Angola contrata financiamento japonês

Uma delegação angolana, chefiada pelo ministro das Finanças, Armando Manuel, esteve no último fim-de-semana em Tóquio, para reforçar os acordos de financiamento japonês a Angola. O ministro angolano encontrou-se como o seu homólogo japonês, Taro Also, para lhe apresentar os grandes projectos públicos e estudar a forma como os organismos oficiais, entre os quais a Agência Internacional de Cooperação Japonesa (JICA), e os grandes bancos japoneses poderão contribuir para o seu financiamento. Angolanos e japoneses fecharam vários acordos.

A baixa do preço do petróleo teve um efeito demolidor sobre a economia angolana, com um agravamento do défice orçamental e da balança comercial, uma diminuição do investimento, a subida da inflação e a depreciação do kwanza. Se em 2013 o Estado financiava 70% da sua despesa com as receitas do petróleo, este ano essa percentagem será de apenas 37%, o que obrigou o Governo a cortar o seu orçamento em 26%, face aos planos iniciais.

José Eduardo dos Santos decidiu alargar, de 3 para 10 anos, o prazo para a implementação do plano nacional de educação, que exigirá um investimento total na ordem dos 10 mil milhões de dólares. Foram também adiados, por falta de financiamento, alguns megaprojectos, como o novo aeroporto internacional de Luanda, a nova refinaria (no valor de 6 mil milhões de dólares) e a construção do novo edifício do Parlamento.

O Governo precisa de 25 mil milhões de dólares para tapar o buraco orçamental e tem estado activo na captação de novos financiadores externos. O Banco Mundial concedeu a Luanda um crédito de 650 milhões de dólares e a China também já libertou novas linhas de financiamento, ao mesmo tempo que aceitava uma moratória de dois anos para o pagamento da dívida de Angola. Desde o final da guerra, a China já concedeu 20 mil milhões de dólares de financiamentos a Angola, tendo como contrapartida fornecimento de petróleo a preços abaixo dos praticados nos mercados e a adjudicação a empresas chinesas de grandes obras públicas, como estradas, vias férreas e hospitais.