A dança das cadeiras

A hipótese de saída de Nuno Amado do Millennium bcp junta mais um nome à dança das cadeiras na banca portuguesa. Uma situação inédita num sector habitualmente pouco dado a grandes mudanças de liderança. A situação, banco a banco, é a seguinte:

CGD. José de Matos já anunciou que não pretende cumprir mais um mandato, sendo o nome do ex-ministro social-democrata Paulo Macedo o mais referido para lhe suceder como CEO do banco público. Embora respeitado pelo seu perfil de tecnocrata e gestor com experiência financeira, Macedo pode, no entanto, ser penalizado por um governo socialista, se as relações entre PS e PSD se crisparem. Nessa caso, a opção para a CGD seria de um gestor mais próximo da área socialista.

NOVO BANCO. Eduardo Stock da Cunha está cada vez mais distanciado do governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, e a sua saída tem sido falada com intensidade em certos meios. O governador continua a insistir que o problema do banco se conseguirá resolver com a reestruturação e o downsizing das operações, enquanto o CEO garante que será necessário um novo reforço do capital. Stock da Cunha regressaria assim ao Lloyds, de Londres, ao qual está requisitado, não sendo ainda de momento falado nenhum nome para lhe suceder.

MILLENNIUM BCP. Se Nuno Amado sair, o sucessor deverá ser alguém próximo, ou pelo menos validado, pela accionista angolana Sonangol. Para já, Miguel Maya e Miguel Bragança são os candidatos mais falados. Mas tudo dependerá do futuro do banco, até porque a hipótese de fusão com o BPI continua na agenda.

BPI. Fernando Ulrich está em rota de colisão com Isabel dos Santos, segunda maior accionista, e a sua saída é dada como certa. A sucessão poderia passar por um acordo de cavalheiros entre a empresária angolana e os espanhóis do La Caixa, maiores accionistas do banco, com 44% do capital, que garantisse a presidência da administração a um representante dos espanhóis, e a da Comissão Executiva a um nome consensual entre os dois principais sócios, mas indicado pela accionista angolana. A fusão com o Millennium bcp pode, no entanto, alterar a colocação das peças neste intrincado xadrez.

BIC. Confirmada a saída de Mira Amaral, em Março. O actual vice-presidente da Comissão Executiva, Jaime Pereira, parece reunir o consenso para lhe suceder.