Embora esteja longe de ser liquido que a coligação perca as eleições, já começaram as movimentações dentro do PSD contra a estratégia do primeiro-ministro. Basicamente, considera-se que o discurso do Pedro Passos Coelho não dá nenhuma esperança ao País e que, sem uma mudança, o PSD dificilmente chegará ao poder ou o reconquistará, depois de uma derrota nas legislativas do Outono.
Acresce que uma estratégia de coligação, em caso de vitória do PS, com incidência governamental (Bloco Central), garantiria os lugares dos boys”- questão da maior sensibilidade nos partidos de vocação governamental – e que outros poderiam estar em melhores condições para esse entendimento, durante uma legislatura inteira, cumprindo assim o repto do Presidente da República, que no 25 de Abriu defendeu a necessidade de compromissos entre os principais partidos políticos.
Esta é a posição de Rui Rio, que preferia não ser candidato presidencial e que, com António Capucho e Pacheco Pereira, têm reflectido sobre a necessidade de assegurar uma coligação que dê estabilidade e confiança a Bruxelas e aos mercados, depois das legislativas do Outono. Uma estratégia que passaria sempre pelo derrube de Passos Coelho a seguir às legislativas em caso de derrota e pela entrada de uma nova nomenclatura no PSD.
Mas, para além do Rui Rio – claramente o candidato a líder que mais se adequará à orfandade cavaquista e que, pelas relações com António Costa, melhor asseguraria o Bloco Central -, há soluções que se começam a desenhar dentro do partido, apoiadas em barões que querem negociar o poder no próximo ciclo político e que podem ter relevância num Congresso de confronto após as legislativas: Marco António Costa, que controla a distrital do Porto e é vice-presidente de Pedro Passos Coelho, cedo mostrou intenção de tomar conta do Partido, assim como Luís Montenegro, empurrado por Miguel Relvas e pela distrital de Braga, ou José Eduardo Martins, com o apoio de Luís Marques Mendes – que, para já, pressiona Marcelo nas Presidenciais, eventualmente para ver se o professor de Direito e comentador da TVI desiste e deixa espaço para a sua (dele Marques Mendes) própria candidatura a Belém.
Contudo, estas soluções dificilmente terão condições de vingar dentro do partido em 2015.
Aliás, Marco António Costa começa a ser acossado com problemas que vêm da sua gestão autárquica e chegou a ensaiar o nome de Maria Luís Albuquerque, o que claramente correu mal, face à pouca preparação política da ministra das Finanças. Outros nomes, como Nuno Morais Sarmento – do lado barrosista -, ou Jorge Moreira da Silva, parecem também estar afastados por agora.
Mas, o que pode pesar em definitivo na balança do poder interno do PSD, evitando a fragmentação do Partido, à semelhança do que aconteceu na direita francesa e italiana, são as posições das linhas santanista e marcelista dentro do PSD e a escolha do candidato presidencial depois das legislativas, nos termos do acordo de coligação anunciado a 25 de Abril.
Marcelo Rebelo de Sousa – que não terá propriamente tropas suas dentro do PSD, embora tenha, no âmbito das presidenciais, importantes simpatias – não será, à partida, o candidato de Pedro Passos Coelho. Mas tudo pode mudar até porque o PSD aprendeu que os interesses de Pedro Passos Coelho não se subordinam a nenhuma estratégia de outros e muito menos dos eventuais candidatos a candidatos presidenciais do centro-direita.
Porém, parece claro que, neste momento, a última coisa que Pedro Passos Coelho deseja é discutir as presidenciais, até porque a matéria dividiria o PSD, mas, sobretudo, porque, enquanto não se decidir em matéria presidencial, contará com a benevolência pública de Pedro Santana Lopes, Rui Rio e Marcelo Rebelo de Sousa, que não farão críticas à sua governação.
Assim, o apoio do PSD a um candidato presidencial poderá depender da solução que vier a ser encontrada a seguir às legislativas, até porque a coligação não implica necessariamente um apoio ao mesmo candidato presidencial. No caso de Pedro Santana Lopes ser o candidato presidencial apoiado pelo PSD, a existência de um candidato à direita – por exemplo Paulo Portas, que ainda não excluiu essa possibilidade, embora eventualmente só a admita depois das legislativas – só empurraria o candidato para o centro, onde naturalmente se disputa a vitória das Presidenciais (o que repetiria o cenário das Eleições Municipais de Lisboa).
Outro sinal importante será a composição das listas para deputados que a Coligação vai apresentar. Se Rui Rio for integrado por Passos Coelho nas listas para deputados, eventualmente como cabeça de lista da Coligação pelo Porto,