FMI fora do acordo para o terceiro resgate à Grécia?

A resistência a um perdão da dívida grega continua a existir da parte de alguns países europeus. Em cima da mesa está uma redução da dívida pública grega para o dobro do PIB (200% do PIB), condição para o FMI entrar no terceiro resgate.

Porém, Robert Fico, primeiro-ministro da Eslováquia, insistiu nesta segunda-feira que o seu país não perdoará um “cêntimo” se houver uma redução da dívida da Grécia (em negociação está a redução da dívida grega a 200% do PIB após este bail-out). Ele disse ao “Der Standard”: “A Eslováquia não vai cortar um único cêntimo na dívida soberana grega, enquanto eu for primeiro-ministro.”

O primeiro-ministro eslovaco está também preocupado com o alargamento do prazo da dívida grega. Segundo o FMI, a Grécia precisaria de uma extensão de 30 anos nos reembolsos para trazer o seu rácio da dívida para um nível sustentável. Mas Fico advertiu que “há outras opções: pode adiar-se as datas dos pagamentos, mas isso tem limites, nós não podemos esperar 100 anos até que a Grécia pague as suas dívidas”.

Recorde-se que Fico defende um Grexit temporário, uma ideia que foi lançada por Schauble durante as conversações em Bruxelas. Ele disse ao jornal: “Não existem regras da UE sobre uma saída do euro… Mas isso não significa, porém, que não se possam criar novas regras. A proposta para uma saída temporária do euro tem vantagens. Eu apoio o acordo alcançado para a Grécia, mas nós estamos a monitorizar muito de perto. Estamos nervosos.”

 

Aqui está um resumo do que aconteceu:

  • A Grécia precisa de dinheiro para se manter à tona. O país está a pedir aos credores um pacote de 86 mil milhões de euros para pagar as suas contas nos próximos três anos. Será o terceiro bail-out em cinco anos. O valor final pode ser maior, já que o país deverá entrar novamente em recessão este ano e manter-se no ano seguinte.
  • Atenas chegou agora a um acordo com os seus credores após longas negociações. Restam apenas pormenores a tratar, de acordo com o ministro das Finanças do país.
  • A Grécia agora vai implementar mais reformas estruturais e orçamentais em troca de fundos. Os pontos de atrito: metas de excedente primário e como executar o fundo de privatizações do país foram resolvidos. O acordo também é esperado na forma como a Grécia vai lidar com seus empréstimos non performaing/crédito malparado.
  • As votações terão lugar em toda a zona do euro. Em primeiro lugar, em Atenas, onde as autoridades gregas já disseram que esperam que o acordo seja ratificado até hoje, quinta-feira. Os ministros das Finanças da zona do euro, depois, darão o sinal verde para o novo pacote amanhã, sexta-feira.
  • O tempo é crítico. O negócio precisa de ser feito até 20 de Agosto para que a Grécia possa fazer o pagamento da dívida no montante de 3,3 mil milhões de euros ao Banco Central Europeu dentro dos prazos.
  • As perguntas permanecem. Irá o Fundo Monetário Internacional (FMI) participar do bail-out, e quando? A Alemanha tem insistido que o Fundo deve ser envolvido em qualquer novo acordo bail-out, mas o FMI diz que não vai participar, a menos que haja alívio da dívida grega. A Alemanha disse que não ao alívio da dívida sem reformas. Portugal e Espanha opuseram-se a qualquer reestruturação da dívida grega em vésperas de eleições (4 de Outubro). A saga continua.
  • A Alemanha ainda poderia inviabilizar o acordo. O país tem poder de voto suficiente na zona do euro para o fundo de resgate (cerca de 25% dos votos) para arruinar com o bail-out. A confiança desapareceu entre os dois países, e o pacote ainda deve ser votado no Bundestag. No entanto, é pouco provável que a Alemanha venha a prejudicar o pacote de resgate, fazendo frente à vontade da diplomacia americana – embora as autoridades alemãs tenham advertido na segunda-feira que iriam procurar transferir tranches de empréstimo menores para a Grécia, ficando assim o auxílio mais estreitamente associado ao progresso das reformas.