O futuro da TVI poderá passar por um de dois cenários alternativos, em ambos os casos envolvendo a entrada de novos accionista minoritários, mas com influência suficiente para terem peso na administração do grupo Media Capital, que controla o canal.
Obrigado pelos credores a vender activos para amortizar parte da sua colossal dívida, os espanhóis da Prisa, principais acionistas da Media Capital onde controlam 95% das acções, estão dispostos a ceder uma posição minoritária. Uma solução apadrinhada e que poderá até envolver a venda dos 5% que o banco galego NCG (ex-Caixa Galicia) detém no capital do grupo português de media.
A primeira solução envolverá a Sonae e passa pela integração do diário Público no grupo que controla a TVI e a Rádio Comercial. Pelas contas da Sonae, o Público valeria 10% do capital da Media Capital, com o goodwill da operação digital a compensar os prejuízos acumulados dos últimos anos. Para a Sonae, o negócio terá a vantagem de resolver o problema do Público, que ficou de fora da fusão entre a Optimus e a ZON, deixando o jornal isolado, sem lógica operacional e sem estrutura envolvente para enxugar as suas perdas anuais.
Para a Prisa, a integração do Público permitirá que o perfil da operação portuguesa se alinhe pela matriz do grupo em Espanha, onde a par do audiovisual (Canal+) e da rádio (Cadena SER), controla o El País, o maior diário generalista espanhol, e o diário desportivo As.
A integração do Público no grupo Media Capital permitirá à Prisa ter um diário em Portugal. Prisa e Sonae foram aliás parceiras no lançamento do Público, pelo que esta solução seria um regresso às origens, bem visto pela redacção do jornal.
A colaboração do Público com o El País garantirá sinergias entre os dois jornais, com impacto directo sobre os custos. Integrada na Media Capital, o Público alavancará a área de conteúdos digitais, estratégica para o futuro do grupo.
A segunda solução passará pela venda de uma posição da Media Capital a Patrick Drahi, o multimilionário francês que é o principal acionista do grupo francês Altice e que acabou de comprar a Portugal Telecom.
Drahi constitui recentemente o Altice Media Group, já tem uma posição de 50% no capital do diário francês Libération e espera para breve a conclusão da compra do grupo Express, tendo já confirmado o seu interesse em desenvolver o negócio de media nos países onde o grupo está presente, incluindo Portugal. A entrada de Drahi na Media Capital assinaria uma aliança entre um dos maiores grupos de media e o número 1 das telecomunicações em Portugal, criando um operador de cabo com capacidade para desenvolver os seus próprios conteúdos.
A solução Altice é apadrinhada por Miguel Pais do Amaral, aliado desde sempre da Prisa e antigo dono da Media Capital (que vendeu aos espanhóis). Pais do Amaral está a negociar com a Altice um contrato de outsourcing para a Reditus, que lhe permitirá relançar-se as tecnologias de informação. Além disso, mantém desde há muito uma má relação com a Sonae, que vem dos tempos em que ambos disputava o controlo da TVI. Duas razões que o levam a defender a solução Altice.