Para o PS parece estar escrito nas estrelas a agenda do Presidente da República de “matar” António Costa e o seu governo minoritário.
Mesmo que o governo boicote o presidente da República, o Presidente resistirá com níveis de popularidade muito elevados.
Por exemplo na viagem a Moçambique ficou patente o mal estar entre o Ministério dos Negócios Estrangeiros e a Presidência da República – Costa não enviou nenhum ministro a acompanhar Marcelo a Maputo e foi o gabinete do Ministro dos Negócios estrangeiros que divulgou as gafes do Presidente da República na visita a Moçambique e pôs a circular que Marcelo Rebelo de Sousa seria o mediador em Moçambique (expondo o presidente ao ridículo) – mas o certo é que a comunicação acabou por beneficiar o presidente da República nos níveis de popularidade.
Marcelo resistirá sempre à direita enquanto existir Passos Coelho. O líder do PSD é tão mau que o facto de existir – ainda por cima desprezado por Belém – só aumenta a unidade da direita à volta do presidente da República. Para além da Direita o espaço de Marcelo é o mesmo de António Costa e por isso para o governo só “matando Passos Coelho “ é que se consegue afetar a imagem do presidente da República.
E por isso, mais que segurar a estabilidade governativa que a prazo Marcelo ameaçará sempre, para Costa o crítico é afastar Passos Coelho e com isso marcar a viragem no mandato do presidente da República. E isso Costa só conseguirá com eleições, contando com uma maioria relativa que abrirá a posta à saída de Passos da liderança do PSD e a um governo de “Bloco Central”, que Bruxelas e Marcelo consideram ser essencial para a realização das reformas financeiras e estruturais que o país necessita.
Só que para avançar com eleições antecipadas, Costa não pode ser o culpado e nesse particular Bruxelas pode dar uma ajuda. Habilmente o governo do PS poderá começara a fazer avançar uma estratégia mediática nacionalista e de afrontamento à UE nomeadamente nos dossiers bancários – como a nacionalização do Novo Banco e o aumento de capital publico na GGD – ao mesmo tempo que sede na Orçamento, criando na opinião publica a ideia de que defende o interesse nacional contra o PSD incapaz de ir além das exigências de Bruxelas. E entre o discursos e a tensão no seio da coligação parlamentar podem deixar de existir as condições para a manutenção do governo levando o presidente da República a assumir a antecipação das eleições. Um cenário que o primeiro ministro certamente gostaria.