Eventual derrota de Costa obriga a cenários e coligações estranhas

O cenário de derrota de António Costa nas legislativas de 4 de Outubro está a agitar o Partido Socialista com o posicionamento de eventuais candidatos à sucessão.

Francisco Assis e Álvaro Beleza surgem bem posicionados na sucessão a António Costa que, aparentemente, repetirá as derrotas históricas nas legislativas que líderes sampaístas tiveram (como Vítor Constâncio e Jorge Sampaio), eventualmente pelas mesmas razões – desprezo pelo marketing das campanhas e sobretudo arrogância relativamente às populações.

Francisco Assis deve reunir os apoios da elite do partido – juntando socráticos e seguristas (ambos da linha guterrista) descontentes com as listas de António Costa e que acusam Álvaro Beleza de os não ter defendido convenientemente. Do lado de Álvaro Beleza deve posicionar-se uma parte da ala segurista, sendo certo que António José Seguro não deverá avançar para a liderança do partido. Mais à esquerda que Francisco Assis, Álvaro Beleza não deverá capitalizar o apoio da esquerda socialista, mas nunca apoiará Sampaio da Nóvoa para presidente da República. Aliás, Álvaro Beleza é um dos principais apoios de Maria de Belém para a Presidência da República, acreditando que, se António Costa for derrotado, a maioria dos militantes do Partido Socialista se virará para o apoio a Maria de Belém, ficando Sampaio da Nóvoa reduzido ao eanismo e ao PCP.

A posição da Juventude Socialista pode ser determinante para a vitória nas directas de um ou outro candidato, mas o CONFIDENCIAL considera neste momento que 60% das hipóteses de apoio da JS iriam para Francisco Assis, caso a decisão tivesse que ser tomada agora.

 

Sócrates e Seguro como candidatos a primeiro-ministro?

A irrelevância das grandes figuras de referência do PS, como Mário Soares ou Jorge Sampaio, na escolha do candidato presidencial, demonstra, por outro lado, a possibilidade de uma forte fragmentação do Partido Socialista após uma derrota nas próximas presidenciais. Uma das possibilidades em cima da mesa é que António José Seguro poderá não aparecer nas directas para secretário-geral do PS, mas aparecer nas primárias (abertas a simpatizantes) para primeiro-ministro.

E não é de descartar o cenário neste caso, e se porventura entretanto José Sócrates for libertado sem acusação, da possibilidade do anterior primeiro-ministro concorrer a candidato a primeiro-ministro do PS.

Um duelo Seguro-Sócrates nas primárias com simpatizantes para a escolha do candidato a primeiro-ministro do PS atiraria definitivamente o secretário-geral do Partido Socialista para a sombra e poderia mesmo levar a uma fragmentação do espaço partidário socialista, como está a acontecer em França.