Americanos preocupados com avanço chinês em Portugal

A diplomacia americana está a acompanhar com alguma preocupação o peso crescente do investimento chinês em Portugal. Sobretudo depois dos encontros privados do presidente da Fosun com o primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho.

A possibilidade da Fosun juntar o Novo Banco à sua carteira de investimento em Portugal, onde já controla o maior grupo segurador (Fidelidade), um dos maiores operadores privados da área da saúde (Espírito Santo Saúde) e 5% da rede de infraestruturas de energia da REN, poderá mesmo levar a uma reavaliação da posição de Portugal como parceiro americano.

A Fosun pagou mil milhões pelo controlo da Fidelidade, onde encontrou 12 mil milhões de euros de reservas técnicas, que podem facilmente ser mobilizadas para comprar outras empresas, dando ao grupo chinês uma enorme liquidez para investimentos em Portugal.

Além da Fosun, há outros dois candidatos chineses ao Novo Banco, Angang Insurance e Bank of China, que juntamente com a Fosun integram o trio das propostas financeiramente mais altas entre o grupo de interessados do antigo BES. Do lado americano, a proposta do fundo Apollo, que em Janeiro fechou a compra da seguradora Tranquilidade, é considerada demasiado baixa.

O BESI, banco de investimento do antigo grupo BES, foi vendido já este ano à chinesa Haitong International e os maiores accionistas da REN e EDP são também chineses

Washington poderá mesmo colocar a solução para o futuro da base açoriana das Lajes dependente de um maior equilíbrio entre interesses chineses e americanos.

O futuro da base americana das Lajes será discutido a 16 de Junho, em Washington, durante a próxima reunião da Comissão Bilateral Permanente Portugal-EUA. O MNE português, Rui Machete, esteve no final de Abril em Washington, onde se encontrou com John Kerry, Secretário de Estado do governo federal e principal responsável pela diplomacia americana, tentando sensibilizá-lo para uma solução que não implique um despedimento em massa dos quadros portugueses da base. Para já, e pelo menos até 16 de Junho, as negociações estão em stand by.