Mesmo com a ameaça do governador Carlos Costa não lhe reconhecer a idoneidade, o actual presidente da Caixa Económica Montepio Geral (CEMG) Tomás Correia, tenciona manter-se como presidente do Finibanco Angola, aproveitando o facto de a supervisão neste caso escapar à alçada do Banco de Portugal.
Foi por Angola que passaram algumas das graves irregularidades detectadas pelas auditorias do Banco de Portugal à gestão do Montepio, incluindo alguns casos que poderão mesmo ter desenvolvimento na justiça. Dai a necessidade de Tomás Correia manter blindados os processos angolano, contando para isso com a colaboração o administrador do Finibanco Angola, Luís Almeida, ele próprio alvo de investigações do banco central.
O Finibanco Angola é detido pelo Montepio Geral e as suas contas têm que ser consolidadas em Portugal com as do Montepio. Assim, o que se passa no Finibanco Angola passa a ser da responsabilidade fiscalizadora do Banco de Portugal, a cargo do administrador António Varela
Na administração do Finibanco Angola pontuam Tomás Correia, como Presidente, João Neves como administrador, que acumula com a administração do Montepio Geral, e Luís Almeida, administrador apenas do Finibanco Angola.
Como auditor o Finibanco Angola tem a KPMG, que detectou, entre muitas irregularidades, que um antigo funcionário do Finibanco Portugal, de seu nome Orlando Bernardino,e que foi nomeado por Tomás Correia para o lugar de Director do Finibanco Angola após a compra deste pelo Montepio, tem sob a sua direcção vários balcões, em especial o balcão do Morro Bento, em Luanda.
No que constitui uma repetição dos procedimentos ocorridos no BESA, foi (e estará ainda) a ser concedido crédito, com incidência no balcão do Morro Bento, sem quaisquer garantias a entidades e clientes que não constam da base de dados, ou seja, não existem como clientes.
A concessão destes créditos é autorizada pessoalmente pelo referido Orlando Bernardino, segundo a KPMG e à revelia do administrador Luís Almeida, não se sabendo qual o grau de conhecimento ou desconhecimento de Tomás Correia, o Presidente, e de João Neves, o administrador.
Depois de os créditos passarem pelas contas-fantasma dos ditos clientes no Finibanco Angola, os montantes foram transferidos para as contas de uma Lizete Perpétua que é, nem mais, mulher do Director, Orlando Bernardino. Aquela Lizete Perpétua foi depois passando o dinheiro para sociedades na Irlanda e Reino Unido, em procedimentos idênticos aos do BESA.
A KPMG questionou agora a Administração do Finibanco Angola, na pessoa de Luís Almeida, o qual, até ao momento, não deu qualquer resposta, tendo esta remetido as mesmas questões para o Presidente do Finibanco Angola e do Montepio Geral, Tomás Correia e para administrador de ambos, João Neves, que também nada respondeu.
Na ignorância está em Lisboa a Directora de Inspecção e Auditoria do Montepio Geral, mas que reagirá e será obrigada a iniciar uma inspecção, quando for confrontada com os factos, pois as questões colocadas pela KPMG estão em cima das mesas de Tomás Correia e de João Neves, no Montepio Geral e na de Luís Almeida, no Finibanco Angola.
Recorda-se que João Neves esteve mais de um ano para obter confirmação de idoneidade como administrador do Montepio Geral, pelo Banco de Portugal, devido a problemas antigos no BES. E só obteve a idoneidade com a chegada de António Varela ao Banco de Portugal
Foi também por Angola que passaram o financiamento ao filho do empreiteiro José Guilherme, para a compra de uma posição no Fundo de Capitalização do próprio Montepio Geral. Uma operação circular que em Portugal é ilegal. Em Angola, o filho de José Guilherme e de Tomás Correia, presidente do Montepio Geral, tem negócios comuns, financiados directamente pelo Finibanco Angola.