Tomás Correia, recém-reeleito presidente da Associação Mutualista que controla a Caixa Económica Montepio Geral, entrou em ruptura com o CEO desta última, José Morgado, por fortes divergências estratégicas sobre o futuro do grupo. Morgado que, entretanto, tomou de assalto a Caixa Económica, trazendo um grupo de fiéis dos seus antigos tempos de BCP, pretende maior autonomia para o banco, maior profissionalização na gestão e maior foco no negócio, tendo apresentado um plano estratégico que passa pela venda de todas as participações não-core.
Tomás Correia, recém-legitimado pela sua eleição para presidente da Associação Mutualista, pretende manter na holding o controlo de todas as áreas de negócios do grupo, incluindo a própria Caixa Económica, e opõe-se abertamente à venda de participadas e à estratégia de Morgado.
O chumbo, pela Associação Mutualista, do plano de Morgado, foi a gota de água que fez estalar o verniz entre Morgado e Tomás Correia, que romperam relações.
Para já, a situação de balanço da Caixa Económica parece estar salvaguardada, com a venda de 33% do capital da Lusitânia à Associação Mutualista, que assim passou a deter 100% do capital das seguradoras do grupo. A operação limpou o risco e desalavancou o balanço da Caixa Económica, deixando de obrigar a um reforço de capitais para o cumprimento dos rácios.
Morgado aposta agora numa estratégia de dramatização da situação da Caixa Económica junto do Banco de Portugal, onde tem como aliado o governador Carlos Costa, para forçar um aumento dos capitais e a entrada de novos accionistas, diluindo o peso da Associação Mutualista e do seu presidente. Uma estratégia que será mediaticamente comandada pela agência de comunicação de António Cunha Vaz, amigo e ele próprio um ex-colega de Morgado no BCVP. Mas Tomás Correia já informou a administração da Caixa Económica que qualquer tentativa de aumento de capital, que passe pela diluição da sua posição accionista, será chumbada na holding.