Banco de Portugal defende adiamento

O Banco de Portugal é da opinião que a venda do Novo Banco deverá ser adiada, tendo em conta o baixo valor da melhor proposta. Os 4,2 mil milhões oferecidos pela Anbang acarretarão um prejuízo superior a 2,2 mil milhões de euros nas contas do Fundo de Resolução. A perda terá de ser reflectida nas contas dos bancos que integram o Fundo, proporcionalmente às respectivas participações, o que terá um forte impacto negativo sobre a solidez dos grandes bancos do sistema, onde CGD, Millennium bcp e BPI são, de momento, as maiores preocupações.

O crash das Bolsas chinesas também está a levantar dúvidas sobre a capacidade da Anbang honrar os compromissos assumidos. A queda das cotações em Xangai e Hong Kong foi, aliás, a principal razão que impediu a Anbang de melhorar a sua oferta pelo Novo Banco. O banco central acredita que, depois da tempestade financeira asiática, possa haver condições para uma subida da oferta.

A litigância futura do Novo Banco, após uma quinzena em que o banco e as posições do Governo e do Banco de Portugal sofreram uma série de reveses nos tribunais, é outra das razões que leva o banco central a aconselhar o adiamento da venda.

Como o CONFIDENCIAL referiu, na semana passada, o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, já informou o governador Carlos Costa que dará cobertura política à decisão, de venda ou adiamento, que for tomada pelo Banco de Portugal.

O dossier Novo Banco será o tema quente do Conselho de Ministros de hoje, quinta-feira, com os ministros bastante divididos sobre a matéria. A ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, receia o impacto da Resolução do Novo Banco nas contas orçamentais e o primeiro-ministro defende que o Governo se deverá abster da decisão, deixando a responsabilidade no Banco de Portugal. Mas há ministros que defendem uma decisão política, argumentando que a solução rápida do dossier Novo Banco, mesmo com prejuízo para o Estado, será a melhor opção.