A primeira visita a um estado da CPLP, do novo chefe de estado português será a Moçambique. O presidente da República de Moçambique que esteve na posse de Marcelo Rebelo de Sousa, terá abordado a problema da guerra em Moçambique com o novo presidente e solicitado à autoridades portuguesas que falassem com o Afonso Dhlakama,
O líder da Renamo, garantiu em meados de janeiro que o Presidente sul-africano Jacob Zuma e a igreja Católica manifestaram “prontidão” para mediarem o conflito político-militar em Moçambique, e acusou o Governo de “fintar” o diálogo.
Mas o dialogo parece não ter sido uma realidade. Bem pelo contrário a mediação da Igreja e da África do Sul apareceu aos olhos das diplomacias ocidentais como uma manobra dilatória da Renamo para recuperar forças, depois do ataque das Forças do governo de Maputo aos seus territórios no centro e norte de Moçambique, onde a Renamo se preparava para declarar a independência do Norte de Moçambique, dividindo o país em dois estados independentes.
A antecipação e a maior capacidade militar da Frelimo e o Governo de Moçambique levou à retirada estratégica do líder da Renamo e a uma nova onda de deslocados na região de Tete e Sofala que já está a afetar os estados vizinhos.
Mas o governo de Moçambique tem consciência que será útil manter o contacto com a Renamo, mesmo que o acordo de Paz seja impossível e o Presidente da República de Moçambique, Filipe Jacinto Nyusi, terá desafiado o presidente e o primeiro ministro de Portugal a dialogarem com o líder rebelde, quando esteve em Lisboa, na tomada de posse de Marcelo rebelo de Sousa.
Marcelo terá cavalgado a ideia, que não colhe o apoio do José Augusto Duarte, ex-embaixador em Moçambique e atual assessor diplomático de Marcelo Rebelo de Sousa. Duarte é considerado na carreira como muito ambicioso e que só joga em cavalos ganhadores, nunca se expondo e colocando os seus interesses acima de tudo. Conheceu Marcelo na ultima visita que este fez a Maputo já na pré-campanha eleitoral e conseguiu fascinar o presidente eleito que logo o convidou para seu assessor diplomático.
José Augusto Duarte nunca quis que Portugal fosse mediador na questão moçambicana e jamais correria o risco que Durão Barroso correu ao organizar os acordos de Bicesse, sem ter a certeza que a Frelimo e a Renamo aceitaria as regras de um acordo de paz que levasse à criação e um exercito único e à desmilitarização dos partidos políticos.
Mas ao contrario do calculismo do seu assessor diplomático, que pode ter os dias contados em Belém, Marcelo Rebelo de Sousa será tentado a seguir a deriva de Durão barroso que arriscou todo o seu futuro político num acordo que lhe deu estatuto internacional e o levou a ministro dos Negócios Estrangeiros e às lideranças do PSD, do governo e da Comissão Europeia.
Marcelo sabe que se conseguir a paz em Moçambique pode ser um credível candidato ao prémio Nobel da Paz, uma situação que seria a consagração da sua carreira pública.