A candidatura de Maria de Belém Roseira é mesmo para ganhar – esta é a postura de meios militares e do GOL, que decidiram apoiar Maria de Belém, tendo Jorge Coelho assumido o controlo da campanha. Uma situação inesperada no contexto da crise política e que demonstra que, do lado destes sectores moderados socialistas, a solução política governamental desejável também passa pelo Bloco Central.
Mas se apoiam Belém, apoiam-na sem convicção e achando que não tem as competências para o exercício do cargo da mais alta magistratura da nação.
Do lado de Sampaio da Nóvoa a estratégia é tentar capitalizar o mais possível com o governo de direita, consciente que ele não tem condições para sobreviver no Parlamento e que, portanto, as suas condições objectivas de sucesso são limitadas.
Marcelo Rebelo de Sousa, que à partida tinha e arrancou com as maiores expectativas de sucesso logo à primeira volta, começa agora a perceber, depois do desastre que tem sido o arranque da sua candidatura, que precisa de um governo de esquerda que assuste a direita e o centro para conseguir vencer. É isso que explica, aliás, que Marques Mendes no domingo passado tenha garantido que Cavaco Silva deverá dar posse a um governo de esquerda de António Costa depois da moção de rejeição do programa de governo e demissão do segundo governo de Passos Coelho. É o cenário mais favorável ao candidato da direita, fazendo praticamente o que Cavaco Silva fez em 2006, quando, acossado com o caso Casa Pia, Jorge Sampaio demitiu Pedro Santana Lopes – depois de esperar pelas eleições dentro do PS – e colocou em seu lugar José Sócrates, garantindo assim a eleição tranquila do actual Presidente da República. Só que agora os tempos são outros e as dificuldades financeiras do País não permitem jogadas políticas para garantir soluções planeadas.