Os países do Leste europeu que integram a NATO vão pressionar os responsáveis da aliança no sentido de reforçar as suas bases permanentes na região, de forma a dissuadir eventuais agressões por parte da Rússia.
Os líderes da Estónia, Letónia, Lituânia, Polónia, República Checa, Eslováquia, Hungria, Bulgária e Roménia vão reunir-se em Bucareste, em 3 e 4 de Novembro, para debater o assunto.
A Polónia reclama há muito tempo a instalação de bases permanentes no seu território, e Andrzej Duda, o recém-empossado presidente, tornou o assunto um foco central do seu mandato. Mas alguns Estados ocidentais, como a Alemanha, são contra a ideia, com medo de antagonizar Moscovo e fazer aumentar a tensão entre a Europa e a Rússia.
Andrzej Duda defende que a NATO não deve tratar a Polónia como uma “zona tampão” e quer colocar a proposta de novas bases permanentes na Europa de Leste no topo da agenda da Cimeira bienal da NATO, que se realizará em Varsóvia, no próximo ano.
“Hoje, quando olhamos para a dispersão das bases, a fronteira euro-oriental da NATO está na Alemanha”, refere Duda. “A NATO ainda não tomou conhecimento da mudança do flanco oriental da aliança, que se estende da Estónia, a norte, à Bulgária, a sul, e que deslocou essa fronteira para leste.”
Duda fará a sua primeira deslocação oficial ao estrangeiro à Estónia, no próximo dia 23 de Agosto, uma data simbólica e politicamente carregada, que marca o 76.º aniversário da assinatura do Pacto Molotov-Ribbentrop, entre a Alemanha nazi e a União Soviética, um acordo secreto que estabeleceu planos para dividir a Europa Oriental entre os dois países.
A Polónia e os países bálticos foram as vozes mais críticas da anexação da Crimeia pela Rússia e das acções militares russas no conflito no leste da Ucrânia e argumentam que é necessário uma resposta mais forte da NATO para dissipar os receios de que outros membros também possam estar em perigo.
Em Junho, o exército norte-americano disse que estava a analisar um plano para armazenar armas pesadas e equipamentos na Europa Oriental, no que seria a primeira implantação nas antigas nações do Pacto de Varsóvia, desde o fim da Guerra Fria.
No entanto, Berlim argumenta que qualquer implantação permanente de forças da aliança na Polónia ou noutros Estados do Leste viola um acordo assinado em 1997 com a Rússia. Varsóvia diz que as acções militares da Rússia na Ucrânia e invasão da Geórgia, em 2008, tornam o acordo discutível.
Ontem, a NATO alertou a Rússia que novas ocupações de territórios no leste da Ucrânia por rebeldes pró-russos seriam “inaceitáveis”, agravando o tom da guerra de palavras entre Washington e Moscovo.