A sucessão da actual directora do “Negócios” já está na agenda da administração da Cofina, devido à quebra continuada das vendas e aos fracos resultados comerciais dos últimos meses. As vendas em banca estão abaixo dos 2000 exemplares e no online, onde o “Negócios” era o líder incontestado, o rival “Diário Económico” reduziu a diferença a praticamente zero. As receitas comerciais estão igualmente em baixa, face aos valores de há um ano.
Helena Garrido, que há cerca de um ano e meio sucedeu a Pedro Santos Guerreiro na direcção do “Negócios”, conseguiu gerir com mestria a transição, mas o seu perfil é considerado demasiado cinzento para a direcção do “Negócios”. O alinhamento excessivo do jornal com as posições do Governo levantou, entretanto, alguma contestação interna à directora, sobretudo por parte de ala mais à esquerda da redacção, o que facilita a sucessão. Garrido será substituída no prazo máximo de seis meses.
Há três cenários de sucessão em estudo:
– Manter Helena Garrido como directora e nomear um director executivo, que garanta o dia-a-dia do jornal e tenha um perfil mais ajustado. Neste cenário, o actual director adjunto André Veríssimo será o candidato mais forte;
– Nomear um sucessor para Helena Garrido, mantendo, no entanto, a directora em funções não executivas, no próprio “Negócios” ou no grupo Cofina, em reconhecimento pelo trabalho prestado. Neste caso, a sucessão será externa, o que poderá ser contestado pela redacção;
– Nomear como director executivo o actual director adjunto Nuno Carregueiro, a eminência parda por detrás do sucesso online do “Negócios”. Com um perfil demasiado ligado ao terreno de operações, Carregueiro deixaria a Garrido as funções públicas de representação do jornal (incluindo a presença em conferências e nos debates televisivos), focando-se no dia-a-dia da redacção. Este é o cenário de sucessão mais forte, caso o “Negócios” passe a ser um diário online, mantendo apenas uma edição em papel ao fim-de-semana, com publicação à sexta-feira. Uma hipótese que a Cofina mantém em aberto, mas só se o rival “Diário Económico” fechar ou seguir a mesma estratégia.