Nenhum dos grandes bancos portugueses passará nos testes de stress que o Banco Central Europeu (BCE) tem agendados para Outubro, segundo um exercício de simulação a que o CONFIDENCIAL teve acesso. A instituição responsável pela simulação, com base nas contas do primeiro semestre do ano, pediu para não ser referenciada.
Todos os bancos são penalizados pelo risco elevado das suas carteiras de grandes clientes e, no caso da CGD e do BPI, o problema é agravado pela exposição ao risco de Angola, devido às posições de controlo que ambos detêm em bancos locais. Um problema que o Santander e o Montepio aliviaram, depois de reduzirem as suas posições nos bancos participados de Angola (no caso do Santander Totta a 0%).
Todos os bancos revelam insuficiência de capitais para atingirem os novos mínimos ponderados exigidos pelo BCE, o que exigirá uma desalavancagem da actividade e uma redução do risco de exposição a grandes clientes, como alternativa a reforços de capitais, hipótese afastada pela falta de liquidez dos accionistas dos grandes bancos, incluindo do Estado.
A corrida para cumprir os rácios agitará o sector nos próximos dois meses, com alterações significativas na composição accionista de alguns bancos, a possibilidade de fusões ou parcerias, vendas de activos e uma enorme pressão sobre os grandes devedores. Dados como muito prováveis são a redução da posição do BPI no angolano BFA, com a venda provavelmente à parceira local, Isabel dos Santos, e a necessidade de Banif e Montepio Geral reforçarem os seus capitais próprios, não sendo de excluir a entrada de novos accionistas.