Em 1972, o professor da Universidade de Duke, James David Barber, escreveu um livro que imediatamente foi anunciado como um estudo sobre o carácter dos presidentes americanos. O estudo intitulava-se “O Carácter Presidencial: Prever o Desempenho na Casa Branca”. O livro caracterizou as qualidades de temperamento e a personalidade dos principais executivos do país e avaliou como esses factores influenciaram o sucesso ou o fracasso das presidenciais americanas.
Embora houvesse falhas na abordagem de Barber, particularmente na tipificação das personalidades dos vários presidentes, ele conseguiu criar uma matriz interessante e robusta para avaliar como vários presidentes abordaram o seu trabalho e a qualidade final das suas lideranças. Propomo-nos neste artigo aplicar a matriz Barber, para determinar como ela se aplicaria a Portugal e aos presidentes e candidatos presidenciais nacionais.
Barber, que morreu em 2004, avaliou presidentes com base em dois indicadores. Por um lado, se eles eram psicologicamente “positivos” ou “negativos”; e, por outro, se eram “activos” ou “passivos”.
No primeiro indicador, os presidentes eram avaliados como negativos ou positivos de acordo com a maneira como se consideravam em relação aos desafios do seu mandato. Assim, por exemplo, se abraçam o trabalho com um optimismo alegre, ou se o consideram um martírio necessário que deveriam sustentar, a fim de provar a sua própria auto-estima.
O segundo indicador (activo vs. passivo) mede o grau de querer realizar coisas grandes (rupturas regeneradoras), ou retirar-se e governar reactivamente.
Da combinação destes dois indicadores resultou uma matriz com quatro categorias de presidentes, a saber:
- Activo-positivo: presidentes com grandes ambições nacionais e que são autoconfiantes, flexíveis, optimistas, alegres no exercício do poder, e que possuem um certo distanciamento filosófico do que consideram ser “um grande jogo”.
- Activo-negativo: pessoas compulsivas e com baixa auto-estima, requerentes de poder como um meio de auto-realização; dada a sua rigidez e pessimismo são por vezes excessivamente agressivos. Estes políticos têm grandes sonhos, que acompanham as realizações de grande dimensão histórica.
- Passivo-positivo: compatíveis com presidentes que reagem a eventos em vez de os iniciar. Querem ser amados e são, portanto, insinuantes e facilmente manipulados. São “superficialmente optimistas” e têm ambições geralmente modestas nos seus anos presidenciais. Mas são saudáveis e têm boa auto-estima.
- Passivo-negativo: são normalmente pessoas com baixa auto-estima e pouco entusiasmo para o dar-e-receber da política e não tiram partido do jogo da política. Evitam o conflito e não têm nenhuma alegria no uso de energia. Tendem a sentir-se satisfeitos com uma preocupação com princípios, regras e procedimentos.
Quando Barber lançou esta matriz, foi correctamente vista como distinta de qualquer sondagem e muito original. E há poucas dúvidas de que tais traços, se correctamente identificados e analisados, podem mostrar as nossas avaliações de como presidentes fazem ou farão o seu trabalho. Mas não há muito espaço para debate, quando se trata de fixar traços particulares para particulares presidentes.
Correndo o risco de também ser injusto na análise psicológica, arriscamos a uma primeira análise, a partir da observação empírica do desempenho dos presidentes e dos políticos nacionais.
Assim. Teríamos de considerar:
António Oliveira Salazar: negativo-activo
António Spínola: positivo-activo
Costa Gomes: negativo-passivo
Ramalho Eanes: negativo-activo
Mário Soares: positivo-activo
Sá Carneiro: positivo-activo
Jorge Sampaio: positivo-passivo
António Guterres: positivo-passivo
Cavaco Silva: negativo-activo
Durão Barroso: negativo-passivo
Pedro Santana Lopes: positivo-activo
Marcelo Rebelo de Sousa: positivo-passivo
Rui Rio: negativo-activo
Pedro Passos Coelho: negativo-activo
Maria de Belém: positivo-passivo
Sampaio da Nóvoa: positivo-passivo
António Costa: negativo-passivo
José Sócrates: positivo-activo
Paulo Portas: positivo-activo
Nas próximas semana afinaremos esta análise psicológica política, caracterizando mais profundamente cada um dos grupos tipos, justificando os tipos caracterizados por Barber. Podemos assim prever antecipadamente o resultado das presidenciais através do perfil dos políticos…