Marcelo será o último acto da coligação PSD-CDS?

Os dois partidos da Coligação PSD-CDS vão apoiar hoje Marcelo Rebelo de Sousa, mas vão defender a natureza suprapartidária da candidatura do ex-presidente social-democrata, acertando a sua estratégia de colocação ao centro, que estará a dar ao candidato entrada no eleitorado do PS e do BE. Este pode ser o último acto da coligação entre Portas e Passos Coelho, que virou os dois partidos à direita e governou na última legislatura.

Com efeito, e apesar do Congresso do PSD estar marcado para os primeiros dias de Abril, a contestação interna à liderança de Passos Coelho só deverá arrancar em Fevereiro, já depois das presidenciais, e poderá contaminar a liderança de Paulo Portas no CDS.

Garantir a vitória de Marcelo à primeira volta faz com que Passos Coelho alinhe pela estratégia de Paulo Portas e avance com o apoio do PSD ao professor de Direito.

As máquinas eleitorais laranja-azul podem fazer a diferença numa campanha que tem sido feita sem grandes meios, conforme desejo do próprio candidato. O apoio dos sociais-democratas e dos centristas, contudo, não é orgânico, mas os partidos disponibilizarão a sua capacidade de mobilização para apoiar Marcelo Rebelo de Sousa.

Esta prudência estratégica de Passos e Portas foi articulada com Marcelo, que, na entrevista à SIC, na segunda-feira, deixou claro que «aceita os apoios», mas que estes não «o vinculam minimamente». «Eu avancei com uma candidatura independente e um estilo diferente de candidatura presidencial. É uma campanha muito solitária, em que aceito apoios que vierem de pessoas, instituições e partidos, mas que não vincula em nada a minha candidatura aos apoios que venha a receber», disse.

Passos e Portas serão pessoalmente afastados da campanha do candidato, para não prejudicar a maioria na primeira volta, podendo apenas aparecer numa única acção, no fim da campanha, caso a vitória do professor esteja segura. Recorde-se que Marcelo Rebelo de Sousa sempre considerou que a vitória da direita nas presidenciais só será possível numa primeira volta.

Na agenda dos Conselhos Nacionais do CDP-PP e do PSD há ainda outro ponto na agenda, que é a discussão da situação política. Nesta matéria pode começar a haver alguns discursos a defender uma mais contundente avaliação das medidas do governo, evitando a crispação e a invocada “ilegitimidade” do executivo de António Costa, sendo, portanto, uma nova estratégia de oposição ao governo minoritário socialista.