Jorge Tomé vai ser reconduzido como CEO do Banif, liderando um Conselho de Administração Executivo (CAE) onde também se mantém João Sousa, com o pelouro da área comercial, e que integra ainda o ex-Director-Geral, Jorge Nunes, responsável pela área de crédito e do imobiliário, Nuno Martins, que regressou há cerca de ano e meio do Banif Malta para director de operações, e Carlos Firme, até agora director com os pelouros do marketing e da comunicação. Luís Amado mantém-se como chairman.
Saem do CAE, João Paulo Almeida, a quem o Banco de Portugal não renovou a idoneidade, devido a irregularidades detectadas quando estava no Banif Investimentos, e Vítor Farinha Nunes, o último representante do accionista Tecnicrédito (Grupo Auto-Industrial) na administração do banco.
A constituição do novo CAE causou alguma estranheza precisamente por não integrar nenhum representante da Tecnicrédito, avolumando os rumores de problemas entre o banco e um dos seus principais accionistas privados. Disseram ao CONFIDENCIAL que a Tecnicrédito colocou um processo contra o Banif, por ter descoberto que a valorização das acções do banco foi artificialmente alavancada, na altura da integração da Tecnicrédito no Universo Banif. Este facto levou a que a posição accionista da Tecnicrédito no capital do Banif acabasse por ser inferior ao que seria, sem a sobrevalorização das acções do banco agora detectada.
Venda do Banif Mais disfarça prejuízos
O Banif anunciou entretanto um resultado líquido consolidado de 16,1 milhões de euros relativo ao primeiro semestre, que compara com o prejuízo de 97,7 milhões registados no período homólogo do ano passado. Apesar da melhoria da margem financeira, da subida das comissões líquidas e da redução dos custos de estrutura e das provisões e imparidades, o resultado positivo só foi atingido devido à venda, no início de Junho, à Cofidis, da participação no Banif Mais, a unidade de crédito ao consumo do grupo, por 540 milhões de euros. A venda gerou um resultado extraordinário de 49,1 milhões. Sem este efeito, os resultados consolidados teriam sido negativo em cerca de 33 milhões.
A venda do Banif Mais permitiu também uma subida de 100 pontos base nos rácios de capital do banco, garantindo o cumprimento dos mínimos exigidos pelo Banco de Portugal.
Em 30 de Junho de 2015 o rácio de Common Equity Tier 1,calculado de acordo com as regras da CRD IV/CRR (regime transitório) situou-se em 8,4% e o rácio de solvabilidade total situou-se em 9,4%, tangencialmente acima dos limites regulamentares (40 pontos base). As novas regras de ponderação dos rácios com o risco da carteira de grandes clientes deverá levar o rácio de capital abaixo dos mínimos requeridos pelo BCE.
A solução poderá passar pela venda da posição nas seguradoras Açoreana ou do Banif Malta. O CONFIDENCIAL sabe que há neste momento duas propostas de compra do banco maltês, que estão em fase final de negociação. O Banif tem de vender todos os seus investimentos no exterior, incluindo o Banif Malta e Banif Cabo Verde, por imposição governamental, e em linha com as condições ditadas pela União Europeia, no âmbito de um acordo de auxílio estatal de Dezembro de 2012.
Um dos interessados no Banco de Malta são os britânicos da Omada Capital , que estão a oferecer 25 milhões de euros.
Jorge Tomé pretende fechar a venda do Banif em Malta até ao final de Setembro, de forma a reflectir os ganhos da operação nas contas do terceiro trimestre. O encaixe destas vendas é fundamental para reforçar os rácios de capital do Banif e permitir reembolsar os 125 milhões de euros que ainda faltam pagar ao Estado, na parte de empréstimo que este fez sob a forma de subscrição de Coco´s . Por aprovar, pela Direcção-Geral de Concorrência da União Europeia, mantém-se o plano de reestruturação do banco.