Para travar o avanço nas presidenciais de Maria de Belém Roseira, António Costa prometeu-lhe publicamente a liderança da Santa Casa de Misericórdia de Lisboa caso o PS venha a ser governo. António Costa não quer com isso afastar Pedro Santana Lopes, o actual provedor, mas considera há muito tempo que o antigo primeiro ministro é quem está em melhor posição para ser o candidato do centro direita às presidenciais, com muito melhores condições que Marcelo Rebelo de Sousa ou Rui Rio.
A actual deputada do PS e ex-ministra da Saúde já foi vice-provedora da Santa Casa de Lisboa de 1988 a 1992, quando o número 1 da instituição era o padre Vítor Melícias, escolhido pelo então primeiro-ministro Aníbal Cavaco Silva.
O avanço de Maria de Belém para as presidenciais é duplamente perigoso para António Costa. Por um lado, organiza a oposição interna e prepara-a quanto antes para tomar o partido caso António Costa tenha um resultado pouco satisfatório e por outro lado, avançando antes das Legislativas complica a mensagem do Partido Socialista.
Neste momento, depois da dureza da posição de Passos Coelho relativamente à Grécia e a sua ortodoxia austeritária, as coisas parecem estar a melhorar no campo do PS, podendo-se ter invertido neste final de junho a tendência que vinha do mês passado de uma aproximação entre a Coligação e o PS.
Neste contexto, António Costa quer aproveitar a dificuldade de Pedro Passos Coelho em passar a sua mensagem, e a última coisa que quer neste momento é que Maria de Belém avance para as presidenciais.