A Mota-Engil colocou à venda todos os seus activos não core, para refocar a sua actividade na área da engenharia e construção. O objectivo é reduzir a sua colossal dívida, que no final do primeiro trimestre ultrapassava os 3,4 mil milhões de euros, e ganhar alguma liquidez. A banca nacional tem uma exposição de 1,6 mil milhões de euros à Mota-Engil (não contando com a Martifer), dos quais cerca de metade ao Novo Banco.
O grupo liderado por Gonçalo Moura Martins já mandatou o BESI para vender a sua posição na Ascendi, num negócio que poderá garantir-lhe um encaixe de 200 milhões de euros. O CONFIDENCIAL sabe que o grupo também já atribuiu mandatos ao BESI para a venda da área dos portos e que a próxima área de negócio, que poderá ser colocada no mercado, será a do ambiente.
No início de Junho, a Mota-Engil anunciou uma parceria com o private equity Ardian para o desenvolvimento de parte da rede de auto-estradas geridas pela Ascendi em Portugal. Esta aliança passava pela constituição de uma empresa detida a 50% por cada uma das partes, que passaria a deter as participações da Ascendi (entre 66% e 80%) em algumas.
Em Julho, o grupo comunicou que mandatou o BESI para alienar entre 20% e 60% da Ascendi, holding criada em 2010 para a gestão de concessões de infra-estruturas de transporte e que, além de concessões em Portugal, tem activos em Espanha, Brasil, México e Moçambique. A venda de 60% será feita em dois blocos, os quais não podem ser adquiridos pelo mesmo investidor. Desta forma, a holding poderá ficar com uma estrutura accionista em que nenhum investidor detenha uma posição de controlo.
O Novo Banco, que detém a maioria da ES Concessões, responde por cerca de 72% dos restantes 40% da Ascendi, o que equivale a uma posição de quase 29%, que o banco contabilizava no balanço, no final de 2014, em 150 milhões de euros. O capital próprio da Ascendi era de 564 milhões de euros. No entanto, os 300 milhões de euros que a Ardian aceitou pagar, no início de Junho, por 50% das posições da Ascendi em cinco concessões, terão complicado as contas, tendo nessa altura um “research” do BPI avaliado a Ascendi em 622 milhões de euros.
O grupo turco Yildirim tem praticamente fechada a compra da Tertir, onde o grupo Mota-Engil concentra as suas actividades de transportes e logística. Os negócios mais rendíveis serão as concessões portuárias – e o grupo está presente em todos os principais portos do continente e ainda no Peru e na Galiza (onde detém 100% da FCT de Ferrol). Mas há que considerar também a actividade transitária (com destaque para a Transitex) e ainda a Takargo, no transporte ferroviário de mercadorias.