Há quatro listas concorrentes aos órgãos sociais da Associação Mutualista Montepio Geral, que controla a Caixa Económica Montepio Geral (CEMG), anunciando-se aquela como a mais disputada e polémica eleição de sempre, nos mais de 130 anos de história da instituição. As listas terão de ser entregues até ao final do dia de amanhã e as eleições, as primeiras desde a separação formal da CEMG e da Associação Mutualista, decorrem a 2 de Dezembro.
Tomás Correia, ex-CEO da CEMG e ainda presidente da Associação Mutualista, lidera uma lista de continuidade, mas a sua reeleição está em risco, depois de denunciadas as graves irregularidades e alguns negócios obscuros, durante os anos em que comandou ambas as instituições.
A própria Associação Mutualista está neste momento fortemente descapitalizada e pela primeira vez desde a sua criação, há mais de 130 anos, o número de associados desceu e nos últimos nove meses, desde que rebentaram as notícias sobre as irregularidades na gestão do banco, a Associação perdeu 1,4 mil milhões em fundos e outras aplicações de mutualistas, preocupados com o futuro da instituição.
Além dos problemas com as autoridades (que deverão em breve constitui-lo arguido, no âmbito desse processo), Tomás Correia reúne contra si todas as listas da oposição e uma parte importante dos gestores da rede de agências da CEMG, que o acusam de manchar a boa reputação da instituição e de maus resultados na gestão do banco (ver notícia mais abaixo, sobre este assunto).
O apoio dos gestores da rede é importante, pois não só impactam todos os trabalhadores com direito a voto, mas também os clientes que são membros da Associação Mutualista.
Amanhã, numa tentativa desesperada de conseguir alguns apoios junto da rede, Tomás Correia janta com gestores regionais e gestores de balcão. Na lista de Tomás Correia estão Carlos Beato, Fernando Ribeiro Mendes (presidente do INATEL), Miguel Teixeira Coelho e Virgílio Lima, administrador da seguradora Lusitânia.
A segunda lista é encabeçada pelo comunista Eugénio Rosa, contestatário de longa data de Tomás Correia em eleições anteriores, mas que, pela primeira vez, se apresenta a concorrer para todos os órgãos sociais da Associação Mutualista, incluindo o seu Conselho de Administração. Rosa deverá reunir os votos da tendência comunista, incluindo os trabalhadores afectos à CGTP-IN. Cerca de 20 mil associados, um número insuficiente para garantir a eleição. Eugénio Rosa tem com ele António Couto Lopes, ex-Finibanco e antigo CEO do Finibanco Angola, que denunciou as irregularidades na gestão de Tomás Correia.
A terceira lista é liderada por Luís Alberto da Silva.
A quarta lista é uma verdadeira surpresa, reunindo alguns pesos pesados do mutualismo no Conselho Geral, como Amadeu Paiva, Dinis Correia Marques, ou José Moreno. A proposta para o Conselho de Administração é liderada por António Godinho e secundada por João Proença (UGT). No Conselho Fiscal, o nome mais sonante é o de Bagão Félix, enquanto a Mesa da Assembleia Geral é presidida pelo general Pinto Ramalho. Na Comissão de Honra, garantiram ao CONFIDENCIAL, está o ex-Presidente da República, António Ramalho Eanes.