A Mota-Engil foi afastada, no mês passado, do projecto de construção da linha de comboio e do porto de águas profundas, que irão servir para escoar a produção da mina de ferro Mbalam-Nabeba, localizada na fronteira da República dos Camarões com a República do Congo. O afastamento representa para a Mota-Engil uma perda de 3,5 mil milhões de dólares, naquele que foi anunciado, há um ano, como o maior contrato se sempre da história do grupo.
A construção de 580 Km de linhas férrea e do porto é um dos maiores projectos de infra-estruturas em curso em África e estava inicialmente a cargo da Sundance Resources, o grupo mineiro de origem australiana que detém a concessão da mina. A descida das cotações do ferro obrigou no entanto a recalcular os custos, num processo que acabaria por afastar a Sundance do projecto e entregou a responsabilidade pelo seu desenvolvimento directamente ao governo dos Camarões.
Em meados de Junho, o Governo dos Camarões anunciou que já garantiu financiamento a 100% para o arranque do projecto, junto de bancos e fundos chineses, como contrapartida da entrega das obras a empreiteiros chineses.
O Governo dos Camarões ficará com 98% do capital da empresa detentora da via férrea e do porto, tendo aceite que a Sundance ficasse com os restantes 2%, em contrapartida do capital já investido até agoira. A empresa australiana pagará um fee pela utilização da infra-estruturas, e ficará focada apenas na operação mineira.