José Félix Morgado, o novo CEO da Caixa Económica Montepio Geral (CEMG), tem agendada uma viagem a Luanda para vender a participação que o grupo ainda detém no Finibanco Angola ao empresário Mário Palhares, seu parceiro local e que já este ano reforçou a sua posição no banco angolano.
A venda do Finibanco Angola reduzirá a exposição da CEMG ao risco de Angola, aliviando o esforço para cumprir os rácios de capital mínimos fixados pelo Banco de Portugal, e afastará o Montepio dos casos que envolvem irregularidades e operações obscuras em Angola, no mandato do anterior presidente da CEMG, Tomás Correia.
A CMVM ainda não aprovou o último aumento de capital da CEMG, no valor de 200 milhões de euros, o que tem mantido os seus rácios de capital no limiar dos 8%, o mínimo exigido pelo Banco de Portugal.
Na sequência dos escândalos da anterior administração, o banco perdeu mais de 4 mil milhões de euros em depósitos, desde o início do ano. Só no terceiro trimestre, saíram do banco 1,2 mil milhões. Os prejuízos do 3.º trimestre, segundo as contas que serão divulgadas nas próximas semanas, vão atingir um valor próximo dos 60 milhões de dólares, duplicando as perdas do trimestre anterior. No final do ano, os prejuízos acumulados podem absorver os 200 milhões de euros do último aumento de capital.
Neste cenário, é quase certo que a CEMG falhará os rácios de capital. O CONFIDENCIAL sabe que o plano de reestruturação preparado pela McKinsey é duro e prevê a desalavancagem da actividade, com a venda de activos e participações, a redução da rede de balcões e a dispensa de 800 dos 3200 trabalhadores.