“Diário Económico” em mãos angolanas

A solução para o “Diário Económico” deverá estar concluída nas próximas três semanas, antes da entrega do Novo Banco, principal credor do jornal, aos seus novos accionistas privados. Na semana passada, soube-se que a Ongoing, que controla o diário e o canal associado ETV, mandatou o BESI para negociar com os compradores interessados.

Como o CONFIDENCIAL revelou, no início de Julho o empresário Álvaro Sobrinho terá feito uma proposta de 7 milhões de euros pela compra do “Económico”, juntando-se assim ao leque de interessados em controlar o maior diário económico português e o canal de cabo que lhe está associado. A proposta de Sobrinho é superior em cerca de 2 milhões de euros à que foi apresentada pela também angolana Isabel dos Santos. Na corrida estará também a Global Media (DN, JN e TSF), neste caso numa operação que poderá incluir uma troca de participações entre os accionistas do grupo e os da Ongoing.

O grupo angolano Media Rumo, que detém a revista de economia “Rumo” e o semanário “Mercado” (e que tem como parceiro em Lisboa o “Diário de Notícias”, com o qual é distribuído às terças-feiras em Portugal), terá feito a melhor proposta à Ongoing, batendo as ofertas da empresária angolana Isabel dos Santos e da Global Media (o grupo que controla o “Diário de Notícias”, o “Jornal de Notícias”, o diário desportivo “O Jogo” e a TSF), onde um dos maiores accionistas é o também angolano António Mosquito.

O grupo Media Rumo tem como accionista visível o presidente Domingos Vunge, que transitou da Score Media, onde tinha como sócio Vítor Fernandes. Vunge conta com a colaboração de Filipe Coelho, que foi administrador da Medianova, o grupo de media de Álvaro Sobrinho. Nos bastidores dos media, o CONFIDENCIAL ouviu dizer que, por detrás da Media Rumo, estará precisamente Álvaro Sobrinho, e que este novo grupo é o espelho dos interesses que o empresário angolano tem na Newshold, dono do semanário “Sol” e do diário “i”.

A Score Media publica o semanário económico angolano “Expansão”, que foi editado a partir de Lisboa com a colaboração do “Económico”, e a revista “Estratégia”. Raul Vaz, director do “Económico”, e António Costa, o seu antecessor no lugar, foram ambos consultores do “Expansão” e da “Estratégia”, datando dessa altura o seu relacionamento com Vunge. O “Económico” poderia assim ser o novo parceiro estratégico do semanário económico “Mercado”, em substituição do “Diário de Notícias”.

O Novo Banco, principal credor do “Económico”, já informou Nuno Vasconcelos, patrão da Ongoing, que a solução para o grupo terá de ser encontrada antes da privatização do banco. Se a Ongoing não avançar com a reestruturação, o Novo Banco ameaça com a execução dos seus créditos e com a tomada do controlo do “Económico”, tendo em vista a sua posterior alienação. Também o Millennium bcp, o outro banco credor, já ameaçou executar as garantias que lhe foram prestadas, se uma solução para o grupo não for encontrada até ao final do mês. No Montepio Geral, um eventual default da Ongoing provocaria um rombo de 70 milhões de euros.