do valor dos dois grupos, com a Ongoing a avançar com um número para o Económico que a Global Media considera bastante sobrevalorizado. No capital do grupo resultante da fusão, nenhum dos actuais accionistas da Global Media aceitaria ser ultrapassado pela Ongoing, o que limitará a posição desta última a um máximo de 15% do capital.

Millennium e o agora Novo Banco (ex-BES) são também accionistas da Global Media, depois da conversão de parte do passivo, numa operação, fechada no início do ano passado, que abriu o capital a dois novos sócios: o empresário angolano António Mosquito investiu 10,4 milhões de euros para garantir 27,5% do capital, uma posição igual à de Joaquim Oliveira, dono dos canais desportivos de televisão por cabo Sport TV, e até aí o único accionista do grupo; e Luís Montez, o dono de um grupo de estações de rádio e da Música do Coração, uma das maiores promotoras de espectáculos e festivais de música do País, que pagou 5,69 milhões por 15% do capital. Depois da operação, os dois bancos credores ficaram, em partes iguais, com os restantes 30% do capital, reduzindo substancialmente a exposição da sua carteira de crédito à Controlinveste.

A integração do Económico na Controlinveste teria o mesmo efeito, permitindo reduzir a exposição e o risco dos bancos face à Ongoing.

Uma segunda solução para o Económico poderia ser a venda, pura e simples, a um comprador interessado. O CONFIDENCIAL sabe que a empresária angolana Isabel dos Santos fez uma oferta por um valor entre os 5 os 10 milhões de euros, que foi considerada muito baixa pela Ongoing. O interesse de Isabel dos Santos poderia justificar a contratação de António Costa como consultor.