Merkel secretária-geral da ONU?

O principal obstáculo à eleição de António Guterres para secretário-geral das Nações Unidas é Ângela Merkel. A chanceler alemã, em perda de poder no seu país, tem apostado fortemente na agenda de apoio aos refugiados para branquear a sua imagem e lançar a sua candidatura antes do Verão. Note-se que a grande vantagem de Guterres era exactamente ter agenda neste sector, claramente o problema político mais importante da próxima década, e que pode levar a uma intervenção de cariz neocolonial nos Estados falhados do Médio Oriente e Norte de África, instalando-se protectorados, ou mesmo governadores-gerais do modelo neocolonial.

Merkel cumpre todos os requisitos da normal rotação para a próxima eleição nas Nações Unidas: é mulher e tem origem na Alemanha Oriental (país de Leste europeu).

António Guterres seria a escolha possível, caso Merkel não avançasse, dado que a Rússia jamais votaria num secretário-geral das Nações Unidas oriundo de um país de Leste, que não fosse a chanceler alemã. Por isso o seu nome nunca poderia ter aparecido agora, mas apenas como solução de recurso, falhadas todas as outras tentativas. O facto de Portugal o ter anunciado demonstra que o governo Costa não está nada empenhado em promover a hipótese de Guterres, ou que se tratou de um erro táctico gritante.